CRÔNICA: Pelo que lutamos, de fato?
| foto e texto: Leandra Barros
Dizemos que os pobres que cometem delitos o fazem porque não tiveram oportunidade. Fora-lhes negado na maioria das vezes o acesso aos direitos básicos como saúde e educação.
Justificamos que por conta disso, e das demais injustiças e desigualdades há tanta violência e maldade. É revolta… É reação.
E acredito que seja mesmo.
Mas como avaliamos a bandidagem ocorrida pelos de alto escalão? O vandalismo nos cofres públicos!.. A violência por meio dos poderosos ao enxovalhar a saúde e a educação…
O que teria faltado ao empresário ofereceu dinheiro para os que queimaram moradores de rua, aos jovens da alta classe que queimaram o índio Galdino de Jesus em Brasília, à menina moradora de uma mansão no Brooklin, em São Paulo, Suzane von Richthofen, que premeditou o assassinato dos pais.
O que faltou a esses abastados pra que tomassem tal posição?
O que falta ao juiz que, 24 anos depois, anula o julgamento de 74 policiais que executaram 111 presos no Carandiru e manda pra cadeia um homem que roubou dois salames?
O que, realmente, corrompe o homem?
O que realmente traz destruição?
Por que a maioria dos pobres é tão generosa e a maioria dos ricos não abre a mão?
Não são tão bem educados os ricos? Não tem acesso ao melhor da saúde e da educação?
Por que eles têm tanto medo de perder o muito que tem, e grande parte dos pobres divide o pouco que tem com seus vizinhos que chamam de irmãos?
“O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”.
E “não se pode servir a dois senhores. Porque ou se vai amar a um e odiar o outro. Ou se devotar a um e desprezar o outro. Não se pode servir a Deus e a Mamon (o deus-dinheiro)” diz o livro dos Cristãos.
Por que é que essa regra de fé não se mostra na prática nos programas de televisão?
Se existem ricos corruptos e pobres de bom coração, não seriam as oportunidades e privilégios os problemas?
Mas quais são privilégios que questionamos?
E por que consideramos tais fatos privilégios e outros não?
Não seria o pobre que aprendeu a dividir mesmo o pouco, mais privilegiado por ter aprendido a generosidade do que o rico que vive na ostentação?
Se as questões não forem tocantes às desigualdades, lutamos pelo que, então?!
O que faz das pessoas justas?
O que faz pensar no outro como pensa em si mesmo?
O que motiva a serem bons os bons?
E o que é que instiga dentro de cada um de nós a corrupção?
Não tenho respostas hoje.
Deixo só a reflexão.