Dona Ivone Lara: A Rainha do Samba

De enfermeira a Rainha do Samba, uma trajetória marcada por perdas e conquistas!

Por Gustavo Souza, da redação.

Ivone Lara da Costa, mais conhecida como Dona Ivone Lara, filha da costureira Emerentina Bento da Silva e do mecânico José da Silva Lara, nascida em 13 de Abril de 1922, em Botafogo, no Rio de Janeiro, foi cantora e compositora, enfermeira, assistente social e instrumentista. Não faltam adjetivos para essa lenda. Ivone cresceu em uma família humilde, onde a música sempre esteve presente, porém aos 3 anos de idade, a pequena passou por um dos momentos mas difíceis de sua vida: a morte de seu pai. Sem o marido, sua mãe continuou cuidando da filha sozinha. No entanto, ainda muito nova, ela também perdeu sua mãe.

Com a perda dos pais, Ivone passou a viver e estudar num colégio interno. Lá, fez amizades e foi onde se envolveu ainda mais com a música. Uma curiosidade sobre Ivone é que ela forjou sua data de nascimento para entrar no colégio, pois ainda não tinha a idade necessária para se matricular., Sua sensibilidade musical surgiu desde cedo: a menina que cantava muito bem passou a se interessar ainda mais por música, devido ao seu passarinho chamado Tiê. Com 10 anos, Ivone conversava com seu pássaro e fazia versos para se comunicar e expressar seus sentimentos a ele. Anos depois, Ivone lançou uma música intitulada “Tiê, Tiê”, onde conta suas memórias com a ave.

No final dos anos 30, ela foi morar com seu Tio Dionísio. Foi com ele que aprendeu a tocar cavaquinho. Desde sempre muito esforçada e dedicada a aprender, já aos 17 anos Ivone iniciou a faculdade de Enfermagem e, logo depois, também se formou em Serviço Social com especialização em Terapia Ocupacional. Foram mais de 30 anos de serviço público, Dona Ivone Lara sempre viveu entre a profissão e o samba. Frequentava as rodas de samba mesmo na época em que o samba era visto como algo negativo, principalmente para as mulheres. A cantora lutou contra esses estigmas e continuou fazendo sua arte.

Dona Ivone Lara também participou da fundação da escola de samba Império Serrano e foi a primeira mulher a se destacar nacionalmente como compositora de uma escola de samba. No início dos anos 70, ela se tornou famosa no mundo do samba e não apenas no universo do carnaval. Apresentou-se em programas como o do Chacrinha, na TV Globo, em rodas de samba do Teatro Opinião, em Copacabana, na época frequentado pela elite, além de viajar para diversos locais, apresentando ao mundo o samba brasileiro, como na Europa e em países como Estados Unidos e Japão.

Pioneira, Dona Ivone gravou cerca de 15 álbuns durante toda sua vida e as canções estão na boca do povo até hoje. Algumas das mais famosas são: “Alguém me avisou”, “Sorisso negro” e “Nasci pra Sonhar e cantar”. Suas canções já foram regravadas por artistas como Beth Carvalho, Maria Bethânia, Paulinho da Viola e Alcione. Rainha faz assim, né? Quebra os preconceitos no seu tempo e deixa sua marca em gerações futuras. Dona Ivone Lara nos deixou em 2018, porém sua trajetória e sua música nos impacta até hoje. Em nossos corações e no samba brasileiro, ela estará sempre viva!

Julho das Pretas

No dia 25 de julho é comemorado o dia da mulher negra latino-americana e caribenha, intitulado em 1992, com o foco de dar visibilidade à luta de mulheres negras contra a opressão de gênero, exploração e racismo. No Brasil, a data homenageia a lider quilombola Tereza de Benguela, simbolo de luta e resistência do povo negro. Tereza assumiu o comando do Quilombo Quariterê e o liderou por décadas, ficou conhecida por sua visão vanguardista e estratégica.

Agência Jovem de Notícias + U-Report Brasil

Este texto faz parte de uma série especial de conteúdos, desenvolvidos em parceria entre a Agência Jovem de Notícias e o U-Report Brasil, para celebrar o Julho das Pretas. Além de uma série de textos, foi desenvolvido um quiz sobre mulheres negras brasileiras que marcaram a nossa história.

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