Jovens, ativistas e organizações se unem na Marcha pelo Clima
|Por: Milena Rettondini, Denise Battaglia, José Jara
Fazer ouvir a própria voz em favor da humanidade é um dever. E não há melhor oportunidade para isso do que uma Marcha em que não importa de que lado do mundo você vem. Na COP22 (22ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), estão todos unidos para salvar a Mãe Natureza. O interesse sincero pela preservação da Terra é um valor que une a todos durante o evento: estão conscientes do perigo e preparados para combatê-lo. Não podemos aceitar esta ideia de futuro, porque um erro se torna irrecuperável apenas quando viramos as costas e nos recusamos a tentar corrigi-lo.
Por isso, sindicatos, grupos ambientalistas, movimentos sociais e muitos jovens foram às ruas no dia 13 de novembro, em Marraquexe, para a Marcha do Clima – evento que, tradicionalmente, é realizado paralelamente a cada COP. Além das organizações internacionais presentes no evento, participaram várias entidades marroquinas que denunciaram a má gestão dos solos pelo governo.
“Nos últimos anos, o governo tem incentivado ações como a grilagem de terras, devido às políticas econômicas que decidiu implantar”, afirma um integrante da Attac, movimento marroquino de educação popular. Agricultores nos arredores de Rabat têm sido forçados a vender suas terras agrícolas a US$ 5 por hectare, quando o preço médio é de cerca de US$ 1.000. Tudo isso para quê? Para construir um campo de golfe”.
Não apenas a apropriação de terras, mas também os métodos de cultivo foram objeto de disputa. “Estima-se que cerca de 70% das sementes utilizadas no Marrocos para o cultivo de tomates venham de empresas israelenses que os desenvolvem em laboratório. O método é da Monsanto, mas as sementes são desenvolvidas especialmente para o clima Mediterrâneo”, explica Sion, da Associação Boycott, Divestment, Sanctions (BDS). “Existe um regulamento que restringe a importação de produtos potencialmente nocivos para o solo, mas atualmente não é aplicada.” Fechando a Marcha, estavam outros povos nativos marroquinos, declarando: “Expropriam nossas terras e nossas riquezas e, desta forma, estão eliminando a identidade histórica do Marrocos”.
Os jovens presentes também manifestaram suas angústias e desejos para um mundo melhor. Veja alguns depoimentos:
“Acredito que cada um de nós esteja aqui para demonstrar a ambição das nossas ações em relação ao clima. Não há tempo a perder. Continuaremos a marchar nas ruas para não sermos mais vozes marginais”.
Pedro Telles, Brasil – Greenpeace
“Estamos enfrentando o difícil tema da mudança climática, em um esforço para fazer ouvir nossas vozes. Queremos agir para entrar no debate sobre as alterações climáticas. Queremos justiça”.
Tsunji Boily, África do Sul – Copa Catability Internationnal
“Vim a Marrakech para participar da COP22. É a segunda COP da qual participo; no ano passado eu também estava em Paris. Trabalhando como animador pela JPIC, vi muitas pessoas em situação de pobreza sofrerem devido às alterações climáticas e por causa das estruturas sociais, econômicas e políticas que não priorizam o combate às condições de pobreza que afetam grande parte da população. O que aprendi durante esta aventura é que todas as religiões devem trabalhar contra a injustiça climática. Trabalhar com e para as pessoas pobres. Tudo que fazemos, seja qual for a tarefa, devemos sair de nossa esfera protegida e marchar para uma nova era. Igrejas e mesquitas não são os únicos lugares sagrados. Um lugar sagrado é onde as pessoas podem levantar suas vozes por aquilo em que acreditam. Levantar suas vozes contra a injustiça climática”.
Hanwwok Lin, Coreia do Sul – Irmãos Franciscanos
“Estamos em Marrakech para tornar o mundo um lugar melhor e dizer às pessoas que tudo isso é possível, simplesmente ao tornarmos melhores nossas próprias vidas. Sorria, mude, saia do rebanho.”
Santa Canadian living in China – World Sustainibility
“Podemos dizer que esta Marcha é realmente importante para todos os ativistas que têm, assim, a oportunidade de mostrar sua intenção de participar das discussões futuras e representar nossos amigos das associações civis.”
Therry Dodieu, France – CFDT
“Estamos aqui para lutar em favor da justiça climática”.
Simona Fobiane, Itália – CGIT
“Estou aqui para representar as comunidades africanas que foram esfaceladas pela injustiça climática. Para pedir ação. Agora é realmente hora de agir. “
Aissatou Diodif, Senegal
“Estou aqui pelo clima, pela justiça social e por tudo pelo qual é preciso lutar neste mundo. É hora de mudar”.
Mohammed Taha Boulfir, Maroc – FDT
“Domingo, 13 de novembro, foi um dia de que não me esquecerei facilmente. Minha primeira Marcha em defesa dos meus direitos e da minha casa. Se eu tivesse que descrever a COP22 em uma palavra, diria “esmagadora”. Sim, foi uma sensação indescritível. Pessoas de todo o mundo andando pela Harti Street para fazer ouvir suas vozes, para agir, para demonstrar seu sincero interesse. Ninguém deixou que as diferenças interferissem no que nos unia e que continua a nos unir: a Mãe Natureza.” Hiba Moustahfid