Evento paralelo discute consumismo infantil
Se exite um recorde brasileiro que não temos motivo nenhum para comemorar é o recorde do tempo em que as crianças brasileiras passam em frente a televisão. São mais de quatro horas por dia, o que faz de nós campeões mundiais sem concorrentes. Esse triste dado ainda interfere em situações ainda mais preocupantes, como o consumismo infantil, que estimula as crianças a hábitos de vida nada sustentáveis, como a prática constante de ingerir alimentos muito calóricos e pouco nutritivos.
O debate sobre como a publicidade estimula o consumo exacerbado das crianças e a necessidade de uma regulamentação nacional sobre a publicidade infantil é uma das principais frentes do Instituto Alana, que organizou nessa quarta-feira, 13 de junho, o side event (evento paralelo) da Rio+20 “Consumismo Infantil, Publicidade e Sustentabilidade”, que contou com a presença de algumas especialistas no assunto.
“As crianças, sem saber, estão sendo estimuladas ao consumo insustentável”, comentou Gabriela Vuolo, do Instituto Alana, mostrando exemplos de recursos audiovisuais que as campanhas publicitárias usam para atrair as crianças, que ainda não tem a capacidade de discernir a linguagem meramente mercadológica das propagandas. Mas o mais preocupante foi ver como o governo brasileiro reage em relação a isso, fechando os olhos para um sério problema e partindo em defesa da indústria publicitária. Mariana Ferraz, do Instituto de Defesa do Consumidor – IDEC, relatou que o governo entende que regulamentar a publicidade infantil, como já é feito em vários países, seria um desrespeito à liberdade de expressão, “à liberdade comercial de expressão, o que não existe de maneira alguma em nossa constituição brasileira!”, ressaltou Mariana.
Em contra partida, ironicamente, os órgãos reguladores do governo foram capazes de advertir o site do Movimento Infância Livre de Consumismo, como relatou Ana Cláudia Bessa, mãe de duas crianças, de seis e sete anos, integrante do movimento que denuncia campanhas persuasivas e que estimulam práticas de consumismo e hábitos de vida que não são saudáveis às crianças. “Os mesmo órgão que quer defender a liberdade de imprensa da indústria da publicidade infantil não quer defender a liberdade de imprensa de um movimento de pessoas que se preocupam com o que os seus filhos consomem”, argumentou Gabriela, do Instituto Alana.
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