Paralisação de mulheres se espalha pelo Brasil
Mulheres de 60 cidades brasileiras e de outros 57 países se mobilizaram nesse 8 de março. Foram paralisações, manifestações e intervenções por todo o mundo tratando da desigualdade de gênero, de feminismo e da violência contra a mulher, compondo o movimento da Greve Internacional das Mulheres.
No Brasil, foram levantadas pautas como a legalização do aborto, o alto índice de feminicídios e a Reforma da Previdência que, entre outras mudanças, pretende igualar o tempo de contribuição para aposentadoria de homens e mulheres, ignorando a dupla jornada feminina.
O presidente brasileiro não eleito, Michel Temer, discursou sobre a data em um evento dedicado a comemoração do Dia Internacional da Mulher, em Brasília, desconsiderando as principais pautas do movimento. “Tenho plena convicção do que a mulher faz pelo lar”, declarou, restringindo a atuação feminina ao trabalho doméstico.
As mulheres, contudo, responderam à altura durante as mobilizações pelo país, lutando por seus direitos. Confira como foram algumas das manifestações no Brasil:
São Paulo (SP)

Em São Paulo, as programações para o Dia Internacional da Mulher foram diversificadas. Universidades, centros culturais, organizações sociais e movimentos sociais convocaram mesas de debate, palestras e mostras culturais femininas, além da manifestação nas ruas.


Nas ruas, as mulheres se concentraram em dois locais. Na Praça da Sé, marco zero da cidade, e na Avenida Paulista. As duas marchas se encontraram na Av. Brigadeiro Luís Antônio, formando uma multidão de dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria mulheres, com bandeiras predominantemente roxas, mas também vermelhas, rosas e pretas.


Participaram do evento sindicalistas, membras de coletivos e organizações, militantes e feministas independentes. Uma delas é Rosane Soares, de 50 anos. “Eu sempre venho ao ato do 8 de março, pois é um dia simbólico que expressa a luta das mulheres contra o capitalismo e reivindicações atuais”.



Dentre as principais pautas levantadas estavam o fim da Reforma da Previdência, a legalização do aborto, o combate ao feminicídio e à violência contra a mulher, o fim do assédio sexual, a liberdade de escolha, a diversidade de gênero, os direitos das mulheres indígenas, negras, mães, e a saída de Michel Temer da presidência.


A manifestação também se juntou ao ato do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, que reivindicavam maior fiscalização do sistema previdenciário e cobrança dos devedores.

Rio de Janeiro (RJ)

No Rio, as mulheres estão se reunindo desde o início do mês para discussão de pautas feministas. No dia 8, cerca de 10 mil delas se concentraram na Candelária e seguiram pela Av. Rio Branco, até a Cinelândia, com o lema “Nem uma a Menos! Contra a Reforma da Previdência e Trabalhista”.


O ato terminou na praça XV, com uma intervenção contra a violência de gênero e a leitura do manifesto da greve internacional das mulheres, encerrando de maneira emocionante. “Nós somos invencíveis. Nós estamos em todos os lugares, em cada esquina ou canto do mundo”.


Vitória (ES)

Convocadas por Facebook, cerca de 500 mulheres confirmaram presença no evento da marcha do 8 de março em Vitória. O ato ocorreu pela manhã e partiu da Praça Oito, no centro da capital capixaba.

As participantes vestiam lilás e vermelho, majoritariamente, e lutavam pela equidade de gênero com reivindicações gerais como a legalização do aborto, o fim do feminicídio e da violência contra a mulher, e a igualdade salarial. Além disso, pautas nacionais e locais fizeram parte da agenda, como a saída de Michel Temer e o fim da Reforma da Previdência, a saída do governador capixaba do cargo e o pagamento de salários aos servidores públicos do estado.



Sindicatos, movimentos sociais e coletivos feministas participaram em um ato aliado à greve internacional das mulheres.

Em manifesto, elas declararam: “Paramos porque a desigualdade entre homens e mulheres não é natural! Paramos pela falta de políticas públicas para as mulheres! Paramos porque a mídia capixaba não nos respeita! Paramos porque nosso trabalho é desvalorizado e inferiorizado! Paramos porque estamos sendo mortas! Paramos porque nosso direitos estão sendo retirados! Paramos porque nossa luta é internacional!”

Recife (PE)

Mulheres pernambucanas se juntaram ao movimento internacional da paralisação feminina no dia 8 de março. Em Recife, elas se juntaram na Praça 13 de Maio para marchar nas ruas contra a desigualdade de gênero.

Pessoas de todas as idades, cores e gênero participaram, reivindicando o fim do feminicídio e da violência contra a mulher com o lema “Nem Uma a Menos”.
Manaus (AM)

A programação do Dia Internacional da Mulher em Manaus começou antes do sol raiar. Às 4h30 da manhã, mulheres do distrito industrial fizeram greve pela reivindicação de seus direitos trabalhistas e do fim da Reforma da Previdência.

À tarde, elas se reuniram na Praça da Saudade, no centro da cidade, e saíram em manifestação que contou com intervenções de rap, baque, maracatu e roda de ativismo.

Suas reivindicações, assim como as outras cidades, eram pelo fim da violência contra as mulheres e pela equidade de gênero.

Cuiabá (MT)
Em Cuiabá, as mulheres se concentraram na Praça Ipiranga para a marcha do Dia Internacional da Mulher. O estado é um dos recordistas em casos de violência contra a mulher, com mais de 43 mil ocorrências denunciadas no ano passado. Por isso, essa foi uma das principais pautas.

Durante a marcha, as manifestantes realizaram uma performance para evocar o espírito das mulheres que sofreram violência e dar força a elas.

Dentre as participantes havia sindicalistas, membros de movimentos estudantis e feministas.
Brasília (DF)

Na capital do país, as mulheres também se manifestaram. Em frente ao Congresso Nacional, elas gritaram “Fora Temer”, pelo fim da Reforma da Previdência, além de pautas relacionadas a equidade de gênero mais tradicionais.
Florianópolis (SC)

“Somos mulheres. Somos mães. Sem nosso papel social e político, a sociedade não se sustenta. E a despeito disso, somos vistas como sujeitos de segunda ordem, sem representatividade, sem autonomia, sem voz, cujo corpo todos se apropriam, violentam, assediam. Voltamo-nos agora contra esta lógica nociva, que nos oprime, nos vulnerabiliza, nos esmaga, nos violenta. Eis nosso manifesto.”
As mulheres de Santa Catarina aderiram à Greve Mundial das Mulheres dando enfoque aos direitos das mães no Brasil. Pediam o fim da naturalização da maternidade, a inserção das crianças e mães nos espaços públicos, a enfatização da divisão do trabalho em casa, o fim da Reforma trabalhista e previdenciária, o fim da violência obstetrícia, a legalização do aborto, entre outros direitos relacionados à maternidade.

Em Florianópolis, elas organizaram uma longa programação cultural e política no Largo da Alfândega, com exposição de filmes de mulheres, oficinas de dança e outras atividades. Também marcharam nas ruas pela equidade de gênero.
Porto Alegre (RS)

Em Porto Alegre, as mulheres caminharam por quase 8km reivindicando direitos e equidade de gênero. Elas pediam pelo fim da violência contra a mulher e o feminicídio, a legalização do aborto, igualdade salarial e direitos trabalhistas.
