HIV e pessoas com deficiência: uma discussão que precisa sair da invisibilidade

|Por Matheus Emílio, administrador da página Menino Gay, e Moises Maciel, da AJN São Paulo

 

Falar sobre prevenção e lutar pelo fim da epidemia do HIV/Aids, tornou-se uma meta global. Logo, a difusão de informações por meio de campanhas e outras formas de conscientização, tem ocupado um papel fundamental nessa batalha.

No entanto, vale lembrar que todas as pessoas que têm uma vida sexualmente ativa, correm o risco de contrair o vírus do HIV. Então, é imprescindível falarmos também sobre a prevenção para pessoas com deficiência, pois diferente do que muitos pensam, elas também transam (e sentem tesão)!  

É de assustar a dificuldade de encontrar dados com esse recorte específico, tanto na esfera nacional quanto internacional. Mais de 6% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2015, mas informações quanto à sexualidade delas não são computadas pelas pesquisas oficiais.

Pensando nisso, no dia 30 de abril ocorreu o Primeiro Piquenique para Pessoas LGBT com deficiência em São Paulo. Muitos jovens, com ou sem alguma deficiência, estiveram presentes no evento a fim de dar visibilidade e apoio à causa.

O evento foi realizado pela equipe da página no Facebook Menino Gay e representou muito para o público. No final do dia, uma das participantes agradeceu dizendo que “essas estratégias de visibilidade são extremamente positivas e são ótimas. A galera que organizou o evento tem que continuar!”, e completou dizendo que aguarda o próximo encontro.

É comum a suposição de que pessoas com HIV ou alguma deficiência física não têm uma vida sexual ativa, mas isso não é verdade! Como pessoas que vivem, elas tem sentimentos e medos, desejos e objetivos, então por que não teriam uma vida sexual?

Por essa razão, não podemos esquecer de falar sobre sexo e infecções sexualmente transmissíveis de forma inclusiva.

Para isso, conversamos com a ativista nova-iorquina transgênero, Liaam Winslet, 28, que atua com prevenção para pessoas trans na Community Healthcare Network:

 

AJN: Nos EUA, é dado um apoio especial às pessoas com deficiência que vivam com HIV?

Liaam: Nos EUA, os direitos humanos para as pessoas que vivem com HIV e tem alguma deficiência, é muito humanizado. A realidade nos Estados Unidos é muito diferente [uma vez que as políticas são descentralizadas], mas em Nova York o apoio a essas pessoas é garantido.

 

 

AJN: Como as pessoas com deficiência e vivendo com HIV são tratadas no sistema de saúde?

Liaam: No sistema de saúde, há muitas pessoas que podem ter alguma deficiência, e existem programas específicos com direitos e políticas garantidas, que podem ajudar essas pessoas na reabilitação.

 

AJN: LGBT com deficiências e HIV: o que você pode falar sobre este recorte específico?

Liaam: Bem, existem muitos grupos e movimentos que lutam por esta causa específica e que a tornam este tema visível. Eu trabalho com mulheres transexuais e dentro deste grupo há pessoas com deficiência e que vivem com o HIV.

 

AJN: O que podemos fazer para aumentar a conscientização sobre o tema do HIV?

Liaam: Em primeiro lugar, é importante sensibilizarmos a população e estarmos bem conosco, porque nós que estamos vivendo com HIV, também podemos falar sobre o vírus, ou qualquer deficiência, mas precisamos estar bem e engajados no ativismo.

Militante do movimento LGBT e de HIV/ AIDS, em São Paulo, Moises tem 20 anos, integra coletivos de juventude e HIV, e faz parte do projeto Viva Melhor Sabendo Jovem com foco em juventude, sexualidade e gênero, HIV e prevenção.

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