Recorde de emissões em 2017: precisamos mudar nossa rota

Por Tommaso Orlandi
Traduzido por Daniele Savietto 

O Relatório de Gap de Emissões apresentado pela ONU Ambiental analisa estudos sobre as emissões atuais e futuras de gases de efeito estufa e compara-os com os níveis de emissão necessários para atender objetivos do Acordo de Paris. O chamado “gap de emissões” pode ser definido como a diferença entre “onde provavelmente estaremos” e “onde precisamos estar” em termos de emissões globais de gases de efeito estufa.

A IX edição deste relatório está de acordo com o relatório especial do IPCC. Ambos os documentos mostram que, agora mais do que nunca, cada país é obrigado a agir com urgência e imediatamente. As atuais Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) estão longe de serem suficientes para cobrir a diferença de emissões antes de 2030. A mensagem é clara: é tecnicamente possível atingir as metas de Paris, mas sem NDCs mais ambiciosos, não será possível controlar o aquecimento global a 1,5 ° C acima dos níveis pré-industriais.

As emissões globais não parecem atingir um pico. Após três anos de estabilização, em 2017 as emissões de CO2 aumentaram e atingiram o nível recorde de 53,5 GtCO2. Estes dados levaram a avaliar a necessidade de triplicar os esforços atuais em NDCs para conter o aquecimento global dentro da casa dos  2 ° C, e ainda quanto esses esforços terão que aumentar 5 ou 6 vezes mais para fixar o limite a 1,5 ° C.

Se os Estados demonstrarem muita “preguiça” na redução de suas emissões de gases do efeito estufa, o relatório avalia que a temperatura global subirá até 3 ° C até o final do século. Além disso, a quantidade máxima de CO2 que podemos emitir para limitar o aquecimento global a 2°C – o chamado “orçamento de carbono”- terminará em 2030. Atualmente, o orçamento de carbono para limitar esse aumento em 1,5°C está concluído. Outra razão que aumentou a lacuna de emissões é o agravamento das previsões sobre a adoção de inovações das tecnologias de remoção de carbono em médio-longo prazo.

O relatório não está apenas nos dando um esboço da situação, mas também fornece possíveis soluções a serem implementadas para reduzir o gap de emissões. Em primeiro lugar, os Estados são obrigados a fortalecer suas ambições sobre mitigação e aumentar a eficiência de suas políticas nacionais. Além disso, um papel central poderia ser desempenhado pelas reformas da política fiscal e pela introdução do imposto sobre o carbono, através do qual seria possível eliminar progressivamente os subsídios para os combustíveis fósseis. Sobre esse assunto, já encontramos exemplos na Suíça, na Suécia e no Canadá. Uma última possibilidade apontada pelo relatório como possível chave para acabar com as brechas desse gap  de emissões é acelerar a inovação tecnológica, uma vez que pode modificar profundamente as sociedades e, consequentemente, as suas emissões.

Concluindo, os autores do relatório estão enviando uma mensagem clara aos governos: é incontestável esse enorme gap. Entretanto, as chances de preenchê-lo são grandes. Quando escolhas relacionadas ao setor climático têm que ser feitas, não estamos autorizados a assumir riscos porque é exatamente pelas soluções aqui adotadas que depende a vivência futura do planeta.

 

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