Entre os influenciadores digitais e o jornalista tradicional
Por Nathálya Roberta
“Matérias não existem no mundo dos influenciadores digitais”. É dessa forma que Claudia Assef, jornalista, colunista, DJ e fundadora da Women’s Music Event, plataforma que tem como objetivo aumentar o protagonismo da mulher no cenário musical, introduz um dos assuntos debatidos no terceiro dia do “Seminário de Jornalismo, as novas configurações do quarto poder”. O evento foi realizado pelo Sesc Vila Mariana e a revista Cult, entre os dias 15 e 17 de agosto, em São Paulo.
A mesa “Cultura além do serviço: qual é o espaço do jornalismo cultural nos dias de hoje? ”, contou também com a editora de cultura do jornal argentino Clarín, Patrícia Kolesnicov e a jornalista da rede Jornalistas Livres, Laura Capriglione.
Dentre os assuntos abordados, como a elitização da cultura e a frequência do público paulistano em programas culturais, Claudia contou sobre uma experiência que teve com o festival de música e arte “Coachella”. Segundo ela, duas semanas antes de sua equipe, formada por jornalistas, ir fazer a cobertura, a assessoria do evento entrou em contato comunicando a modificação na estrutura da equipe de comunicação. Resolveram levar um grupo de influenciadoras digitais de um blogue de moda. “Foi um soco no estômago”, conta Claudia sobre a experiência que, segundo ela, ajudou a refletir sobre o espaço dos influenciadores digitais.
Em meio ao crescente protagonismo dos novos atuantes no mercado midiático, dúvidas como o papel do jornalista tradicional diante das mudanças atuais entram em discussão. Até que ponto esses profissionais precisam se adaptar sem perder a essência que os torna quem são? O que os jovens da periferia, professores de mais de 30 anos de carreira e meninas que gostam de maquiagem podem ter em comum? Simples. Eles estão influenciando um público que até então não existia.
Até algumas décadas atrás, quando o papel da internet era quase inexistente, para se consumir cultura, notícias e outros conteúdos, era preciso que jornalistas apurassem e escrevessem sobre isso. Mas hoje, o cenário se apresenta de forma diferente. Não é em uma redação que tudo acontece. Pode existir a troca entre o profissional do jornal das dez com a experiência do menino de 14 anos que nunca saiu de sua cidade. A verdade é que a internet nos permitiu conectar uns aos outros e passar adiante o que se têm para dizer com quem quiser e puder ouvir.
Cobertura Educomunicativa
A Agência Jovem de Notícias realizou a cobertura educomunicativa do Seminário “Jornalismo: novas configurações do quarto poder”, realizado pelo Sesc Vila Mariana e a Revista Cult. A atividade é realizada em parceria entre a Viração e o Sesc Vila Mariana e conta com a participação de 13 jovens estudantes de jornalismo, com o apoio de profissionais da Viração.