Uma resenha de O Pequeno Príncipe
O Pequeno Príncipe é um dos livros mais conhecidos no mundo, escrito por Saint-Exupéry e lançado em 1943 a obra conta com mais de 220 traduções, o seu enredo nos traz momentos de reflexão sobre a vida e nossa própria existência.
Por Gustavo Souza
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Embora o livro seja considerado por muitos como um conto infantil, ele retrata temas para qualquer idade, como amizade, solidão, paixão, perda e amor. São alguns dos sentimentos trabalhados na obra, nos levando a crer que qualquer pessoa tem pelo menos uma lição a aprender com o principezinho.
O contexto te leva a pensar sobre sua vida a partir da trajetória de outra pessoa, e o mais intrigante é que ela é uma criança. Em muitos momentos, você vai se identificar com o personagem e se questionar por que não se impôs em certas situações da vida ou até pontos mais profundos, como, por exemplo, onde você estaria se tivesse feito outras escolhas. Escolhas essas que te geraram perdas, porém sem elas, você não seria quem é hoje.
Lendo a obra fui levado à minha infância. Em muitos momentos, até vi a trajetória do pequeno príncipe em comparação com a minha. Quando o personagem se encontra com a raposa, com a cobra e com o contador, me remeteu a pessoas que encontrei na vida. Por mais que não entendesse o seu devido papel, de alguma forma elas me influenciaram a ser quem eu sou.
Uma das personagens mais marcantes do enredo é a ROSA, ela me lembrou a minha relação com meu primo Isaque que não está mais entre nós. Quando o príncipe faz um cercado para protegê-la, me lembrou o dia que ele me protegeu na escola após sofrer bullying. No entanto, a trama desse momento com a rosa não é o momento da proteção que o príncipe fez a ela e sim o da despedida, eu lembrei claramente quando fui avisado que meu primo tinha partido. A tristeza que me consome e, por muitos anos, pensar nesse assunto me travava. Porém, comecei a refletir e ver que não podia me culpar por algo que eu não tinha controle. A leitura da obra me fez pensar de como nos culpamos por coisas que não dependem de nós. Eu hoje jovem, já me culpei muito pelas escolhas que fiz ainda criança, e em diversos momentos reflito onde eu estaria se tivesse as tomado.
Uma consideração importante é como nos apegamos mais com o fim, ao invés dos momentos vividos. É confuso como na vida algo ruim sempre é predominante a um bom que você faz. Já dizia o ditado popular: “Podemos ter mil acertos, mas se tivermos um erro, ele sim será evidenciado”. Estamos cientes que na vida momentos de dor sempre existirão e como diz a própria rosa “é preciso suportar duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”, frase essa que se remete as fases da vida: a gente nasce, se torna criança, do nada nos tornamos adolescentes/jovens e quando menos esperamos, já somos adultos. Mas falando assim é muito fácil. Tudo fica complexo quando vivenciamos as fases reais da vida e temos que enfrentá-las.
Considerando que o Pequeno Príncipe vivia em um planeta só pra ele, e por isso era considerado um príncipe, imagine nós, que vivemos em uma imensa sociedade, com problemas sociais, injustiças, onde você é discriminado por ser quem é ou gostar de quem gosta e mesmo assim enfrentamos a vida de frente todos os dias, seríamos os reis e rainhas?
Após citar sobre tristeza e processos difíceis, vamos falar de AMOR?
E para essa fase romântica da resenha, te sugiro ouvir I will always love you da Whitney Houston durante a leitura.
É tão bom falar de alegria e momentos felizes né? Por isso trago um trecho que me tocou “O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.”. Definido como o sentimento mais lindo que existe, o amor é hoje pauta de guerra e desconfiança, é intrigante ver como as pessoas têm mais histórias amargas que doces para contar. Nesse trecho do livro refleti muito também sobre o que é amor, seja ele em amizade, família, relacionamento, e me nasceu um questionamento, como um sentimento tão puro pode ser facilmente tomado pelo medo, dor e até mesmo outros amores.
E aí surgiu uma palavra neste meu conceito todo, PRIORIDADE, o que você prioriza? Ser feliz? Ser amado? Ser influente? Ou apenas ser você?
Em um certo momento o personagem astrônomo fala que ninguém deu atenção a ele por seus trajes, e assim que ele entrou no padrão imposto pela sociedade, logo teve credibilidade, louco né? Em pensar que para sermos aceitos devemos muitas vezes deixar de ser quem somos, e detalhe, as vezes fazemos isso facilmente para encaixar num padrão. E você já pensou o porquê agimos assim? Porque nós negros temos que cortar nossos cabelos muitas vezes por uma oportunidade no mercado de trabalho? Porque muitas mulheres precisam omitir que têm filhos para não serem prejudicadas em um processo seletivo? Consegue notar como estamos em um sistema que automaticamente nos exclui por ser quem somos?
O Pequeno Príncipe é um livro que seus questionamentos ao lê-lo não serão sanados e acredito que seja sobre isso, nunca teremos respostas apenas lendo a teoria, e sim vivendo. Uma criança fictícia me ensinou como não ter medo do novo, não ter receio de questionar, pois às vezes, o temor nos cala.
E por último, praticar mais o amor próprio. Falamos e ouvimos tanto sobre ele, porém em alguns momentos, o colocamos na gaveta. Se ame, por mais que muitas vezes nos cobramos tanto e não enxergamos o porquê certas coisas aconteceram, passamos a entender que o “Essencial é Invisível aos olhos!”
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