Democracia e Direito dos Povos são discutidos em Fórum de Resistências
| Por: Maurício D’Paula – Correspondente AJN em São Luís-MA; Fotos: Diego Mendonça / Movimento Nossa Brasília
Dos dias 17 a 21 de janeiro representantes de todos os continentes se reuniram em Porto Alegre, durante o Fórum Social de Resistências (FSR), para discutir o futuro dos movimentos e organizações sociais frente ao cenário de ataques à democracia, à liberdade de expressão, redução dos direitos sociais e avanço do conservadorismo e intolerância.
O evento foi realizado paralelamente ao Fórum Econômico Mundial que acontecia em Davos, na Suíça, onde uma cúpula de 100 “poderosos” chefes de Estado decidiam o futuro da economia mundial.
O FSR teve programação diversificada, abrangendo atividades de matriz africana a atos evangélicos, numa prova de que o respeito mútuo às diferenças é possível em uma democracia. Porém o tema que percorreu todas as mesas, plenárias e rodas de conversa foi: qual será a resposta que a esquerda dará nesse momento de crescimento do neoliberalismo e do conservadorismo?
Orientados por essa indagação, os debates se concentraram nas seguintes linhas temáticas: democracia e participação popular, desigualdades, reforma no sistema político e cidades sustentáveis.
Para o filósofo e membro da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política, José Antônio Moroni, a democracia representativa brasileira pouco reflete a massa populacional: “o parlamento de qualquer país tem de ser o espelho da sociedade. Mas, no Brasil, temos um Congresso formado por uma maioria de brancos, heterossexuais e grandes proprietários. Os jovens são apenas seis e, mesmo assim, representam uma oligarquia que se perpetua há décadas no poder”, afirmou.

Com uma política cada vez mais excludente, os movimentos sociais mundo afora precisam rapidamente mostrar o potencial mobilizador e ocupar de forma qualificada os espaços de decisão. Nesse sentido, agregar novas experiências de participação popular vem se revelando como um processo promissor para o controle social.
No FSR, essa discussão ficou a cargo da Rede Brasileira de Orçamento Participativo, que destacou o Orçamento Participativo Popular (OPP), sistema no qual o população vota diretamente quais são as prioridades na aplicação dos recursos do orçamento de seu município , como sendo umas das principais maneira de exercício da democracia direta.
Desigualdade e Resistência Urbana
De acordo com a Oxfam Internacional, que atua na redução da pobreza em mais de 90 países, a fortuna das oito pessoas mais ricas do mundo equivale à renda de 3,9 bilhões das pessoas mais pobres do mundo. É justamente essa má distribuição de riquezas que reforça a falta de oportunidades, que marginaliza e criminaliza a periferia e gera elevados índices de violência.
A articuladora da Rede Social Brasileira por Cidades Justas, Democráticas e Sustentáveis, Zuleica Goulart, explica que “a diminuição das diferenças sociais é condição básica para o bem-estar da população e possibilita a construção de um espaço urbano sustentável”.
Por esta linha, apreende-se que a efetivação de política pública em áreas com índices de baixa renda é condição fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária e menos excludente.

Mas resta um questionamento: como resistir no contexto urbano de tantos desafios?
O Fórum Social de Resistência mostrou que o principal caminho para defesa dos interesses das minorias e enfrentamento das classes poderosas é a união dos movimentos sociais.
É apenas a partir dessa integração de atividades e construção de agendas comuns, que pautem debates da realidade local sem se descolar de um contexto global, que possibilitará gerar algum tipo de pressão política, assim como sensibilizar e mobilizar novos atores para o engajamento nas causas defendidas pela sociedade civil organizada.
