Saiba como aproveitar as férias viajando (quase) de graça

O Couchsurfing é uma comunidade de troca de experiências de vida, gentilezas e acolhimento através de hospedagem oferecida gratuitamente. Você entra para a comunidade através do cadastro no site. Eu sou membro do CS (apelido carinhoso do CouchSurfing) desde 2010, nunca precisei utilizar a rede para conseguir hospedagem, mas já hospedei através do CS e foi muito legal!

O CS deu seus primeiros passos em 1999, mas rolou uma rasteira na história, perderam o banco de dados e se reergueram a partir de 2004, tendo hoje mais de 10 milhões de membros em 200 mil cidades de 180 países.

Mas, mais comum do que o CS é a comunidade online de compartilhamento de caronas, o Blablacar. Parece que é mais fácil e confiável pra galera oferecer e pegar carona com alguém que você nunca viu antes, do que receber ou se hospedar na casa de um desconhecido, ou “um amigo que você ainda não conhece”, como os Couchsurfers (nome dado aos membros da comunidade) costumam dizer.

O Blablacar começou em 2003 e hoje tem mais de 35 milhões de membros. Composta por condutores e viajantes que compartilham as suas viagens de carro, a proposta da comunidade é reduzir as despesas e criar uma forma alternativa de viajar. Você pode se tornar um membro se cadastrando pelo site, ou baixando o aplicativo.


Eu conheci o Blablacar na segunda semana de janeiro de 2017 e já viajei quatro vezes! Fui do Sana para o Rio, do Rio pra São Paulo, voltei de São Paulo pro Rio e de lá retornei pra Vitória, no Espírito Santo, minha cidade.

É natural ficar apreensivo na primeira experiência, mas, no meu caso, quem ficou foram meus pais! Eu tava “de boa”, porque o Blablacar oferece vários dispositivos de segurança e minhas viagens foram, de fato, muito tranquilas e divertidas – menos uma em que o carro não tinha ar condicionado e partimos bem na hora do almoço, morrendo de calor e sem poder comer pra não atrasar muito. No entanto, fui do Rio pra São Paulo por apenas 57 reais! A passagem mais barata de ônibus seria R$ 91,30. Fui feliz da vida!

Fabiana Elizabeth Silva, a Bia, tem 37 anos e atualmente vive de freelas em Segurança da Informação. Ela me acompanhou até São Paulo e contou que já é membro do Blablacar desde o final de 2015, mas só começou a usar em 2016. Conheceu a plataforma através de um amigo, assim como eu, e já fez “umas 15 viagens”!

Para Bia, os pontos positivos são o valor e a praticidade, o carro não para tanto quanto o ônibus e isso ajuda. Em compensação, ela disse não se sentir muito segura quando tem que viajar sozinha com o condutor e aconselha evitar essa situação – dá pra saber pelo site ou aplicativo quantas pessoas estão indo no carro.

Caso a situação seja inevitável, nesse e mesmo nos casos em que estiver com outras caronas, as dicas da Bia são avaliar bem a condução do motorista e tentar não dormir até se sentir segura(o) com quem está conduzindo e com as demais pessoas no carro.

Eu dei a sorte de pegar condutores estreantes em três das minhas quatro viagens realizadas até agora, e o quarto já tinha 473 avaliações positivas – sim! Tem como avaliar! Tanto o condutor quanto os caronas. Eu priorizei carros que tivessem pelo menos outra mulher a bordo, deixo essa dica pras minas.

Para mulheres que queiram dar carona, também é possível escolher encher o carro só de calcinhas! Pode ser uma forma de garantir uma viagem segura, mas é provável que o nível de Blás aumente bastante, porque muitas de nós adoram conversar! Isso é outra coisa que dá pra pré-avaliar: no seu perfil do Blablacar você indica se o seu nível de conversa é Blá, Blablá, ou Blábláblá. Também é possível sinalizar se curte cigarro ou não, se topa viajar com animais ou não, entre outras coisas.

Quando cheguei em São Paulo, contatei os amigos que tinha hospedado na minha casa em Vitória pelo Couchsurfing, pra saber qual era a boa. É que os membros do CS costumam se encontrar regularmente nas cidades, nos chamados Meetings CS.

Em Vitória os encontros são semanais. Assim, quem está hospedando poder levar seus hóspedes pra conhecer os demais membros do CS, ou confraternizar com os conterrâneos. Na cidade capixaba ainda temos encontros que acontecem só em inglês, para praticarmos o idioma, mas a maioria das reuniões de confraternização conta com a presença de estrangeiros.

Os encontros são eventos muito legais para se manter em contato com diferentes culturas de todo o mundo, porque tanto o Couchsurfing quanto o Blablacar têm como objetivo tornar o mundo um lugar melhor e mais amigável, com menos barreiras entre as pessoas e mais compartilhamento de experiências.

O Couchsurfing, mais do que hospedagem gratuita, tem como valor proporcionar novas conexões, trocas de gentilezas e estímulo à curiosidade. Além disso, a comunidade incentiva seus membros a deixarem as coisas melhores do que como as encontraram. Depois, tanto quem hospeda como quem é hospedado recebem avaliações, para ajudar os próximos membros em suas escolhas.

O Blablacar também faz do mundo um lugar melhor para se viver, pois reduz o número de carros emitindo CO² através do incentivo ao compartilhamento de caronas. Já foram cerca de 1 milhão de toneladas de CO² poupadas só nos últimos 12 meses! Sem contar que o fato de se propor a dividir o carro e o caminho com pessoas que você, na maioria das vezes, ainda não conhece, pode promover encontros diversos, muitas vezes divertidos e até reencontros inesperados.

No meu caso, um querido colega de escola que eu não via desde a adolescência ofereceu uma carona do Rio pra Vitória pela comunidade. Sem ter certeza se era ele ou não, reservei a carona e descobri que meu condutor era mesmo o colega que eu já conhecia há quase duas décadas! O nome dele é Tiago Fernandes, estudamos juntos na Escola Técnica Federal do Espírito Santo (ETFES), atual IFES (Instituto Federal do ES)!

O Tiago tem 36 anos e é Engenheiro Civil, estava indo até Vitória visitar a família e quase que eu perco essa carona massa. Também era a estreia dele e, no início, por se sentir inseguro, Tiago postou uma carona e logo depois desistiu.

Com tantos exemplos negativos que vemos diariamente em nosso país, somos facilmente doutrinados a ‘ter medo de gente, pois gente pode te fazer muito mal’! Por isso, eu cheguei a cadastrar uma corrida antes do natal, mas tive receio e cancelei antes da data agendada”.

Ele acabou mudando de ideia depois de se familiarizar com o aplicativo e ver que existem vários gatilhos de segurança. Sorte a minha, porque a estréia do Tiago e nosso reencontro foi ótimo e ele ainda me deixou na porta de casa. Avaliei como “excelente”!

Eu já estava no Rio quando descobri o Blablacar e pra fazer todo o trajeto (Rio – São Paulo; São Paulo – Rio; Rio – Vitória) gastei 235 reais, mas poderia ter pago até 30 reais a menos se eu topasse outros horários. Fazendo esse mesmo trajeto de ônibus eu gastaria, no mínimo, R$ 333,05! De avião, nem se fala! No final, fiz uma economia de quase 100 reais.

Em todas as cidades visitadas, fiquei hospedada na casa de amigos sem pagar nada! O mesmo aconteceria se eu tivesse ficado na casa da galera pelo Couchsurfing.

Lembrando que é sempre bom estar de bom humor e ser tranquilo pra viajar de Blablacar e, de preferência, não ter um compromisso inadiável num prazo muito perto do horário previsto de chegada da carona, porque imprevistos acontecem.

E aí, vale ou não à pena? Espero que tenha se animado. Agora, pé na estrada!

Leandra Barros, 34 anos
Mulher. Preta. Cristã. Militante por Direitos Humanos. Jornalista. Bailarina. Poetisa. Roadie (a únicA do ES!). Documentarista. Conselheira em Sexualidade. Apresentadora. Produtora Cultural. Missionária. Fotógrafa. Microempresária. Editora. Modelo. Promoter. Repórter. Técnica Metalúrgica. Cenógrafa. Iluminadora. Mochileira. Radialista. Atriz amadora. Videomaker. Blogueira...

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