Jovens são o grupo que mais perdeu renda nos últimos 5 anos

A desvalorização da educação para pessoas com idades de 15 a 29 anos também aumentou. Dados são da primeira parte da pesquisa que busca mapear as juventudes brasileiras

Por Redação AJN

Pessoas entre 15 e 29 anos foram as mais impactadas pelas perdas de renda e trabalho no Brasil, nos últimos anos. Essa é uma das conclusões da pesquisa Juventude e Trabalho: Qual foi o Impacto da Crise na Renda dos Jovens? E nos Nem-Nem?, etapa quantitativa da iniciativa Atlas das Juventudes, coordenada pela Rede Em Movimento  pelo Pacto as Juventudes pelos ODS, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e outros parceiros técnicos.

O estudo Juventude e Trabalho envolveu pesquisa quantitativa, que já foi finalizada e coordenada pelo professor Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e trouxe dados sobre como e quanto mudaram as condições de vida, de educação e de trabalho das juventudes, além das percepções dos últimos anos. A partir desta etapa o objetivo também é traçar perspectivas futuras, e disponibilizar um amplo banco de dados sobre as juventudes.

Na base de dados gerada, que é aberta e gratuita para pesquisadores, há dados macro sobre as juventudes brasileiras que permitiram uma avaliação das mudanças nas condições de vida destes cidadãos, passando pelo mundo do trabalho e da educação. Essa avaliação foi organizada em uma publicação, que pode ser acessada aqui.

Os dados apontam que, desde o final de 2014, as juventudes do Brasil passaram a sofrer uma considerável perda de renda e acesso ao mundo do trabalho. Esse cenário de perda se manteve até 2017 – momento em que o governo federal anunciou tentativas de diminuir encargos de folha de pagamento para contratações de primeiro emprego, e uma ligeira melhora na frequência escolar de jovens pode ser observada.

Ao mesmo tempo, a proporção de jovens que não estudam e não trabalham passou de 23,4% em 2014 para 26,2% em 2019.

Os dados da pesquisa apontam o aumento da desigualdade de 3,8% entre jovens contra 2,7% para o conjunto da população, no período até 2019. Esse aumento, que está relacionado ao acesso à emprego e renda, impacta fortemente o bem-estar e o desenvolvimento profissional das juventudes.

É fato que a crise do desemprego impactou toda a população, mas, no período do estudo, a perda de renda média acumulada foi de -14,66%, sendo mais forte entre pessoas com idades entre 15 e 29 anos (-26,54%).

Quando estes números são analisados junto com informações geográficas, fica evidente quem são as pessoas que mais perderam, entre os jovens: moradores das regiões Norte e Nordeste, menos escolarizadas, de cores parda e preta.

O relatório aponta ainda que as mudanças no mundo do trabalho – como a oferta de subempregos, o empreendedorismo por necessidade, a retirada de direitos trabalhistas, a subutilização de mão de obra, jornadas de trabalho maiores e a informalidade – apontam para impactos que ainda não podem ser medidos com clareza, mesmo quando colocados lado a lado com informações educação e acesso a programas sociais.

No período entre 2014 e 2019, a queda da renda média acompanhou o que os pesquisadores chamam de queda de valor da educação‘. Este dado, junto com o aumento do desemprego, atenuou os efeitos da desigualdade, mesmo com registros de aumento na escolaridade de jovens ocupados. 

Nessa entrevista, Marcelo Neri, coordenador da primeira parte da pesquisa pela FGV, fala sobre os resultados:

De posse destes dados, a Rede Em Movimento lançou a segunda parte da pesquisa Atlas das Juventudes, que tem objetivo de entender os principais sonhos, problemas e tendências dos diferentes perfis de juventudes do Brasil. Essa fase vem sendo implementada através de uma pesquisa online, aberta para jovens até 29 anos de todo o país:

Responda o questionário e participe do Atlas das Juventudes

Está prevista ainda uma terceira etapa, realizada pelo Instituto Veredas, que levantará possíveis caminhos para alguns dos desafios observados nas duas etapas anteriores, através da Metodologia J-PAl de análise de base de evidências e da construção de uma biblioteca online.

O principal objetivo do Atlas das Juventudes é disponibilizar uma plataforma de dados atualizada, gratuita e acessível, com diferentes dados sobre as diversas juventudes do Brasil. Assim, acreditamos que poderemos contribuir para que sejam feitos os investimentos certos, no momento certo, para ativar o potencial desta geração e consequentemente, permitir o seu pleno desenvolvimento, construindo caminhos para um futuro mais próspero que inclua todas as pessoas.

Para conhecer mais sobre o Atlas das Juventudes e as organizações envolvidas, clique aqui.

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