O VÍCIO E O LIVRE-ARBÍTRIO SÃO OPOSTOS

O Dia Mundial da Internet Segura, o dia a dia na internet e o uso de algoritmos a favor e contra nós.

Por Karen Rodrigues

É bem recorrente ouvir por aí que, sem internet, as pessoas não são e nem serão ninguém. Isso porque estamos praticamente “inseridos” 24 horas por dia em um aparelho conectado, navegando pela internet. Pois bem:  é na internet que  nos informamos sobre as notícias mais recentes do mundo, sabemos das fofocas, trabalhamos, estudamos, criamos laços. Basicamente, nossas vidas migraram para o modo hiperconectado do home office. Hoje, pouquíssimas coisas não são resolvidas online e, consequentemente, quase todos os nossos dados são armazenados na rede.

Com base nos últimos tempos e estudos, essa data – Dia da Internet Segura – chega a ter até um nome contraditório. Por exemplo: em 2018 o Facebook, ou melhor, a empresa Meta se envolveu no escândalo Cambridge Analytica, no qual as informações de 50 milhões de pessoas foram utilizadas sem consentimento para fins eleitorais. Esses diversos dados usados a fim de favorecer o mercado, fizeram com que o mundo inteiro se questionasse sobre o quanto estávamos seguros na internet.

Hoje, com o mercado de Tecnologia crescendo de forma exponencial, cada vez mais qualquer um de nós pode manipular os algoritmos. Mas, o que seria um “algoritmo”? Basicamente, se trata de uma sequência de regras para resolver um problema. Detalhe: RESOLVER, não criar problemas. E esse talvez seja um dos maiores problemas mal resolvidos.

Quando o humano tem acesso direto a itens de resolução de problemas e simplesmente decide utilizá-lo ao seu favor, nós vemos surgir algoritmos racistas, polarização nas eleições, compras compulsivas, vícios e outros problemas que podem se multiplicar com o tempo.

Talvez você esteja se perguntando: “como um algoritmo poderia influenciar na quantidade que compro itens, o quanto uso uma rede social, nas minha opiniões, etc?”

Darei um exemplo: quando você faz cadastro em uma rede social, você lê os Termos de Uso? Penso que não, pois nem eu lia a algum tempo atrás. Ali existe uma lista de permissões que a rede terá sobre seus dados durante o uso da rede. Sendo muito didática, um dos itens se refere a sua experiência ali dentro, ou seja, o que você visualiza, o que procura, com quem conversa; é tudo monitorado para que sua presença dentro do app seja maior e, consequentemente, um perfil seu é traçado e fornecido para outras redes conectadas. Há muito mais sobre esse assunto. Aliás, o documentário O Dilema das Redes, da Netflix, explora muito bem o assunto.

Cena de Black Mirror – Temporada 3 – Ep. Queda livre / reprodução Netflix

Apesar de estar apontando que existem diversos problemas até aqui, não posso deixar de enfatizar que a internet também vem para o bem. Claro, há muitos algoritmos projetados de imensa qualidade. Outros algoritmos ainda vão ser construídos com foco na resolução de problemas sociais, há muitas pessoas competentes na área.

Ainda falando de segurança, hoje existe a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que no Brasil chegou recentemente, entrando em vigor em 2020. Ela define direitos aos titulares dos dados. Mas isso não se aplica às redes sociais, por exemplo. No geral, as empresas estão sujeitas à LGPD, mas ainda os Termos de Uso são uma questão bem mal resolvida.

Para concluir, quero me referir ao título desta matéria: “O VÍCIO E O LIVRE-ARBÍTRIO SÃO OPOSTOS”. Ele faz parte de um dos tópicos do livro “Dez Argumentos Para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais”, escrito por Jaron Lanier.

Eu não quero que esse texto seja um incentivo para que você se isole da “sociedade online”; nada contra, até tenho redes sociais. Vejo esse texto como um convite à reflexão sobre ocupar espaços. Um algoritmo racista só é racista porque um humano racista o manipulou. Então, caso você tenha interesse pela área, estude, explore e ocupe este lugar; assim, talvez não seja necessário discutir o fim das redes sociais ou qualquer outro meio de vício e de uso indevido de dados, até porque haverá formas de não sermos reféns.

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