Sobre o Dia Nacional da Democracia

Como a nossa democracia se formou e quais as nossas  possibilidades de resistência. 

Por Karen Rodrigues

O QUE É DEMOCRACIA?

Quando tentamos definir democracia surgem diversos conceitos, desde aqueles de origem grega até os tempos atuais. Alguns dizem que pode-se definir a democracia como a maioria decide no momento de alguma escolha – o que é coerente e importante, mas não define tudo. Já outros definiram, de forma simples, democracia como o governo do povo – o que também não é uma definição completa.

Como lidamos com diversas culturas, experiências e divergências, o conceito de democracia se torna pouco assertivo na medida em que nos dedicamos a explorá-lo. Assim, é válido considerar que as democracias se apresentam em vários graus diferentes de desenvolvimento, desde aquelas com características autoritárias até as democracias mais desenvolvidas. 

Pensando de forma mais ampla, a qual se torna possível atingir a massa. Podemos pensar na luta política que o Corinthians traçou, desde o tempo das diretas já, tendo a atuação de nomes como: Sócrates, Wladimir e Casagrande. Entre os anos de 1982 a 1983, se deu a famosa Democracia Corintiana, onde não havia nenhum integrante do clube, de roupeiro ao presidente com poder de voto maior que o outro: todas as decisões do time eram tomadas de maneira democrática. Isso dentro do clube, fora dele, no campo, por exemplo, o Corinthians reacendeu a massa na luta pela liberdade e o fim do regime ditador. 

Hoje em todos os protestos FORA BOLSONARO a torcida corintiana se fez presente e não só ela, a torcida do Palmeiras por exemplo, em prol de uma luta coletiva, pela liberdade de todos. O Corinthians, conhecido como o time do povo, talvez seja o maior exemplo e conceito do que se trata uma real democracia.

Foto: Irmo Celso/Placar

DITADURA MILITAR NO BRASIL

Como você pode imaginar, para falar sobre a ditadura, requer um grande espaço (que não caberia nesse texto) devido à importância que o regime ocupou e seus efeitos na sociedade brasileira. Mas, de forma resumida, a ditadura militar durou 21 anos, teve 5 mandatos militares e instituiu 17 atos institucionais. Um período em que houve restrição à liberdade, repressão aos opositores do regime e censura. Por meio dos atos institucionais, foi permitido que militares atuassem de maneira autoritária. O mais famoso dos  atos institucionais, foi o AI-5 – o mais rígido e o responsável por iniciar o período mais rígido da ditadura.

Em outubro de 1975 em meio a todas as situações que feriam os direitos humanos, Vladimir Herzog, o Vlado, professor, cineasta e jornalista foi chamado para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ao chegar no local foi encapuzado e torturado como muitos outros presos políticos, e foi morto no dia 25 de outubro.

Escolhido para dirigir a TV Cultura, Vlado traçava uma carreira e vida de luta política através da educação, notícias e denúncias em território brasileiro. Será eternamente lembrado por sua luta pela democracia.

Durante os 21 anos de regime, os militares enfrentaram  uma forte oposição na sociedade. A oposição que surgia através da política, da arte, do esporte e em outros setores. Como uma das poucas formas de resistência possível, muitos opositores lançaram-se na luta armada, pois não tinham liberdade para manifestar sua oposição aos militares de forma alguma. Alguns dos nomes que se destacam na liderança da luta armada foram Carlos Marighella e Carlos Lamarca

Tal regime teve como consequência: 

  • 434 mortos;
  • Mais de 8 mil indígenas mortos pela política de ocupação da Amazônia;
  • 20 mil torturados;
  • Quase cinco mil pessoas com direitos políticos cassados;
  • Aumento da corrupção;
  • Redução nos direitos dos trabalhadores;
  • Aumento da desigualdade social;
  • Aumento do endividamento do Brasil;
  • Inflação alta e crise econômica.

Todas essas consequências são marcas da nossa história e a sociedade precisa assumi-las para diminuir seus impactos sobre a sociedade.

DEMOCRACIA EM VERTIGEM E O BRASIL NOS DIAS ATUAIS

Pensando que já vivemos uma ditadura militar, quais seriam as possibilidades de termos nossa democracia atual em um formato colapsado e em risco?

Para falar sobre nossa atual democracia, vamos tomar como ponto de partida o filme indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Longa Metragem, Democracia em Vertigem, que acompanha a história do impeachment de Dilma Rousseff e do julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva.

Com um tom de suspense, o documentário se apresenta como um alerta para outras democracias do mundo e, com acesso privilegiado a Dilma, Lula, Bolsonaro e outros políticos importantes, Petra Costa entrelaça sua vida pessoal e o contexto político para narrar um momento decisivo da história recente do Brasil. Em uma sucessão de eventos que se assemelha a um filme de suspense, o documentário captura intimamente os três presidentes enquanto eles lutam por suas vidas políticas, além de mostrar o dano colateral que essa luta teve sobre a democracia nos trouxe danos colaterais e talvez irreversíveis para uma luta condizente com “Democracia”.

Se entendermos  democracia como “a voz do povo”, no atual governo estamos vivendo uma democracia ou estamos prestes a vivenciar um golpe efetivado? Bom, pensando em relações internacionais e democracias, provavelmente seja difícil a concretização de um golpe. Para que seja sustentado, é necessário apoio de outros países e, pensando acerca das relações que o Brasil mantém, isso talvez não seja possível – pelo menos na minha análise.

A eleição de Bolsonaro como um todo se baseou em efeitos colaterais do ódio ao PT e, o uso das redes sociais ao seu favor com grandes efeitos através de fake news. Nos últimos tempos, com a perda da sua popularidade, o presidente tem recorrido à ultradireita a fim de manter seu mandato da forma mais radical possível – e boa parte dessa radicalização repercute na mídia e nas redes.

As redes têm grande papel em toda essa movimentação, e são importantes para reverter o limbo da crise de representatividade de voto. E há quem defenda que um político deve compreender que, para dialogar com novos grupos de manifestantes e com jovens que estão nas ruas, seja necessário também manter presença nas redes, que representam uma nova movimentação de voz política.

RICARDO MORAES

Para quem quiser estudar um pouco mais e entender melhor o campo político, deixo algumas das minhas referências de estudos mais aprofundados não só sobre democracia, mas para entender nossa política e sobre como podemos resistir em tempos difíceis:

  1. Como morrem as democracias? A história real da democracia no capitalismo
  2. ÓDIO COMO POLÍTICA
  3. COMO NASCE E MORRE O FASCISMO
  4. “D” de Democracia | Glossário 001
  5. “D” de Ditadura do proletariado | Glossário 009
  6. Democracia Corinthiana
Reprodução CTB

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