Me mostre o dinheiro (Show me the money)

Por Evelyn Araripe, da Delegação Jovem do Brasil na COP19*

Dentro das negociações do clima os países são organizados em blocos para tomar decisões. Assim, países menores conseguem se fortalecer e também influenciar nas negociações. Do contrário, imagina como a pequena ilha de Nauru iria influenciar em propostas dos Estados Unidos, por exemplo. O Brasil está predominantemente organizado pelo G77 e China, o maior bloco das negociações que conta com a participação de 133 países. Imagina a loucura que é fazer toda essa galera chegar a uma conclusão juntos!

Mas, aos poucos, blocos menores, mas com peso político vão aparecendo. Um deles é o BASIC, composto por Brasil, Africa do Sul, India e China. Dentro das negociações do clima estes são os quatro países que mais crescem e consequentemente aumentam as suas emissões de gases de efeito estufa, causadores das mudanças do clima. A China, por exemplo, é a maior emissora do mundo. O Brasil já está no ranking TOP10. E isso faz com que os países desenvolvidos coloquem muita pressão neles, sugerindo que eles assumam metas ambiciosas de redução de suas emissão.

No entanto, os países do BASIC alegam que historicamente não emitiram o mesmo tanto que Estados Unidos, Japão, Canadá, Austrália e União Européia – só para citar alguns dos maiores emissores históricos e que não só não deveriam assumir metas tão ambiciosas, mas também deveriam ter acesso a recursos financeiros pagos pelos países mais ricos.

E, no fim, é isso que trava as negociações: dinheiro. Desde 2009, os países desenvolvidos prometem depositar 100 milhões de dólares por ano no Fundo Verde Climático (Greeen Climate Fund) para que países em desenvolvimento, como o Brasil, possam se desenvolver com tecnologias mais limpas e menos agressivas ao planeta. No entanto, até hoje, esse fundo está vazio.

Nessa última quarta-feira, 20 de novembro, os chefes das delegações do BASIC fizeram uma coletiva de imprensa na COP19 – a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas que acontece em Varsóvia, Polônia, ate sexta-feira, 22 de novembro. A meia hora de fala dos representantes pode ser resumida em uma única frase: “Me mostre o dinheiro” (Show me the money, em inglês). Enquanto os países em desenvolvimento não verem a cor do dinheiro, dificilmente eles vão caminhar para a proposição de metas definitivas e concretas. E nesse jogo, a COP19 tende a terminar, mais uma vez, sem grandes resultados.

 

*A Delegacão Jovem do Brasil na COP19 é composta pelas organizações:ViraçãoEducomunicaçãoEngajamundoAliançaMundial das ACMs e FederaçãoLuterana Mundial

Evelyn Araripe é jornalista e educadora ambiental. Foi educomunicadora na Viração Educomunicação entre 2011 e 2014. Atualmente vive na Alemanha, onde é bolsista do programa German Chancellor Fellowship for tomorrow’s leaders e administra o blog Ela é Quente, que conta as histórias de vida de mulheres que estão ajudando a combater os efeitos das Mudanças Climáticas ao redor do mundo.

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