Dia da Internet Segura: por uma rede mais positiva

Ontem, dia 7 de janeiro, foi dia mundial da internet segura. A data foi instituída pela Rede Insafe na Europa para conscientizar as pessoas sobre como se proteger nas redes e como usar a internet de maneira positiva. As comemorações desse dia vão desde palestras, até o lançamento de campanhas, cartilhas e realização de atividades sobre a temática.

No Brasil, o evento está em sua 9ª edição e contou com 110 atividades pelo país, espalhadas em 18 estados. A principal delas ocorreu em São Paulo, organizada pela Safernet Brasil em parceria com o Google e o NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR). Foi um dia inteiro de palestras que ministradas por representantes de grandes corporações online – como Facebook, Google, Microsoft e Twitter – além de membros do governo, organizações da sociedade civil e portavozes de usuários.

Palestrantes na 9ª edição do Dia da Internet Segura em São Paulo

Porém, a relevância desse evento não está na presença de figuras importantes no mundo web, mas na mensagem transmitida. Mais de 100 milhões de brasileiros acessam a internet, representando cerca de 60% da população, e os números estão crescendo. Entre as crianças, a porcentagem é ainda maior. Segundo a pesquisa Kids Online Brasil do NIC.br, 79% dos brasileiros entre 9 e 17 anos são usuários da internet. E não são apenas as crianças e adolescentes que estão em risco, o Índice da Cidadania Digital, promovido pela Microsoft Brasil, informa que 71% dos brasileiros que usam a internet disseram terem sido expostos a um risco digital no último ano.

Por isso, é de suma importância que as pessoas sejam informadas sobre como usar a internet de maneira segura. O presidente do NIC.br, Demi Getschko, explica que “não há internet segura, assim como não há uma faca segura, se você usar de maneira errada, pode se machucar. a Internet é uma ferramenta e o que queremos é que ela seja usada de maneira segura e da melhor maneira.”

 

Como se proteger online

Durante o evento do Dia da Internet Segura, uma série de materiais foram lançados para dar dicas de como se proteger online. “Confira as opções de privacidade da sua conta”, “Crie senhas inteligentes, com números e caracteres especiais” e “Não baixe conteúdos em sites estranhos” foram algumas das dicas contra hackers. Vanessa Fonseca, da Microsoft Brasil diz que “as pessoas não tem realmente noção do perigo de clicar em um link perigoso ou outros riscos da internet, por isso precisamos disseminar o conhecimento da segurança na web”.

Mas não são os hackers o maior risco online para usuários comuns. Segundo o Índice da Cidadania Digital, o maior risco é o contato indesejado, seguido por maneira de assédio online e cyberbullying. Levando isso em conta, o youtuber Luba, que está produzindo uma série de vídeos sobre internet segura, aconselha os usuários a “cuidar muito do que postam online” para evitar perigos.

Vídeo do Youtuber Luba que conscientiza pessoas sobre segurança na web

 

Porém, mesmo que não nos expusermos além dos limites, muitas pessoas mal intencionadas se escondem atrás de seus perfis virtuais para publicar ofensas e reproduzir discurso de ódio. São muito comuns episódios de racismo, machismo e lgbtfobia nas redes. Podemos citar como exemplo os comentários racistas à jornalista negra Maria Júlia Coutinho em 2015.

Contudo, a internet não é terra sem lei e os responsáveis por esses crimes devem sofrer a punição devida. Miriam von Zuben, responsável pela produção dos Guias Internet Segura do NIC.br, lembra “Os direitos que temos offline são os mesmo que temos online”.

Em 2014, foi promulgado no Brasil, o Marco Civil da Internet, que é um conjunto de leis sobre o uso da internet brasileira. Esse regulamento garante maior proteção aos direitos do usuários e permite que os sites bloqueiem conteúdos indesejados segundo seus códigos internos e denúncias de usuários.

Portanto, além de proteger nossas contas e informações na internet, também é preciso conhecer e reivindicar nossos direitos online, denunciando casos de violação.

Na família da educadora e analista de sistema Idelma de Brito, o uso seguro da internet é um assunto frequente. Ela participou do evento em São Paulo com seus três filhos e acompanha as discussões do Comitê Gestor da Internet há algum tempo. Idelma fala abertamente com os filhos jovens sobre os riscos da rede. “O que tiver que falar eu falo. Prefiro que seja eu do que alguém de fora. Eu monitoro o que eles fazem na internet até hoje”, comenta.

A filha, Nathalie, 20 anos, que estudou análise de sistemas com a mãe, confirma. “Às vezes ela vem e pergunta sobre algo que eu postei, quer saber o que aconteceu. Eu acho bom, assim eu posso refletir sobre o que eu falo. Só acharia ruim se ela entrasse no perfil sem minha permissão”, diz.

Página de cartilha da Safernet sobre denúncia de abusos na internet

 

Usar a internet de maneira positiva

Mas para tornar a internet um lugar mais seguro, não basta se proteger. Também é preciso fazer um uso positivo dela. “A internet não é só um espaço de violação, mas de potencialização de direitos”, argumenta Miriam von Zuben. Ela diz que a rede permite a ampliação do acesso à informação e liberdade de expressão e que isso deve ser aproveitado.

Se antes precisávamos consultar enciclopédias e livros para pesquisar certos assuntos, hoje basta “dar um google” que encontramos. Além disso, a internet encurtou distâncias, permitindo a rápida comunicação com pessoas do outro lado do mundo. Por esses e outros fatores, há quem discuta se o acesso à internet não é por si só um direito.

Assim, precisamos aproveitar todas as oportunidades que a rede nos dá. Por isso, o Secretário de Política de Informática do MCTIC, Maximiliano Martinhão afirma que “é preciso construir confiança e segurança online, porque se não confiamos na internet não conseguiremos usar todo o seu potencial.”

Redatora e repórter na Agência Jovem de Notícias

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