Cada pequena ação faz a diferença: liderança feminina em ações contra as mudanças climáticas
Texto por Chiara Zambelloni.
Traduzido por Jéssica Rezende.
#AgirNoGAP
O dia 11 de Dezembro foi o Dia do Gênero na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP24). A decisão de dedicar um dia inteiro para a questão de gênero é inspirada pelo Plano de Ação de Gênero (ou GAP – Gender Action Plan), estabelecido na COP23 em Bonn e viralizado com a hashtag #ActOnTheGAP.
O objetivo da iniciativa é aumentar a conscientização sobre a importância de políticas relevantes para o gênero e ações climáticas – destacando a liderança feminina nas atividades contra as mudanças no clima. É necessário nos questionar sobre a idéia tradicional de trabalho e relações de poder; bem como considerar questões intersetoriais, como os direitos humanos ou a participação de comunidades locais e indígenas.
Estas considerações reproduzem o conceito de Equa Transition, contido no preâmbulo do Acordo de Paris, que pretende fazer valer os direitos de todos os trabalhadores – incluindo as mulheres – na transição para formas mais renováveis de energia. De fato, a perspectiva feminina para transformar a estrutura da sociedade e o papel das mulheres tem grande importância. Além disso, também tem um grande peso no processo de tornar as mulheres independentes por meio do ensino das técnicas necessárias e “renováveis”.
O CEED (Centro de Energia, Ecologia e Desenvolvimento) – Filipinas
Representado atualmente por Avril de Torres, o CEED é um centro de pesquisa filipino dedicado a estudar uma abordagem mais sustentável e acessível a todos. Está relacionado, em particular, com os desafios de energia e meio ambiente. A atenção à questão de gênero e a transição correta nos países em desenvolvimento é particularmente crucial – já que o uso do carvão é freqüentemente invocado como uma escolha legítima para o desenvolvimento.
As empresas do Hemisfério Norte, de fato, vêm aqui para investir maciçamente no setor. O CEED busca estimular uma transformação energética mais democrática e sustentável, ajudando, ao mesmo tempo, na adaptação a um novo sistema. Graças ao seu conhecimento local sobre gestão de recursos e práticas sustentáveis, eles podem expandir o papel cada vez mais crucial das mulheres em um nível individual e coletivo.
“Yalla Let’s Bike” Iniciativa “Vamos andar de Bike!” – Síria
O principal problema apresentado a Sarah Zein em Damasco foi o esforço das pessoas para se mover com facilidade e segurança. Isso a levou a criar uma iniciativa para redefinir os papéis tradicionais e promover o ciclismo como um método de transporte saudável e ecológico.
Mas existe uma questão: na Síria é socialmente inaceitável que as mulheres escolham usar a bicicleta como veículo, porque isso poderia colocar em risco a sua virgindade. Por conta do aumento dos postos de segurança na cidade, dos ataques armados, a péssima qualidade das ruas e as normas sociais conservadoras, a movimentação sem carros se tornou uma realidade cada vez mais difícil.
Desde 2014, a iniciativa “Yalla Let’s Bike” envolveu 4.000 mulheres e aumentou em 40% a venda de bicicletas para o gênero feminino. O projeto envolve os sírios na reestruturação de ciclovias, a criação de estacionamento para bicicletas e passeios de bicicleta pela paz, onde eles protestam andando de bike juntos! Tudo isso, é claro, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
OLIO – Inglaterra
Este aplicativo representa uma inovação real e é o único do gênero. Saasha Celestial-one e Tessa Clarke, inspiradas por seu papel como mães, fundaram o primeiro serviço de compartilhamento de alimentos entre os vizinhos. Tendo nascido em bairros pobres e experimentado o problema da fome, as duas mulheres basearam sua missão na redução do desperdício de alimentos.
Por meio das conexões entre famílias, estabelecimentos comerciais locais e cafés, foi possível redistribuir pela comunidade o que não era vendido ou tinha permanecido nos refrigeradores. O desperdício de alimentos é um dos principais problemas que agravam as mudanças climáticas e é considerada como a terceira fonte de GEE (gases de efeito estufa).
A OLIO envolveu até agora 400.000 usuários, incentivando mais e mais pessoas a baixar o aplicativo gratuitamente. Ao compartilhar fotos da comida que seria jogada fora, economizou mais de um milhão de quilômetros de viagens de carro e 409 toneladas de CO2.
HelpUsGreen – Índia
É um costume dos indianos oferecerem flores aos deuses – lançadas de tempos em tempos no rio Ganges, templos e mesquitas. Em todo o sul da Ásia, mais de 8 milhões de flores cheias de pesticidas contribuem para a poluição dos rios sagrados. O problema é que as águas do Ganges são uma fonte de bebida para 420 milhões de pessoas e, assim, a possibilidade da propagação de doenças entre os habitantes da região aumenta bastante.
A iniciativa (experimentada na Índia) foi a primeira a encontrar uma solução criativa para reciclar de maneira econômica, mas também lucrativa, o enorme desperdício de flores e plantas. De fato, a Flower Cycling emprega muitas mulheres na coleta diária e na produção de fertilizantes orgânicos, incensos naturais e materiais biodegradáveis – incluindo couro vegetal.
Muitas trabalhadoras foram empregadas pela primeira vez em latrinas e esgotos, enfrentando preconceitos e riscos à saúde. Por isso, a primeira vantagem do projeto é contribuir para a subsistência das comunidades e mulheres locais – que começam a trabalhar em empregos mais seguros.
Earthspark International – Haiti
A iniciativa haitiana foi fundada e executada por mulheres que decidiram se rebelar contra a total falta de iluminação e eletricidade na ilha. A “eletrificação feminista” está comprometida em formar uma grande equipe de mulheres no planejamento, treinamento, uso e suporte de serviços energéticos.
O maior dano à economia e ao estilo de vida haitianos é o acesso quase impossível à eletricidade e o dinheiro gasto em formas alternativas de energia – como velas e querosene – que contribuem com a poluição do ar.
O primeiro modelo de negócios de sucesso foi chamado de “Enèji Pwòp” e construiu uma grade particular de painéis solares quase tão grandes quanto uma cidade. Com o objetivo de conquistar o abandono total de outras formas de energia, este projeto eliminou 19.000 toneladas de CO2 e as emissões de carvão negro.
Para as comunidades locais, a luz literalmente chegou quando o acesso à eletricidade permitiu uma melhoria significativa no estilo de vida da população do ponto de vista social e econômico, assim como para a saúde.
Momento da Mudança: Mulheres por Resultados – UNFCCC
Em 2012, o Secretariado da UNFCCC lançou um projeto chamado “Momentum for Change: Women for Results” para mostrar exemplos de atividades que demonstram a liderança e participação de mulheres em todo o mundo. Muitas dessas iniciativas apresentaram resultados mensuráveis concretos em nível nacional e internacional.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em colaboração com a WiSER (Mulheres na Sustentabilidade, Meio Ambiente e Energia Renovável), apoiou novas empresas e soluções comerciais para o acesso à energia, água e alimentos – todas respeitando as fontes renováveis.
Estas mulheres empreendedoras que mostramos para você, com boa vontade e dedicação, contribuíram positivamente para a melhoria de suas respectivas comunidades e para o mundo. Por isso, elas foram escolhidas como vencedoras da iniciativa da UNFCCC! E você pode encontrar muitas outras histórias neste site.