Todo dia é dia de Aymberê! Viva a Luta dos Povos Originários!
A data, celebrada por todo o país, manifesta a importância da luta antirracista dos povos originários e nos mantém atentos como população, para o combate da herança colonizadora sob nosso país.
Por Thaynara Floriano, da redação
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O 20 de janeiro é marcado, na história dos povos indígenas do Brasil, pela morte do guerreiro Aymberê, liderança da Confederação dos Tamoios e grande marco na luta e resistência dos povos originários contra invasores de Pindorama (Nome dado ao Brasil pelos povos originários), que tinham como objetivo a exploração de terras e escravidão dos indígenas.
Considerado o primeiro herói nacional, Aymberê se destacou ao mobilizar indígenas de várias etnias no século XVI contra o inimigo comum: os portugueses. Filho do Cacique Kairuçu, Aymberê foi aprisionado com seu pai e trazido a São Paulo de Piratininga, para servir de escravo nas fazendas do então governador Brás Cubas. Após conseguir se libertar, Aymberê libertou seus companheiros de fazenda e seguiu para várias aldeias, incentivando a resistência indígena contra violência portuguesa.
Esse trabalho resultou na união de mais de 7 povos indígenas das regiões onde hoje estão os estados do Rio de Janeiro e São Paulo – há relatos de indígenas vindo de também das regiões que hoje são Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia para compor a resistência.
Essa história, como tantas outras, revela a força dos povos originários na defesa de seus territórios, modo de vida e dignidade, e a resistência ao comportamento colonial que até hoje continua tentando apagar sua cidadania.
Em 2013, a data foi oficialmente lançada no Brasil como Dia Nacional da Consciência Indígena – uma homenagem ao guerreiro Aymberê. Lembrar essa história mostra que não desistimos e continuaremos, não só no 20 de janeiro mas todos os dias, lutando por qualidade de vida e o direito fundamental que os povos originários têm de serem quem são.
Essa luta deve ser uma luta de todos!
Para refletirmos sobre essa data e tudo o que ela representa, trago uma lista de 5 mentiras que devemos parar de propagar quando nos referimos aos povos indígenas:
1- “PEDRO ÁLVARES CABRAL DESCOBRIU O BRASIL”
Tudo que aprendemos na escola durante as aulas de história faz parte de uma construção eurocêntrica. Nela, indígenas aceitam trocar ouro por espelho por serem inferiores, menos inteligentes que europeus, e por isso acabaram ‘se perdendo’ dentro da sua própria cultura. Essa mentira encobre anos de violência, exploração, expropriação de terra e violação de direitos que são a base da luta contra a violência aos povos originários.
As terras brasileiras já eram povoadas pelos povos originários. Tudo que acontece a partir da chegada das navegações europeias, é violência e violação de direitos.
2- “INDÍGENA NÃO PODE TER CELULAR” OU “TEM QUE USAR ROUPA NORMAL”
Não aceitar que uma pessoa indígena esteja inserida na sociedade, que possa usar as roupas que quiser, andar de metrô, usar internet ou ter celular é desejar que essas pessoas estejam sempre à margem da sociedade, e continuar perpetuando preconceitos a fim de classificar quem de fato são os verdadeiros indígenas, e isso nada mais é que racismo.
3- “INDÍGENAS SÃO ATRASADOS”
É um erro grave medir a forma de vida dos povos indígenas a partir da nossa forma de vida. A sua tecnologia, ciência, poesia, e até a sua forma de se alimentar e cuidar das pessoas está baseada em saberes diferentes, cultivados por ancestralidade e outras formas não eurocêntricas de pensar e se organizar como sociedade. Errado é acreditar que estamos mais evoluídos quando estamos matando a terra. Sabemos bem que só o que pode salvar é o respeito que os povos indígenas têm por nosso planeta.
4- “SÃO ÍNDIOS”
O termo é considerado racista e colonialista, e está associado a uma ideia de atraso tecnológico, primitivismo e canibalismo, além de generalizar todos os povos originários, sem distinção das suas diferenças. Já a palavra “indígena” significa “nativo”, “original de um lugar”, ou “aquele que está ali antes de todos os outros” e é o termo com o qual indígenas se identificam.
5- “INDÍGENAS SÃO PREGUIÇOSOS E NÃO QUEREM TRABALHAR”
Durante a invasão e a colonização, indígenas foram escravizados e forçados a trabalhar para os colonizadores. Ao resistirem, em proteção a sua dignidade e sabedoria, por suas terras e forma de vida, foram considerados preguiçosos e selvagens. A disseminação da mão de obra escrava negra reforçou esse estereótipo sobre os indígenas, contribuindo para a disseminação de preconceitos com quem tanto trabalha pelas terras brasileiras.
Quer saber mais? Comece pelas referências que eu usei:
5 erros sobre os povos indígenas que você precisa abandonar – Blog | Clube Quindim
As 10 mentiras mais contadas sobre os indígenas | Gesta
Povos indígenas do Brasil — Portal da Câmara dos Deputados
20 de janeiro é o dia da consciência indígena – Agência Jovem de Notícias