Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

5 livros que mostram a verdadeira face do maior genocídio da história: os dolorosos relatos de sobreviventes do Holocausto 

No dia 27 de janeiro celebra-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data, criada com o fito de reviver a memória das milhões de vidas ceifadas pelo regime nazista, também visa alertar o combate ao ódio contra minorias étnico-sociais, à exemplo do antissemitismo.

O Holocausto, marcado pela perseguição e assassinato em massa de judeus e outros grupos minoritários pelo líder nazista Adolf Hitler, foi um dos maiores crimes contra a humanidade da história mundial. Por isso, a fim de recordar as milhões de vítimas da Shoah* e denunciar as atrocidades de um fato que não deve ser esquecido, apresento a vocês 5 obras literárias da memória do holocausto, uma categoria da literatura de testemunho.

Shoah*:  Termo hebraico utilizado para descrever o extermínio sistemático em massa da comunidade judia pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Por Fernanda Filiú

Hoje, dia 27 de janeiro, comemora-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data, instituída em 2005 pela Assembleia Geral da ONU, tem como objetivo incentivar a sociedade a promover a memória das vítimas do Holocausto a fim de que os erros cometidos no passado não voltem a acontecer.  

A data se refere ao dia que as tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, o maior e mais mortífero campo de extermínio do regime nazista. Ao todo, 7 mil prisioneiros, entre eles judeus, ciganos, e outros grupos minoritários perseguidos pelos nazistas foram libertados pelo Exército Vermelho no dia 27 de janeiro de 1945. 

Segundo dados da Enciclopédia do Holocausto, do United States Holocaust Memorial Museum (USHMM), somente em Auschwitz, o número de mortos chegou à aproximadamente 1 milhão. Este complexo, símbolo da maldade humana, era formado por 40 campos de concentração e extermínio, incluindo Birkenau, Monowitz e seus subcampos. Atualmente, registra-se que mais de 6 milhões de pessoas foram mortas durante o Holocausto. 

Assim, neste dia tão importante para a história mundial, trago 4 indicações de livros que são testemunhos das atrocidades causadas pelo Holocausto. As produções, escritas por sobreviventes judeus, visam reafirmar a memória das vítimas de um crime que não deve ser esquecido, repetido ou romantizado.

Boa leitura! 

1-En algún lugar todavía brilla el sol (Somewhere there is still a sun)

Autor: Michael Gruenbaum

Reprodução: Amazon

A obra escrita por Michael Gruenbaum conta a história de sua passagem no campo de concentração de Terezin, na República Tcheca. Localizado à 60km de Praga, cidade natal da família Gruenbaum, “En algún lugar todavía brilla el sol” retrata a deportação de Michael, sua irmã e sua mãe para Terezin, local onde vivenciaram na pele os horrores do Holocausto. 

Em Terezin, Michael foi alocado com 40 garotos em um único quarto. A convivência diária ocasionou uma forte ligação e amizade entre eles, o que auxiliava no cotidiano assustador que enfrentavam. À exemplo disso, tinham-se as chegadas constantes de listas que anunciavam quem seria enviado para o “Leste”, ou seja, mandado para Auschwitz.

Em um certo dia, Michael e sua família estavam entre os nomes da aterrorizante lista do Leste. O chamado exigiu o possível e o impossível para a sobrevivência do garoto, que contou com a determinação e perseverança da mãe para a sua própria proteção e de sua irmã.

2-Última parada Auschwitz

Reprodução: Amazon

Autor: Eddy De Wind

O livro “Última parada Auschwitz” é o único livro da história escrito inteiramente dentro de um campo de concentração. A obra de autoria de Eddy De Wind, último médico judeu a se formar na Universidade de Leiden durante a Segunda Guerra Mundial, retrata a chegada dele e de sua esposa Friedel à Auschwitz em 1943. 

Separados e mandados para diferentes blocos, Eddy e Friedel vivenciaram os piores momentos de suas vidas. Ele, trabalhando no cuidado de prisioneiros políticos e ela, enviada para onde as vítimas eram usadas em cruéis experimentos médicos. 

Prestes a perderem a guerra e com medo da aproximação russa em Auschwitz, os nazistas fogem do campo de concentração. Tentando destruir evidências e rastros, eles mandam os sobreviventes, entre eles Friedel, caminharem em direção à Alemanha, ação que ficou conhecida como “Marchas da Morte”. Entretanto, Eddy conseguiu se esconder e permaneceu no campo até a chegada dos russos. E nesse período, iniciou a escrita desta obra, descrevendo as atrocidades que aconteciam em Auschwitz.

3-É isto um homem?

Autor: Primo Levi

Reprodução: Amazon

Em “É isto um homem?” Primo Levi relembra sua passagem no campo de extermínio de Auschwitz. Retratando seu cotidiano em primeira pessoa, Levi mostra aos leitores como a dignidade humana dos prisioneiros, incluindo a sua, foi reduzida a zero. 

Levantando questionamentos ao longo de toda obra, sem demonstrar nenhum sentimento de vingança, esperança ou pena de si mesmo, o autor nos mostra o que acontece quando o ódio impera na sociedade. Seriam estes mesmos homens?

Primo Levi foi deportado para Auschwitz em 1944 juntamente com outros 650 judeus italianos. No entanto, Levi foi um dos poucos que sobreviveram ao genocídio, retornando à Itália em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial.

4-Eu sobrevivi ao holocausto

Autora: Nanette Blitz Konig

Reprodução: Amazon

Nanette Blitz Konig em seu livro “Eu sobrevivi ao Holocausto” relata sua luta diária de sobrevivência no campo de concentração de Bergen-Belsen, localizado ao norte da Alemanha. 

Nascida na Holanda e colega de classe de Anne Frank, Nannette presenciou brutalidades inimagináveis durante o um ano que ficou presa em Bergen-Belsen.  Ao longo da obra, a autora apresenta ao público leitor as mais traumáticas situações que vivenciou durante a guerra, na época com apenas 15 anos de idade .

Hoje com 93 anos, Nanette Blitz Konig é radicada no Brasil há mais de 6 décadas e dedicou grande parte de sua vida a realizar palestras sobre a temática e reviver a memória do que não deve ser esquecido.

5-Depois de Auschwitz

Autora: Eva Schloss

Reprodução: Vitrola Editora

“Depois de Auschwitz” conta a história de como Eva Schloss escapou da morte durante o regime de terror de Adolf Hitler. Austríaca, Eva, na época com 9 anos de idade, precisou se refugiar juntamente com sua família na Bélgica e depois na Holanda, devido a invasão nazista à Áustria em 1938. 

Amiga de infância e meio-irmã de Anne Frank, em razão do casamento de sua mãe Fritzi Geringer com Otto Frank, Eva foi enviada à Auschwitz  com apenas 15 anos. A obra é um depoimento intenso e trágico de sua passagem em Auschwitz e da luta diária para reconstruir a vida depois o Holocausto. 

Descrevendo as terríveis condições dos campos de concentração, Eva relembra as dolorosas memórias vividas em Auschwitz. Além disso, a autora mostra aos leitores todo o processo de convivência com os traumas pós-libertação e as tentativas de ressignificação da vida após viver o maior genocídio da história humana. 

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