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Para entender a pandemia

Alguns dos principais pontos para entender a pandemia do novo coronavírus no Brasil e no mundo passam por conceitos de biologia e matemática que aprendemos na escola.

Por Flávio Moraes | Ilustrações: Luiza Gianesella


A recente epidemia causada pelo novo coronavírus nos afeta de muitas maneiras, e uma delas é despertando um desejo por informações que nos ajudem a compreender o que está acontecendo, quais são as projeções futuras, o que podemos fazer e como devemos nos comportar.

Porém, em uma situação tão única como essa, é natural que existam diversas notícias e fontes de informações contraditórias, e saber o que é verdade, o que é falso e em quem podemos confiar parece difícil. Mais uma vez, nós dependemos da opinião de especialistas e, por isso, é muito importante o trabalho de profissionais como o Dr. Atila Iamarino e o Dr. Drauzio Varella.

Quando especialistas como eles falam de forma acessível sobre a ciência, nós nos tornamos mais capazes de compreender a situação e desenvolver uma opinião própria e embasada.

Por esse motivo, nós decidimos nos juntar e criar uma série de artigos para explicar, de forma didática, aquilo que você precisa saber para entender os dados a respeito da pandemia.

Vamos abordar desde coisas mais básicas como o porquê das curvas nos gráficos serem como são até coisas mais sofisticadas, como, por exemplo, qual é o efeito da subnotificação e o que podemos prever sobre a evolução da doença no Brasil.

Em alguns momentos, vamos falar de matemática, e até colocar umas fórmulas – mas elas sempre vão ter relação com assuntos concretos, do dia-a-dia, e entendê-las pode ajudar você não só a compreender melhor os dados sobre o coronavírus como, também, aquela matéria na escola que não entra na sua cabeça. Topa?

Vamos entender agora o motivo dos casos de coronavírus ser representado por uma equação exponencial e não outra equação qualquer. A questão aqui é que quanto mais pessoas têm o vírus, mais rápido o vírus se espalha. Então, não importa se o primeiro caso foi há uma semana e temos 5 infectados ou se foi há um mês e mil pessoas estão doentes, o tempo que o número de casos leva para dobrar é o mesmo (se 5 pessoas levam 3 dias para infectar mais 5 pessoas, então mil pessoas também levam 3 dias para infectar mais mil pessoas). E esse comportamento é exclusivo de uma curva exponencial.

Esse gráfico representa dois tipos de crescimento: o linear e o exponencial. No crescimento linear o número de casos aumenta em 1 a cada três dias, enquanto no exponencial ele dobra a cada três dias. Embora no começo as duas curvas fiquem próximas, é fácil perceber que o caso exponencial cresce muito mais rápido.

Mas será que isso quer dizer que o número de casos vai continuar crescendo exponencialmente até que todos estejam infectados? A resposta é não, porque, até onde sabemos, uma pessoa que já foi infectada com o vírus e se recuperou não pode se infectar novamente, pelo menos por um determinado tempo. Isso faz com que, com o tempo, cada vez menos pessoas sejam vulneráveis ao vírus que não consegue encontrar novos hospedeiros e continuar se espalhando. Uma vacina teria um efeito parecido, mas isso nós vamos ver na semana que vem.

Outra forma de frear o espalhamento do vírus é através de medidas como o isolamento social e os cuidados de higiene, como uso de máscara, álcool em gel e o hábito de lavarmos bem as mãos.

No próximo artigo, vamos falar sobre o famoso “achatamento da curva”,  para entendermos o que ele significa, como ele é possível e qual a sua importância para ajudar a conter a pandemia.

Se você quiser saber mais sobre funções exponenciais, pode assistir essa vídeo-aula da professora Angela Correia e, sobre potencial biótico, essa do professor Dorival Filho.

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