Neste 8M as mulheres não podem lotar as ruas, mas seguem resistindo e lutando
Por Luara Angélica
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A luta das mulheres existe a incontáveis anos e, ao longo deles algumas datas já foram simbólicas para nós: desde as greves no final do século 19, o 25 de março quando cerca de 130 operárias foram mortas, o primeiro dia da mulher em maio de 1908, entre outros; até que em 1977 o 8 de março foi reconhecido oficialmente pelas nações unidas.
Neste 8M de 2021, a ONU definiu como tema as Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19.
Segundo elas, “o tema celebra os enormes esforços de mulheres e meninas em todo o mundo na construção de um futuro mais igualitário e na recuperação da pandemia de COVID-19.”
As mulheres são maioria na luta contra o coronavírus, fato que destaca a nossa participação mas que mais do que isso: escancara os fardos desproporcionais que levamos.
Mas não são só as mulheres da linha de frente contra a COVID-19 que eu gostaria de celebrar e relembrar hoje. As mulheres estão à frente de mais de 75% do trabalho não remunerado do mundo, segundo a OXFAM. Mesmo antes de completar a maioridade, as meninas e mulheres são responsáveis pelos cuidados da casa e até mesmo de maridos e companheiros, pela formação e cuidado das crianças e jovens e pelo cuidado de idosos.
– E eu não posso deixar de comentar que isso sustenta o capitalismo –
O relatório da OXFAM não nos traz dados socioeconômicos, mas nós sabemos que há um recorte de raça e classe: As meninas e mulheres dentro dessa realidade são em sua maioria negras e/ou periféricas.
As mulheres também estão à frente de diversas lutas e movimentos sociais: desde as Diretas Já, o Movimento dos Cara Pintada,as lutas pela terra e moradia até o Ele não. A Tri Continental publicou uma série de estudos: Mulheres em luta que mostra o aumento expressivo das mulheres na militância nas últimas décadas.

Apesar de tudo isso, sofremos com a sub-representação. Somos minoria em cargos altos, geralmente nós não participamos das tomadas de decisão na vida pública: Segundo a ONU, as mulheres são chefas de Estado e de Governo em apenas 20 países em todo o mundo.
E também sofremos com a violência diária, a misoginia e o machismo. Segundo o Mapa da desigualdade de 2020, o feminicídio aumentou 33%, a mortalidade materna aumentou 27% e a violência contra a mulher aumentou em 63% .
Fica claro que é urgente a promoção do fim da violência de gênero e a luta pela equidade.
Nesse 8M, não podemos lotar as ruas, mas você pode ter certeza que em cada canto desse mundo tem uma mulher em luta.

Quer saber mais?
Aqui estão alguns conteúdos para você se aprofundar nos temas citados, mas não posso deixar de falar o óbvio:
escute as mulheres próximas a você, consuma produções de mulheres, leia mulheres… E acima de tudo respeite todas as mulheres!
5 cientistas brasileiras para conhecer e se inspirar, da Larissa Carneiro para a AJN
Dia internacional das meninas e mulheres na ciência, da Rayana Burgos para a AJN
Um mundo totalmente novo repensado pelas mulheres, publicação da UNESCO, 2020
Em 2020, nós mulheres lutamos para sustentar a vida, do Brasil de Fato
Série: Mulheres no lar de outras mulheres, do Núcleo Migrações da AJN
Violência doméstica nas periferias, episódio do podcast Lugar de quarentena, do Coletivo ArquePerifa no Spotify:
