Opinião: Por que a COP 27 é tão importante para o Brasil e para o mundo?
Já parou para pensar em como as mudanças climáticas afetam você, seu vizinho, sua comunidade e todos ao seu redor? Basta um clique na internet e pronto: vem uma chuva de notícias sobre como o planeta está passando por tantos apuros. Na minha coluna deste mês, falo um pouco sobre a COP 27, trazendo um ponto de vista sobre a sua importância mundial.
Por Marcela de Souza Rabelo
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Entre 6 e 18 de Novembro deste ano aconteceu a COP27, uma conferência anual, organizada pela ONU – Organização das Nações Unidas, para abordar o tema tão alarmante que é a emissão de gases do efeito estufa e as consequentes mudanças climáticas. Para tanto, governos e empresas precisam se empenhar em atingir os objetivos e metas definidos durante a conferência – esse é o ponto principal da reunião. Todavia, a COP 27 vai além de aspectos políticos e econômicos, visto que a cultura e a sociedade também são partes envolvidas – mesmo que indiretamente – e que, via de regra, representam as parcelas da população que mais sofrem com as consequências da emissão de GEE.
A COP deste ano é a edição número 27 e aconteceu no Egito, contando com a presença de representantes de muitos países. Mas a primeira COP aconteceu em 1995 na Alemanha. A partir de então, anualmente essas conferências vêm ocorrendo, promovendo negociações em prol de viabilizar medidas e pactos que são firmados entre os países e empresas que estão dispostos a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e promover melhores práticas sustentáveis – pelo menos em teoria.
Olhando para a linha do tempo, podemos perceber com clareza como a partir de meados do pico da industrialização, o globo começou demonstrar os efeitos da busca somente pelo crescimento, deixando de lado o que hoje busca-se como prioridade: a sustentabilidade.
Após tanto tempo, de produção sem consciência com o clima, fez-se notório como recentemente muitas empresas, senão sua maioria, adotaram o conceito de ESG, Revolução verde e o tripé da sustentabilidade, isto, para minimizar os efeitos negativos sobre o clima, além de transparecer maior confiança para a sociedade.
Mas ações, embora corrigidas, sempre trazem consequências. Como mencionado durante a COP27 pela Organização Meteorológica Mundial:
“As concentrações de CO2 na atmosfera são tão altas que a meta de 1,5°C é quase inatingível”
“Já é tarde demais para muitas geleiras, e o derretimento continuará por centenas, ou mesmo milhares de anos, o que terá grandes consequências no abastecimento de água”
“Sabemos que alguns desses desastres, como as inundações e o calor no Paquistão, as inundações e os ciclones no sul da África, o furacão Ian, as ondas de calor e a seca na Europa, não teriam sido tão graves se não fossem as mudanças climáticas”
“Em todo o nosso planeta, os recordes estão sendo quebrados, à medida que diferentes partes do sistema climático desmoronam”
Em suma, atividades humanas vêm contribuindo drasticamente para o aumento da temperatura no mundo, incêndios em florestas, secas em determinadas áreas, variação incomum do clima, escassez de água potável e muitas outras consequências. E como pode-se ver no Exploring Timelapse in Google Earth, uma ferramenta do Google que é capaz de mostrar as mudanças na Terra nos últimos 40 anos, todos nós estamos mudando o espaço em que vivemos muito mais rápido do que antes e, isso pode até ter resultados positivos de imediato, mas a longo prazo, será que é isso que iremos colher?
Olhando para o nosso cenário, vemos que o Brasil não fica para trás. Dados do Carbon Brief Clear on Climate indicam que, em 2021, o Brasil ocupava o 4° lugar na liberação de CO2, por fatores que vão desde irresponsabilidades ambientais e queima de combustível fóssil, mas também desmatamento, manuseio do solo e outras emissões decorrentes da pecuária brasileira. Não obstante, recentemente o IPEA anunciou que “O desequilíbrio da Amazônia se aproxima do ponto de não retorno”, o que colocará em risco não só as comunidades locais, como também o território nacional, além dos reflexos no cenário internacional.
Embora não vejamos todas as consequências das mudanças climáticas decorrentes da frequente emissão de gases do efeito estufa, sabemos que elas existem por vivenciarmos parte delas e, que com certeza virão à tona no futuro. Não se pode mudar uma ação do passado, porém, é possível fazer mudanças para que os mesmos erros não se repitam.
Por isso a COP 27, assim como as anteriores, tem uma única e forte importância: escancarar a gravidade da crise e apontar quanto tempo e quais as chances que ainda temos para fazer as mudanças necessárias para assegurar o futuro das próximas gerações.
As iniciativas e o cumprimento, por países e empresas, dos objetivos e metas estabelecidos são cruciais nessa trajetória, pois somos nós quem decidimos como tratar o planeta agora, para determinar como viveremos nele no futuro.
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Quer saber mais sobre tudo o que aconteceu na COP 27? Clique aqui e acesse os conteúdos da cobertura colaborativa da Conferência da ONU sobre o Clima na AJN.
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