Txai Suruí na COP26
Leia a íntegra do discurso da jovem ativista indígena e confira também a entrevista dela para a AJN.
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Walelasoetxeige Suruí, conhecida como Txai Suruí, tem 24 anos e mora no estado de Rondônia, Brasil. É do povo Paiter Suruí e fundadora do Movimento da Juventude Indígena no estado. Txai é estudante de Direito e trabalha no departamento jurídico da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, entidade considerada referência em assuntos relacionados à causa indígena. Ela foi a única Indígena a discursar hoje na abertura oficial da Conferência do Clima.
Leia o discurso de Txai Suruí na íntegra:
Meu nome é Txai Suruí, eu tenho só 24, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores.
Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo.
Uma companheira disse: vamos continuar pensando que com pomadas e analgésicos os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que amanhã a ferida será maior e mais profunda?
Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais.
Não é 2030 ou 2050, é agora!
Enquanto vocês estão fechando os olhos para a realidade, o guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo de infância, foi assassinado por proteger a natureza.
Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o fim do mundo.
Vamos frear as emissões de promessas mentirosas e irresponsáveis; vamos acabar com a poluição das palavras vazias, e vamos lutar por um futuro e um presente habitáveis.
É necessário sempre acreditar que o sonho é possível.
Que a nossa utopia seja um futuro na Terra.
Obrigada!
Após sua fala, Txai Suruí conversou com Luciano Frontelle, jovem da rede da Agência Jovem que está em Glasgow para a cobertura educomunicativa da COP26. Em vídeo, a ativista contou que foi difícil preparar seu discurso e levantou alguns pontos importantes sobre o papel central dos povos originários na luta pela preservação do meio ambiente:
Txai Suruí: O que faltou ainda falar durante esse tempo, foi trazer um pouco mais da realidade dos povos indígenas que estão sofrendo, de toda a violência que a gente está sofrendo, e trazer um pouco mais da luta e das soluções que nós temos. Por que, além de toda a luta que a gente travapela proteção dos nossos territórios, pela proteção da floresta, nós tembém temos as soluções climáticas pra isso, soluções sustentáveis, que já existem plenamente e que os povos indígenas têm. Falar um pouco da sabedoria tradicional dos povos indígenas na busca pela harmonia climática.
Luciano Frontelle: E o que as pessoas no Brasil podem fazer pra ajudar?
Txai Suruí: As pessoas no Brasil, elas devem apoiar a nossa causa, apoiar nossas organizações, repercutir tudo o que está acontecendo aqui, apoiar a fala dos brasileiros, dos ativistas que estão aqui lutando pela justiça climática e também, os brasileiros deviam falar mais sobre as mudanças climáticas. Mudanças climáticas deveriam ser uma pauta que deveria chegar a todos os lugares, deveria ser acessível a todo mundo, porque todo mundo vai sofrer com isso.

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[…] Suruí, a close friend of Ari and an Indigenous activist from Rondônia, honored his memory during her speech at the COP26 climate summit in Glasgow, Scotland. “As you close your eyes to reality, the defender of the land Ari […]
[…] jovem ativista T’xai Suruí, do povo Paiter Suruí, falou sobre isso em seu discurso na Conferência do Clima de 2021, na Escócia. Em seu apelo, lembrou que “os povos indígenas estão na linha de frente da […]