O amanhã está aqui: Brasil lida com os impactos das mudanças climáticas

Por Elisa Calliari
Traduzido por Carlotta Zaccarelli 

A floresta amazônica, pulmão verde da terra, está em perigo e isso não é novidade. O que as pessoas não entendem completamente é a gravidade do problema: nos últimos trinta anos, perdemos uma superfície equivalente a duas Alemanhas –  duas Alemanhas! – principalmente como resultado da conversão da floresta em terras agrícolas.

Esse processo tem efeitos devastadores. Implica na perda de habitats para milhares de espécies e na perda de meios tradicionais de subsistência para os povos indígenas, que contam com os serviços e produtos que as florestas fornecem. Também implica em enormes consequências no clima e isso afeta todos nós. De fato, quando desmatamos, estamos nos livrando de um dos aliados mais preciosos que temos na luta contra as mudanças climáticas, pois as florestas absorvem anualmente cerca de um terço das emissões de carbono resultantes da combustão de combustíveis fósseis. Além disso, quando uma árvore é cortada, todo o CO2 que havia anteriormente armazenado se vai, contribuindo ainda mais para o aquecimento global.

O Brasil está nas incômodas posições de ser tanto a vítima quanto a responsável pelos impactos adversos das mudanças climáticas que enfrenta atualmente. Na quinta-feira passada (6), no pavilhão brasileiro da COP24, assistimos ao pré-lançamento do documentário “O Amanhã é hoje: O drama dos brasileiros impactados pelas mudanças climáticas” da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental (ISA). O filme mostra vários casos emblemáticos: desde os danos sofridos pelas comunidades costeiras que dependem da produção de ostras, como resultado do aumento da temperatura da água, até os centros urbanos atingidos por tempestades e as comunidades indígenas da Amazônia ameaçadas por incêndios florestais.

Proteger a floresta amazônica é, portanto, uma prioridade não só para aqueles que realmente vivem lá, mas também para a comunidade internacional como um todo. Os povos indígenas podem e devem ter um papel central nesse processo. Como Nara Baré, líder da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), explicou no final da exibição, não se trata apenas de valorizar seu conhecimento tradicional para preservar a floresta. Trata-se de reconhecer a floresta como um elemento central de sua identidade: “Eles frequentemente nos chamam de ‘os guardiões da floresta’. Mas nós não somos guardiões: somos nossa floresta. Sem o nosso território, não existimos ”.

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