Heterossexualidade compulsória
A heterossexualidade compulsória estipulou padrões e discursos em que os desejos de homens heterossexuais são tratados como legítimos. Quando não criticada, gera normatizações e institucionaliza papéis, que inclusive dificulta homens de se reconhecerem como machistas.
Por Reynaldo de Azevedo Gosmão
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As vivências da sexualidade humana e os atravessamentos sobre os gêneros decorrem de construções sociais e históricas, que constituem lugares para os sujeitos e suas significações imaginárias, atribuindo ritos e lógicas que fornecem mecanismos discursivos e de controle sobre os corpos e desejos.
Segundo Adrienne Rich (2010), autora norte-americana que realizou estudos sobre gênero e sexualidade, a “heterossexualidade compulsória: deve ser compreendida como uma instituição que reduziu o poder das mulheres, em sociedades identificadamente masculinas. A heterossexualidade aparece como imposição institucionalizada e naturalizada que assegura modos de exploração, constituindo a feminilidade como subalterna” (RICH, 2010, p.17).
A heterossexualidade compulsória estipulou padrões e discursos em que, os desejos de homens heterossexuais são tratados como legítimos, sobrepondo discursivamente e secundarizando os desejos das mulheres, inclusive inibindo-as da vivência da vida pública.
Apesar de diversos avanços nas últimas décadas através das lutas feministas, ainda existe a disparidade social entre os direitos de gênero “as instituições nas quais as mulheres são tradicionalmente controladas – a maternidade em contexto patriarcal, a exploração econômica, a família nuclear” (RICH, 2010, p. 19).
Portanto, a heterossexualidade compulsória quando não criticada gera normatizações e institucionaliza papéis, inclusive dificulta homens de se reconhecerem como machistas.
Está em jogo não só a relação com as mulheres, mas o próprio reconhecimento do que é ser homem, sendo uma matriz problemática que carece “desrritualizar”, para que surjam novos modos de vivenciar as possibilidades de gênero e da sexualidade, sem opressões para aqueles que não cumprem essa obrigatoriedade histórica que definiu o que pode ou não para homens e mulheres na vivência das sexualidades.

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Referência: RICH, Adrienne. Heterossexualidade compulsória e existência lésbica. Bagoas: estudos gays, gêneros e sexualidades. Natal: v. 4, n. 5, jan./jun. 2010, p. 17.
Texto fragmentado do estudo: OS IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS E O MODO ENUNCIATIVO NOS DIÁLOGOS DE UMA MULHER NO TINDER. Realizado pelos pesquisadores e pesquisadoras: Reynaldo de Azevedo Gosmão; Luana Cristina de Oliveira Santos; Luciana Soares da Silva
1 Comment
Até em relação a namoro homo, mesmo quando se é cisgenero e, o “hetero” (que assim se define) extravasa o que antigamente se dizia “tirar casquinha”, por saber que outro homem esteja desejando, acontece! Na Faculdade um dos professores percebeu eu e um colega “se conhecendo” e perguntou se já estávamos namorando, ai justifiquei que trabalhávamos e tínhamos outros convivios, ai melhor se conhecer mais, ai ele chegou perto e disse atração difícil resistir e me beijou até demorado, carinhoso, dava de sentir ele excitado! Ai disse a ele, sem eu estar namorando, valeu a companhia dele. Mas que ele já era “comprometido”! Mas, sem moralismos, alisou o ego ele me desejando e ousar e, pensei: um homem mais contido no iniciar relação e outro “decidido” no “chegar”! Mas quando o namoro com colega, veio, iniciou, foi Inesquecível!