Inclusão Social de deficientes para além das Paralimpíadas
Os jogos paraolímpicos terminaram há três semanas, mas não podemos deixar a temática dos deficientes de lado.
Já tivemos grandes conquistas nos direitos a deficientes como a Lei 7.853, de outubro de 1989, que caracterizou a discriminação ao trabalho da pessoa com deficiência como crime, e a Lei 8.213, a chamada Lei de Cotas, que, criou metas obrigatórias de contratação para empresas. Porém, ainda há muita luta pela frente. Precisamos buscar novas soluções de locomoção, e leis que garantam a inclusão social e a igualdade plena.
O dia 21 de setembro foi reservado para comemorar o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiências. A data foi implantada em 14 de julho de 2005, pela Lei Nº 11.133, com o intuito de estimular a reflexão e como forma de ressaltar a relevância da inclusão social dos deficientes.
Para dar prosseguimento às comemorações do dia 21 de setembro foi criado, no ano de 2014, o Dia Nacional do Atleta Paralímpico (22 de setembro) que vem estimulando a determinação, garra e disciplina destes atletas.
“Uma pessoa cega, cadeirante, um deficiente auditivo, todos eles podem praticar algum tipo de esporte. Sempre vai ter alguma coisa que dá para ele fazer e fazer bem feito”, diz o atleta Flávio Correia, 31 anos.
Nesse processo de inclusão, a informação e a representatividade são fundamentais para rompermos as barreiras da exclusão, desigualdade e preconceito.
Para a professora de Educação Física especializada em esporte e inclusão, Vanessa Vesterman, o incentivo a prática esportiva é essencial. “Não existe limite para nada. Basta a gente trabalhar e acreditar.”
Paralimpíadas Rio2016
A cerimônia de abertura dos jogos paralímpicos ocorreu no dia 7 de setembro. Desde então, os internautas passaram a criticar a conduta dos canais de TV abertos, porque a discrepância no tratamento aos paraolímpicos é clara. A principal indignação nas redes sociais foi a respeito da postura de emissoras de canais abertos que propagam a inclusão a diversidade em suas programações, como em novelas, campanhas e comercias, mas que não transmitiram um grande evento que ressalta a relevância da inclusão social e a tolerância a diversidade.
De acordo com o professor de educação física para cegos, Rafael da Silva, a divulgação dos esportes pela mídia é fundamental para que as pessoas reconheçam a importância da prática esportiva de modo geral. “As pessoas procuram aquilo que elas assistem na TV, se não passa nada de paralimpíada na TV as pessoas não vão procurar… Se a televisão começar a investir, não só na paralimpíada, em qualquer outro tipo de esporte, as pessoas vão atrás, elas vão se informar e vão procurar… A televisão deveria mostrar mais, incentivar mais, até porque nós temos muito mais deficientes que estão em casa sem fazer nada, que os pais não tem nem ideia do que fazer”.
A transmissão dos jogos paralímpicos vai além de apenas entretenimento. A grande vitória destes atletas é de fato poder motivar milhares de crianças que se encontram desmotivadas pela sua própria condição existencial. É importante encontrar alguém que, de alguma forma, nos represente e nos encoraje a superar nossos limites e a lutar por novas perspectivas de vida, nos contagiando assim com esperança, otimismo e auto-estima.
“A prática do esporte faz com que a pessoa com deficiência aumente a sua estima, ela começa a acreditar mais em seus potenciais e começa a se desenvolver mais, não só no esporte, mas na vida como um todo. Praticar o esporte e ir bem nele faz com que você vá bem também em outras atividades da sua vida; profissional, familiar e emocional. São benefícios ímpares que você acaba ganhando a partir da prática do esporte”, completa Flávio.
Esporte para todos
É importante compreendermos que a prática esportiva é para todos. Não há distinção de idade, sexo, cor, classes sociais ou qualquer condição de vida. Para o professor Rafael, é através do esporte que conseguimos deixar as nossas diferenças de lado para nos mantermos unidos uns aos outros: “O esporte une as pessoas. É no esporte onde você tem o pobre e o rico. É no esporte onde você une quem é deficiente e quem não é. Você consegue mostrar para todos que através do esporte você pode trazer uma inclusão”
A prática esportiva pode acarretar benefícios tanto para a saúde física quanto para a mental, ocasionando assim a melhoria na qualidade de vida dos praticantes. Com os deficientes também não é diferente. O esporte para a pessoa com deficiência é um grande meio de reabilitação e inclusão, porque ele traz para a pessoa com deficiência o desenvolvimento das direções e da localização. “A gente aprende muito a desenvolver os sentidos a partir da prática esportiva”, confirma Flávio.