Jaqueline Goes: Representatividade para Mulheres Negras na Ciência

A cientista que participou do sequenciamento do genoma do coronavírus tornou-se referência e hoje inspira meninas negras de todo o país.

Por Thaynara Floriano, da redação.

A pandemia causada pelo coronavírus gerou um olhar atento ao trabalho dos cientistas não só no Brasil, mas em todo o mundo. A corrida dos profissionais no auxílio à prevenção e a incansável busca pela vacina trouxeram resultados positivos e muito trabalho no combate às fake news. O avanço da desinformação gerou dúvidas e a negligência do governo em relação às vacinas fez com que grande parte da população fosse infectada, gerando superlotação no sistema de saúde e muitos óbitos. 

Mas cientistas e profissionais da saúde resistiram bravamente aos cortes, à falta de incentivo e verba, e além de aumentar seu tempo de trabalho em busca de uma solução para o momento cruel que estávamos vivendo, conseguiram encontrar a resposta que estavam procurando.

Aos 31 anos, a biomédica brasileira Jaqueline Goes, mestra em Biotecnologia em Saúde e Medicina e doutora em Patologia, mostrou a todos que a ciência não só pode ser feita por mulheres negras, como deve.

Em 2020, Jaqueline e sua equipe participaram do sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2 (Coronavírus). As amostras do primeiro paciente brasileiro infectado foram entregues no dia 26 de fevereiro aos cientistas e o sequenciamento do genoma estava pronto em apenas 48 horas. Mas a carreira da cientista não começou com o estudo do coronavírus: a biomédica já havia realizado diversos estudos a respeito do HIV, do Zika Vírus e, em seu pós-doutorado, tem se dedicado ao estudo da dengue.

Jaqueline defende a representatividade na ciência e em todas as outras áreas de atuação profissional e hoje inspira meninas negras em diversos lugares do país. Sua representação chegou até a lista “20 Mulheres de Sucesso do Brasil”, da revista Forbes. Em agosto de 2021, foi uma das cientistas escolhidas pela Mattel para ser representada por uma boneca Barbie. Virou personagem da Turma da Mônica. Também foi homenageada no desfile da escola de samba Beija-Flor, do Rio de Janeiro, com o tema “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor”, enaltecendo pessoas negras que se destacaram intelectualmente e continuam na luta contra o racismo.

Mesmo com o destaque nas mídias sociais, Jaqueline continua seu trabalho e integra o Centro Conjunto Brasil-Reino Unido pela Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus – um projeto de monitoramento de epidemias com o objetivo de dar respostas em tempo real. 

Pessoas negras e pobres são o alvo principal de pandemias, epidemias e questões que envolvem saúde pública, pois as políticas sociais de hoje não atendem plenamente às populações marginalizadas. Ter uma cientista lutando pela saúde da sua população é essencial para a construção da representatividade e a mudança que tanto trabalhamos.

Viva as mulheres negras na ciência, viva Jaqueline Goes!

Julho das Pretas

No dia 25 de julho é comemorado o dia da mulher negra latino-americana e caribenha, intitulado em 1992, com o foco de dar visibilidade à luta de mulheres negras contra a opressão de gênero, exploração e racismo. No Brasil, a data homenageia a lider quilombola Tereza de Benguela, simbolo de luta e resistência do povo negro. Tereza assumiu o comando do Quilombo Quariterê e o liderou por décadas, ficou conhecida por sua visão vanguardista e estratégica.

Agência Jovem de Notícias + U-Report Brasil

Este texto faz parte de uma série especial de conteúdos, desenvolvidos em parceria entre a Agência Jovem de Notícias e o U-Report Brasil, para celebrar o Julho das Pretas. Além de uma série de textos, foi desenvolvido um quiz sobre mulheres negras brasileiras que marcaram a nossa história!

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