Os esquecidos da saúde mental na pandemia e nas políticas públicas
Como a falta de ações afirmativas afeta a saúde mental da população brasileira, em especial de jovens e mulheres, deixando-as esquecidas às margens dos problemas comportamentais e sociais.
Por Mariana Nunes Santos Gomes
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Ações afirmativas acerca da saúde mental são esquecidas e mal desenvolvidas nos pacotes das políticas públicas. Os esquecidos da saúde mental são as grandes parcelas de jovens e mulheres que, durante a pandemia, desenvolveram transtornos cognitivos e comportamentais no isolamento social.
Segundo a matéria da Folha de São Paulo da colunista Cláudia Collucci: Jovens e mulheres são os mais afetados por depressão e ansiedade na pandemia, Pesquisa Datafolha mostra que 44% dos brasileiros enfrentam problemas emocionais; busca no Google por ansiedade bate recorde, pesquisas demonstram o aumento dos problemas e a falta de serviços nas comunidades e grupos mais vulneráveis.
De acordo com a matéria, a maioria das unidades de saúde no Brasil não possuem atendimentos especializados em saúde emocional e o medo do preconceito intensifica o distanciamento à procura dos tratamentos.
Assim, por um lado temos jovens e mulheres sofrendo com os seus conflitos socioemocionais e, do outro lado, temos psicólogos fora do mercado de trabalho incluídos nas estatísticas de brasileiros com ansiedade e depressão. Será que há uma solução para esta problemática?

Estigmas
Durante muitos anos, a saúde mental foi referenciada à tratamento de “loucos” e internações em “hospícios” denominados de manicômios. Esses antigos modelos de atendimento se dispuseram da segregação social marcada pela falta de acesso a direitos humanos básicos e pela hostilidade aos pacientes, que eram internados nesses lugares.
As políticas de saúde mental desses espaços foram revogadas, dando vez aos Centros de Atenção Psicossocial e às casas de acolhimento.
Quem não lembra do livro o Alienista, de Machado de Assis?
A sociedade utilizava de internações compulsórias para oprimir, silenciar, diminuir a autoestima e a estabilidade emocional de mulheres e jovens, inclusive as portadoras de deficiências, distanciando-os das relações sociais e fortalecendo o preconceito, referente aos cuidados da mente humana.
Autoestima e Soluções
Com a pandemia, estamos presenciando o reconhecimento da existência de problemas socioemocionais e a busca por entender as raízes deles.
As mulheres vêm tendo sua autoestima muito afetada pela dinâmica das redes sociais, e o uso excessivo desses canais durante a pandemia aumenta a baixa autoestima, principalmente entre meninas e mulheres de 15 a 29 anos.
As barreiras dos estigmas e da falta de ações governamentais, levam as pessoas aos esgotamentos emocionais. Diante desse contexto, se faz necessária a criação de novos centros de apoio, a adoção de novos modelos de vida e atribuições trabalhistas que prezem a saúde física e emocional com a presença de profissionais adequados como psicólogos e assistentes sociais.
É necessário que nossa sociedade se adapte às novas formas de vida pós-pandemia através do oferecimento de condições dignas às mulheres e jovens, autoestima social e qualidade de vida, adentrando nas comunidades e grupos periféricos e coletivos para fortalecer as redes de apoio e territórios da saúde mental.
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