Opinião | Devemos nos posicionar do lado correto da história e não ser apenas um espectador
Por Jimena Solano – traduzido por Daniele Savietto
Tenho 20 anos e estudo Direito na Universidade da Costa Rica. Estou participando pela primeira vez de uma COP, com a delegação da Costa Rica representando a Rede de Juventude e Mudanças Climáticas do meu país. Não tenho dúvidas de que a questão que reúne quase 200 nações em Madri seja o maior desafio que enfrentamos como humanidade; e, portanto, não é para menos a relevância para todos os cidadãos do mundo.
Eu venho da América Latina: a região diversa, desigual e vulnerável. Mas também é uma região com muitos recursos naturais, que nem sempre recebem os melhores cuidados e, em muitas ocasiões, são desperdiçados.
Como jovem e futura advogada, sinto-me extremamente privilegiada por fazer parte da Conferência, pois diferente de muitos latino-americanos, não tenho que lutar pela minha vida para sobreviver. Por esse motivo, a responsabilidade que recai sobre meus ombros e todos nós é muito importante, porque aqueles que tem voz e capacidade de influenciar em diferentes espaços, tem o dever moral de levar esse sofrimento e angústia à tomada de decisão, para enfrentar de forma eficiente todos os desafios que envolvem as mudanças climáticas.
No entanto, participei de várias reuniões, que servem de base às negociações, nas quais concluo que estamos imersos em um sistema altamente formalista e ineficiente. Um sistema que não se move na mesma velocidade do fenômeno que nos persegue. E aqui o papel da sociedade civil é essencial para pressionar uma mudança de vontade daqueles países que continuam a apresentar obstáculos para a tomada de decisões. Participar da Marcha Climática, realizada na sexta-feira dia 7 no centro da capital espanhola, mostrou-me a força e a determinação que nos caracterizam como humanidade, onde meio milhão de pessoas demonstrou que é um problema de vida ou morte, dos direitos humanos, dos jovens, dos povos indígenas, uma luta que merece uma solução imediata.
Quero acreditar que, além dos interesses políticos e econômicos dos respectivos países, existe um coração capaz de sentir empatia e agir de acordo com essa empatia. Caso contrário, nós, os jovens do mundo, sofreremos as consequências que poderiam ter sido evitadas se houvesse vontade política da parte dos negociadores e dos países que eles representam. É fato que após 24 cúpulas o progresso real é baixo e a urgência é palpável, intensificando-se cada vez mais rapidamente.
Com base nisso, líderes de todos os setores sociais devem emergir com a capacidade de despertar as consciências que permanecem adormecidas, sejam encorajados a serem atores de mudança, pois, sem dúvida, a esperança também é colocada em nós: cidadãos do mundo. De acordo com cada uma de nossas habilidades, devemos fazer parte e não esperar que outras pessoas tomem o bastão. Continuarei meu trabalho no campo das políticas estudantis e nacionais, no direito e no meio acadêmico, considerando as vozes daqueles que estão mais envolvidos nas questões em discussão. Vivemos em um momento crítico e é nosso dever estar do lado certo da história e deixar de ser apenas espectadores. A hora de agir é agora, você está conosco?