Podcast sobre discriminação e preconceito feito por adolescentes de Codó

Entre os dias 2 e 6 de dezembro, cerca de 60 educadores sociais e 20 adolescentes das cidades de Timbiras e Codó, no interior do Maranhão, participaram de uma formação sobre direito humano à comunicação e educomunicação. O encontro foi realizado pela Plan Brasil, em parceria com a Viração. As duas organizações atuam na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Confira um dos áudios produzidos:

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  • Gilberto Martins, 47, agente administrativo, de Guarulhos (SP)

    “Como afrodescendente, sempre sofri os preconceitos típicos de nossa sociedade. Aos 13 anos, comecei trabalhar em uma padaria, onde a maior parte dos meus colegas me chamava de ‘negão’ ou ‘baiano’. Embora a forma de tratamento não fosse pejorativa em todas as ocasiões, sempre existia o duplo sentido típico dos eufemismos brasileiros. Aos 30, ao sair do trabalho, fui vítima de duas balas perdidas. Fiquei paraplégico, com três filhos pequenos para cuidar. Reagi, retomei os estudos e me formei em ciências econômicas. Nessa trajetória, sofri novos preconceitos, sim, mas também aprendi muito. Sair de casa ainda é uma aventura. Uma vez, a roda dianteira de minha cadeira encaixou em um buraco e a parte emborrachada desencaixou, impedindo-me de prossegu. Ao pedir ajuda a um senhor, ele me respondeu rispidamente: ‘Não tenho trocado, não, amigo’. Fiz questão de demonstrar que não queria o dinheiro dele, apenas precisava de ajuda. Ele ficou sem graça pela gafe e me ajudou. Hoje, o momento em que mais me sinto discriminado ainda é na condução pública intermunicipal. É frequente ser deixado no ponto com a desculpa de que o elevador está quebrado. Algumas vezes, fica evidente que o cobrador e/ou o motorista não sabem usar o equipamento, então dizem que quebrou. Há situações em que os passageiros reclamam da demora em embarcar o cadeirante, mas não me deixo desanimar com tais preconceitos, pois também encontro pessoas dispostas a ajudar ou que são gentis. Isso dá um pouco de alento e alguma esperança de que ainda temos chance de viver em uma sociedade melhor. Embora, muitas vezes, tenha a sensação de que nós, deficientes, somos invisíveis socialmente.”

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