Mudança Climática: como isso nos afeta?

Neste texto, um panorama de algumas das atividades que abordaram as mudanças climáticas que aconteceram na Maratona Dia do Profissional do Clima.

Por Lívia Gariglio

O que os jovens, o governo, o turismo, a moda e o gênero têm a ver com a questão ambiental? Durante a Maratona do Dia do Profissional do Clima, dia 24 de novembro de 2020, todas essas perguntas foram respondidas. Veja aqui um resumo do que aconteceu.

É de conhecimento comum que o efeito estufa pode ter causas naturais ou antrópicas e que essa interferência humana desenfreada propicia a desestabilização climática. O problema é a gravidade disso.

Imagem mostra céu de grande cidade, com prédios e torres altas, marcas de trovões e raios sobre nuvens escuras e vermelhas.
Gerd Altmann por Pixabay 

CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS:

No Sudeste:

Outrossim, os impactos climáticos vão muito além da simples mudança de temperatura. Segundo estudos recentes, no sudeste brasileiro, caso a emissão de gases se mantenha nesse ritmo, as chuvas irão aumentar a ponto de prejudicar a agricultura e aumentar a ocorrência de enchentes e desabamentos de encostas, especialmente em grandes metrópoles. Isso somente acarretaria em enormes perdas não apenas materiais, deixando muitos desalojados e desempregados, mas também imateriais, e obtendo vários feridos e mortos.

Problemas públicos:

Além disso, o SUS, os bombeiros e o INSS seriam ainda mais sobrecarregados, bem como se intensificariam as ilhas de calor, as chuvas ácidas e a acidificação dos oceanos, um dos motivos para que de até 45% de possibilidade de as espécies do cerrado serem extintas.

E surtos de doenças infecciosas, como a dengue, cólera, malária, febre amarela ou calazar podem acontecer, por consequência da mudança de clima que é mais favorável para os agentes etiológicos.

Rafael Ninno Muniz, do INDDRA, demonstrou que a relação entre saneamento, energia-tecnológicas sociais e gestão integrada de resíduos não é uma realidade no Brasil. Aliás, é de suma importância entender a nocividade dos lixões a céu aberto e do descarte incorreto de esgoto.

No Nordeste e Norte:

Por um lado, ocorreria, no nordeste, o oposto do sudeste, com um processo de aridização e prolongamento das secas, sendo que os refugiados climáticos apenas nessa região podem chegar a um milhão. Por outro, no norte, savanização na região leste da Amazônia, grande perda de biodiversidade e secas como a de 2005. A tendência é de que o êxodo para regiões costeiras agrave ainda mais os problemas urbanos, diminuindo assim a longevidade, a qualidade de vida e o IDH.

Crise agrícola e hídrica:

Mudar emergencialmente as culturas agrícolas de lugar traria um prejuízo enorme, principalmente no Brasil, que exporta commodities, e, para piorar, poderia levar anos para um nível suficiente de produção, colocando a própria sobrevivência humana em risco.

Sem contar a crise hídrica, uma vez que reposição dos lençóis freáticos iria diminuir drasticamente, contudo, o nível do oceano aumentaria, o que geraria, por consequência, inundação de áreas costeiras e maior incidência mundial de furacões e tornados. Por fim, dentre outras consequências, pode-se citar o assoreamento, desertificação, erosão do solo, doenças respiratórias.

 Se por um lado, alguns aprofundaram-se na análise dos eventos extremos do calor e da chuva que podem vir a ocorrer e sintetizaram o que se pode esperar, por outro, a questão da acidificação dos oceanos (e o aumento dos seus níveis) também foi estudada na Maratona.

Conflitos sociais:

Não é distante pensar que guerras por causa da água irão acontecer, porque elas já aconteceram e ainda acontecem.

Além disso, uma pesquisa da IUCN, a União Internacional para a Conservação da Natureza, demonstrou que a questão climática está associada ao crescimento da violência doméstica, agressão sexual e estupro, prostituição forçada, casamento forçado e casamento infantil, bem como outras formas de exploração das mulheres, principalmente em áreas rurais e países subdesenvolvidos. Houve um debate ao vivo das YCL Fellow Paola Reis do Amaral e Quenia Nascimento sobre as nuances do feminino no meio ambiente.

As ativistas ambientais mulheres são frequentemente atacadas e ocorrem tentativas de silenciamento. 

Imagem mostra estrada de terra entre vegetação rasteira, céu escuro, chuva e vento forte, com formação de ciclone.
Comfreak por Pixabay 

CAUSAS:

Causas Gerais:

Mundialmente, consumo de energia corresponde à maior parcela dos gases de efeito estufa emitidos, seguidos por agropecuária; uso da terra, mudança no uso da terra e silvicultura; processos industriais de produtos químicos, cimento e outros; e resíduos, incluindo aterros e águas residuais, respectivamente.

Turismo e Moda:

Em 2015, o setor da moda emitiu 1,2 bilhão de toneladas de CO2, enquanto o turismo é responsável por 8% da emissão mundial de gases de efeito estufa, sendo que 2% equivale à um país como a Alemanha. Ambos os temas foram abordados nas palestras.

 Importante lembrar que edifícios e carros são principais emissores em energia e que indústria e transporte são as fontes que mais crescem. Na palestra da Mariana e da equipe Como Anda, houve uma abordagem muito interessante sobre o hábito de andar a pé.

Consumismo infantil:

Segundo o Instituto Alana, com Pimp My Carroça, Sustentaoquê e ROUTE Portugal, as propagandas que visam instigar comportamentos consumistas em crianças também é um fator crucial para que isso ocorra, já que 90% dos brinquedos em todo o mundo são feitos de algum tipo de plástico, além da obsolescência programada.

PIORA NO BRASIL:

2020 está sendo um ano preocupante para a questão ambiental brasileira. Principalmente com o desmatamento ilegal da Amazônia e queimadas no Pantanal associadas à desarticulação da FUNAI. Isso obviamente está impactando muito na emissão de gases poluentes e em outras problemáticas.

A mudança de uso do solo está sendo responsável por 44% das emissões brasileiras, então também merece destaque. Ocorreu um debate ao vivo sobre os efeitos disso no bioma Pampa, e também houve ponderações muito pertinentes sobre a Amazônia e a atuação indígena na área.

Imagem com fundo branco. Na lateral, linhas finas coloridas e foto de uma jovem branca de cabelos compridos e óculos. Texto: "Lívia Gariglio. Aspirante a jornalista, integrante do Coletivo Lafamob e do PermaLafa. Luta em prol dos movimentos estudantil, indígena, ambientalista, LGBTQIA+ e antirracista. Escritora e poeta." Logo facebook. Texto "/ligariglio"

Esse texto foi escrito a partir das reflexões geradas durante a Maratona Dia do Profissional do Clima, que aconteceu no dia 24 de novembro de 2020, da qual a colunista participou de forma remota em respeito às regras de distanciamento impostas pela crise sanitária provocada pelo avanço da Covid-19.

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7 Comments

  • Ótimo texto!

    • Obrigada 🖤

  • Isso mesmo! Concordo!

    • Texto com conteúdo fantástico é muito relevante. Parabéns pela abordagem completa e rica.

      • Muito obrigada pela análise e pelo feedback! 🖤✨

    • 🖤✨

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