Mediação familiar e as outras influências na formação cultural de crianças e jovens
Por Beatriz Jordan
A referência cultural das crianças é influenciada por fatores como a situação socioeconômica da família, o grau de escolaridade de seus responsáveis e o meio social onde a criança está inserida.
Em geral, a sociedade conduz a formação do indivíduo e, por vezes, acaba por agravar certas desigualdades, como a questão de gênero, que ainda no século XXI limita a ação e o desenvolvimento das pessoas. O sociólogo Gilles Pronovost, atenta para esta questão exemplificando como as meninas são, desde cedo, mais estimuladas a questões culturais, enquanto os meninos à práticas esportivas.
Os pais também têm responsabilidade direta quanto à preferências de entretenimento dos filhos. Pais leitores se tornam companheiros de leitura e contribuem para jovens amantes da literatura, pais telespectadores compulsivos por TV tendem a criar outros telespectadores e consumidores da cultura de massa. Mas ressalta que tais influências não são verdades absolutas e que muitos subvertem essa lógica, por meio da autonomia, do ciclo de amizades e das multimídias que se tornam mais presentes na fase da adolescência.
A partir daí muitos trajetos podem ser percorridos, mostrando que não existe uma só forma de construir a identidade cultural.
As práticas culturais das novas gerações
Em complemento a mesa anterior a Francesa Sylvie Octobre, socióloga e pesquisadora, contribuiu com a palestra do canadense Gilles Pronovost sobre os públicos da cultura na infância e na adolescência, com uma palestra de nome bastante provocativo ‘’DOIS DEDOS E DOIS NERÔNIOS’’, problematizando as práticas culturais das novas gerações.
Atualmente, o jovem tem em suas mãos grande quantidade de informação, por meio da web, podendo acessar conteúdos diversos. Como está em período de formação é também o público mais infiel, pois a diversidade de gosto, em transição, dos jovens faz parte do processo de conhecimento. É uma característica muito forte e constitutiva.
Esse perfil constitui o que ela coloca como mainstream, que é o despertar superficial para assuntos que estão na moda, reduzindo a cultura do saber ao divertimento. Para concluir alerta que a juventude contemporânea tem o desafio de aprender a aprender, para não se tornarem conhecedores superficiais.