Romance Sáfico, Grécia Antiga e Poesia?
De Platão a Horácio, grandes mentes da história se renderam à beleza e à profundidade dos sentimentos que permeiam as poesias sáficas. Conheça Safo, a responsável por impactar as sociedades medievais e modernas com suas escritas românticas a homens e mulheres.
Por Duda Matias
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Hoje eu vou te contar a intrigante história de uma mulher que está por trás da origem das palavras “lésbica” e “Sáfico”, e você vai entender um pouquinho mais de como romance sáfico, Grécia Antiga e poesia se relacionam.
Safo, simplesmente uma das maiores poetisas de todos os tempos, se não a maior, foi uma mulher extraordinária. Nesse trecho abaixo, atribuído à Platão, dá para se ter noção do quanto ela realmente arrasava:
“Alguns dizem que as Musas são nove: que tolos são! Veja, existe Safo também, de Lesbos, a décima”.
Como se não bastasse ter o reconhecimento de Platão, a poeta também foi mencionada com grande admiração em um das Odes de Horácio, um dos maiores poetas líricos da Roma Antiga.
Safo segue sendo incrível até para os dias atuais. Seus trabalhos, que retratavam a verdadeira essência do amor, seja pela natureza, pela vida ou por alguém, independente de seu gênero ou orientação sexual, documentavam intensamente seus amores – platônicos ou não, por mulheres e homens -, ainda fazem leitores sentirem vividamente seus sofrimentos, suas percepções de vida e suas emoções.
A liberdade de ser quem é, se sentir como outro gênero, gostar de quem quiser foram assuntos bem presentes em suas obras, assim como a exaltação da mulher e da experiência de ser mulher.
Você já entendeu porque os romances são chamados de sáficos? rs
Além de seus trabalhos escritos, Safo foi uma integrante da alta sociedade de sua época. Fundou a primeira academia só para mulheres, onde ensinava sobre música, dança, poesia e arte, e ainda promovia a união entre elas. O amor e a paixão que essas mulheres experimentavam eram tão intensos que sua fama ecoou através dos séculos.
A influência de Safo e a origem da palavra “lésbica”
A palavra “Lésbica” tem sua origem no nome da Ilha de Lesbos, local onde a poeta nasceu, e ao longo da história, a poesia de Safo e a palavra “lésbica” foram vinculadas, criando uma conexão poderosa entre a expressão artística e a identidade sexual. E sim, até hoje as pessoas nascidas na Ilha de Lesbos são chamadas de lésbicas.
Em 2008 os moradores da Ilha de Lesbos foram à Justiça da Grécia para proibir que o termo “lésbica” fosse usado como sinônimo da homossexualidade feminina, alegando que a utilização da palavra com esse sentido insultava os habitantes da ilha. Entretanto, a corte de Atenas rejeitou o pedido.
Na Grécia Antiga, a homossexualidade não era algo que incomodava as pessoas. Porém, na Idade Média, quando a Igreja Católica impôs sua moralidade, a homossexualidade passou a ser vista como algo errado e então vários trabalhos de Safo, infelizmente, foram perdidos ou destruídos – uma questão da sociedade extremamente patriarcal da época. Por consequência, não se tem muitos registros confiáveis sobre a vida pessoal de Safo além do que foi citado aqui (grande poetisa, fundadora de uma academia de estudos para mulheres e criadora de textos românticos a homens e mulheres).
Mas ainda assim, Safo tornou-se um símbolo de liberdade, coragem e amor autêntico, sendo retratada em pinturas, cerâmicas e obras poéticas, além de abrir o debate sobre sexualidade, diversidade de gênero e desejo, principalmente, das mulheres. Safo é atemporal, transcende as limitações do tempo e deixa uma marca eterna na história.
“Sei que alguém no futuro também lembrará de nós” – Fragmento 147, de Safo
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