Jovens do MST utilizam fotografia para discutir direitos humanos

| Por: Parafuso Educomunicação

Aproximadamente 15 adolescentes e jovens do Assentamento Contestado, no município da Lapa (PR), têm participado de oficinas de educomunicação do projeto Click Parafuso. Ao longo de 2016, foram mais de 108 horas de atividades de discussão sobre direitos humanos, direitos específicos de crianças, adolescentes e jovens, com ênfase na linguagem da fotografia.

Até agora, os participantes fizeram registros fotográficos da 15ª Jornada de Agroecologia, da Festa da Colheita que rolou na comunidade deles, e de uma saída fotográfica pelo Assentamento. Durante o Seminário de 11 anos da Escola Latinoamericana de Agroecologia, na sede do Assentamento, além de fotografarem as atividades, também houve a realização de uma exposição com 20 imagens feitas pelos participantes, retratando o cotidiano de suas famílias, amigos e a natureza local. Essa exposição contou com a presença de aproximadamente 70 visitantes e para quem não pode ir, as imagens estão disponíveis em um álbum no Facebook. Se você ficar de olho no portal da Parafuso Educom, em breve, vai conseguir assistir a um vídeo que conta como foi a exposição.

Adolescentes do projeto se reúnem para foto durante Saída Fotográfica pelo Assentamento Contestado. Foto: Diego Silva/ Parafuso Educom.

 

Impacto

O adolescente Mateus Veiga Schons participa do projeto e conta que as atividades o ajudaram a enxergar a linguagem da fotografia de outra forma. ‘‘O projeto me passou um novo conhecimento sobre a foto, me ensinou a ver e sentir a expressão das pessoas ou o que elas querem expressar. O Click Parafuso me trouxe grandes conhecimentos profissionais e abertos, que acho eu que nem um curso fechado, de faculdade, me ensinaria’’, analisa.

A adolescente Ana Paula Mariglod também mora no Assentamento Contestado, conquistado historicamente através da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Assim como o Mateus, ela também participa do Click Parafuso e ela acredita que passou a ter uma percepção mais sensível sobre o que está ao seu redor. ‘‘Às vezes, imagens simples que a gente nem reparava pode dar uma bela foto. Das coisas simples é que saem as melhores fotos’’, comenta.

O adolescente Mateus Veiga posa ao lado da foto que fez no acampamento do MST, no município de Castro (PR). Foto: Diego Henrique/ Parafuso Educom.

O Mateus diz que a sua oficina preferida foi uma em que os participantes saíram pelo Assentamento pra registrar lugares como a ponte sobre o Rio Iguaçu, a linha férrea, a antiga estação de trem e uma das cachoeiras do local. Ele afirmou ter gostado por causa do trabalho coletivo que rolou, já que todos saíram juntos para fotografar e o uso dos equipamentos foi sendo revezado durante a atividade. Já a Ana curtiu mais a oficina sobre regras de composição, onde foram abordadas questões sobre como quebrar ou manter padrões, destacar as linhas e evidenciar a textura das coisas, por exemplo.

Uma das fotos tiradas durante as oficinas, da adolescente Jhully Brunhera dos Santos, está entre as imagens da exposição fotográfica Por Ser Menina, que aconteceu em Outubro de 2016, na Matilha Cultural, em São Paulo (SP). A foto,chamada “Quero Voar” participou de uma votação online no Facebook da Plan International Brasil durante o mês de setembro e conseguiu o maior número de curtidas. Como vencedora dessa votação pública, a foto também será impressa, emoldurada e enviada para a participante do Click Parafuso, que realizou a imagem como atividade da oficina sobre ensaio fotográfico.

O concurso “Por Ser Menina” tem o objetivo de premiar fotografias que ilustrem os direitos e o empoderamento de meninas e adolescentes na América Latina. Foto: Jhuly Santos/ Click Parafuso.

 

Participação social

Uma das atividades realizadas durante as oficinas foi o levantamento de propostas para a revisão do Plano Estadual Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente do Paraná, documento que traz as diretrizes e prioridades de ação para melhorar a vida de meninos e meninas até 2023. Ao todo, eles levantaram 11 propostas em todas as áreas do Plano, a saber: ‘Direitos à Vida e à Saúde’, ‘Direitos à Liberdade, Respeito e Dignidade’, ‘Direito à Convivência Familiar e Comunitária’, ‘Direito à Educação, Cultura, Esporte e Lazer’, ‘Direito à Profissionalização e Proteção no Trabalho’ e ‘Fortalecimento das Estruturas do Sistema de Garantia dos Direitos’.

 

Ao final do projeto, representantes dos adolescentes devem ir até o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do município da Lapa para apresentar os resultados do projeto aos conselheiros.

 

Entrada da sede do Assentamento Contestado. Foto: Francisco Monnerat Ferreira /Click Parafuso.

 

Vem por aí…

No primeiro semestre de 2017 ainda será realizada uma oficina de encerramento, onde os participantes avaliarão todo o processo e farão uma confraternização. Além disso, será lançado um e-book com fotografias produzidas pelos participantes, bem como realizado uma formação com professores sobre uso das tecnologias na sala de aula e um evento sobre comunicação e criminalização de movimentos sociais.

 

O projeto

Click Parafuso é realizado pelo coletivo paranaense Parafuso Educomunicação e pela ONG Centro Cultural Humaita, com diversos outros parceiros, como Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – Paraná (Fórum DCA PR); Sismuc – Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba, Renajoc – Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores(as); e Comtiba – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Curitiba. Conta ainda com o apoio do Ministério da Cultura, em parceria com o Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por meio do edital Comunica Diversidade 2014, e da FLD – Fundação Luterana de Diaconia, por meio do Edital de Apoio a Pequenos Projetos.

 

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