O caminhão de mudança de Bolsonaro e as mudanças que estão por vir no Brasil

O final de ano vem sendo muito agitado na esfera política: fim dos quatro anos de Jair Bolsonaro no poder, atos golpistas no país inteiro e grandes expectativas em cima do próximo presidente. Diante de tudo isso, a questão que fica é se todas as mudanças que estão vindo por aí irão, realmente, alterar a lógica vigente desde 2019 no Brasil.

Por Sofia Leite

Caminhão de mudanças indo até Palácio do Alvorada. Reprodução/Twitter Daniel Trevor

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro recebeu em sua residência oficial, em Brasília,  um caminhão para auxiliar na sua mudança. A partir do dia 1° de janeiro de 2023, ele não será mais o chefe do Poder Executivo e precisará deixar o Palácio da Alvorada.

Em meio a atos antidemocráticos nas ruas e rodovias de todo o país e à propagação em massa de fake news com o objetivo de levar a população a duvidar do processo eleitoral, sinais que nos fazem acreditar que as coisas acontecerão conforme a normalidade são muito importantes. No entanto, diante de tudo isso, é possível haver alguma alteração, de fato, na mentalidade vigente em nossa sociedade somente com a mudança de governo?

As eleições foram realizadas e Lula foi eleito, mesmo com todas as tentativas para impedir que isso acontecesse. As expectativas em cima do futuro Presidente da República são enormes. Afinal, depois de quatro anos de Bolsonaro no poder, com quase 700.000 mortes por covid-19 e com 33 milhões de brasileiros passando fome, é difícil não ter esperança com a proximidade de qualquer tipo de vento de mudança.

Mesmo com essa tão aguardada alteração na lógica que se desenrola no país desde 2019, precisamos ficar atentos e vigilantes, porque destruir é sempre muito mais fácil que reconstruir. É necessário, então, que cobremos e que continuemos lutando. Contudo, nossa luta agora é para apagar os vestígios deixados pelo antigo presidente e, com certeza, poder contar com a ajuda de um líder de viés progressista no poder facilita muito os próximos passos.

Temos que nos atentar também ao congresso. Elegemos um congresso mais anti-povo que o anterior, o que não é nada positivo. Mudanças reais na estrutura do Estado precisam ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado, mas como conseguiremos isso se aqueles que estão lá não se dispõem a abraçar as verdadeiras batalhas do povo?

Temos pela frente, por esse motivo, um caminho muito árduo para trilhar, mesmo com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Manifestação “Todos com Bolsonaro” ocupa a Avenida Goethe
Reprodução/Editorial J

Além disso, o fato de os atos golpistas, que estão acontecendo em diversas cidades e rodovias do Brasil desde a noite do dia 30 de outubro, ainda não terem sido contidos pelas autoridades demonstra que a eleição de Lula não representa a queda do bolsonarismo. Percebe-se, com isso, que esse fenômeno que vivenciamos na política e na sociedade brasileira é maior que Jair Bolsonaro. Sendo assim, sua saída do cargo de presidente não fará sumir a devoção a seu discurso e não irá conter atos criminosos e antidemocráticos.

Enquanto não for dado um fim a essas manifestações criminosas, como costuma ser feito, em questão de minutos, com atos organizados por movimentos sociais em defesa de pautas progressistas, não poderemos nos dizer em um país democrático. Enquanto o que hoje chamamos de bolsonarismo ainda estiver vivo, precisaremos nos manter, como diz Caetano Veloso, atentos e fortes. As mudanças não virão da noite para o dia.

Que o caminhão no Palácio da Alvorada represente o início de uma nova era, mais feliz e justa, para o Brasil. E que as mudanças que precisamos sejam, de fato, efetivadas.

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