Moradores da Brasilândia querem revitalizar o Córrego Canivete

Integrantes do Instituto Perifa Sustentável passam a integrar o grupo de trabalho para revitalização da microbacia do córrego do Canivete no Espaço Cultural Jardim Damasceno

Por Amanda da Cruz Costa

Fala minha lindeza climática, bele? 🙂

O ano começou com muuuuitas novidades. O Instituto Perifa Sustentável, ONG da qual sou fundadora e atuo como diretora de Relações Institucionais, fez uma imersão de planejamento e definimos as estratégias para ampliar o nosso impacto no território, na política institucional e na educomunicação.

A parte de projetos, liderada pela Gabriela Alves, está a todo vapor. Mapeamos as lideranças comunitárias da Brasilândia e queremos apoiar o trabalho das matriarcas e dos patriarcas do movimento ambientalista do nosso bairro (saiba mais aqui). 

Agora fazemos parte do Grupo de Trabalho de Diretrizes Prévias para revitalização da microbacia do córrego do Canivete, que tem reuniões às sextas-feiras, no espaço cultural Jardim Damasceno.

De acordo com Afonso Peche Filho, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, a revitalização é baseada na requalificação de pequenas bacias de contribuição. Desse modo, precisamos descobrir onde estão as nascentes em potencial, entender o complexo hidrológico e desenvolver um inventário de necessidades para começar a colocar a mão na massa.

“Revitalizar é trazer nova vida para o espaço” (Afonso Peche Filho)

Nossa última reunião foi como uma aula maravilhosa. Lembrei dos meus anos na universidade e senti prazer em participar de uma conversa tão qualificada dentro da minha quebrada. Apesar da felicidade momentânea, sei que temos um problema crônico no Brasil: a elite acadêmica domina as discussões que impactam o desenvolvimento do nosso país e pessoas periféricas estão cada vez mais marginalizadas desse diálogo.

O papo de desenvolvimento do Brasil é protagonizado por quatro setores: indústria, comércio, construção Civil e mercado imobiliário, que olham unicamente para o desenvolvimento econômico, deixando de lado o desenvolvimento em escala humana, social e ambiental. Desse modo, é importantíssimo trazer a galera da comunidade para esse diálogo, pois se a gente não olhar para o nosso território, quem vai?

A quebrada também é potência! Quando conhecemos nosso território, entendemos os dados e nos aprofundamos nas discussões, passamos a ter propriedade para reivindicar melhorias para nosso espaço.

E estamos firmes e fortes nesse caminho 💪🏾. O Afonso iniciou a reunião explicando a diferença entre Hidrografia e Hidrologia, para nivelar o conhecimento do grupo:

  • Hidrografia: quantidade de quilômetros lineares de cursos da água (malha hidrográfica);
  • Hidrologia: relação da água com o território (ciclo hidrológico).

Para revitalizar o rio, precisamos fazê-lo voltar para o mais próximo de suas condições naturais. Por conta da falta de planejamento urbano, houve um crescimento desordenado das periferias e favelas. Além do mais, a sociedade moderna mexeu na drenagem natural dos terrenos, ocupando áreas de encostas, canalizando rios, aumentamos o fluxo e por mais desesperador que pareça, ainda não criamos nenhum plano de adaptação às mudanças climáticas!

Apesar do cenário complexo, esse projeto é a forma que encontramos de cuidar da nossa querida Brasilândia, estamos sistematizando saberes para transformar a realidade dos nossos vizinhos, amigos e familiares! Para saber como começar, estudamos a área de influência do Rio São José, que é composta por 40 hectares de terra divididos em:

  • 3 hec de área degradada
  • 10 hec de tecido nativo (mata) e
  • 27 hec de tecido urbano (casas).

A nossa meta é ousada: queremos sair de um cenário negativo para entrar num cenário positivo. O primeiro passo é olhar para a questão do saneamento básico, composta por

  • Esgoto: coleta e tratamento;
  • Água: coleta, tratamento e distribuição;
  • Drenagem: águas pluviais e escoamento; 
  • Resíduos sólidos: coletas e destinação.

Precisamos entender as bacias hidrográficas para então definir as ações. No próximo mês vamos realizar uma expedição na bacia do corrégo São José, com o objetivo de buscar informações vitais, conhecer a área e fazer uma caracterização a partir do que vamos encontrar.

Tá afim de acompanhar essa aventura? Siga o @PerifaSustentavel no Instagram 🙂

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