A comunicação na luta contra a violência cotidiana

A comunicação na luta contra a violência cotidiana

Por: Júlia Mayumi da Jornalismo Jr., empresa júnior da Escola de Comunicação e Artes da USP/Ilustração: Natália Forcat

A violência é uma pauta que não sai do destaque dos jornais. É briga de trânsito, discussão no ônibus, confusão em saída de festa… Qualquer coisa já é motivo pra partir para a agressão. Mesmo que não cheguem às vias de fato, atitudes violentas tornam a vida em grupo muito mais difícil.

Mas nem todos são adeptos da agressividade. Muitas pessoas têm a gentileza como hábito e a calma como mantra. Como, na mesma sociedade, podem existir dois tipos tão diferentes?

Foi essa pergunta que fez o psicólogo americano Marshall Rosenberg chegar na metodologia da Comunicação Não-Violenta (CNV). Seu objetivo é trazer o altruísmo e a empatia para as ações cotidianas, tornando a sociedade mais amigável e pacífica.

A CNV possui quatro componentes básicos: expressar-se com honestidade, ouvir com verdadeira empatia, compaixão consigo mesmo – evitando condenar as próprias atitudes – e evitar confrontos.

Nas redes sociais, a violência tem encontrado novas formas de existir. Comentários discriminatórios e ofensivos, críticas injustificadas disfarçadas de argumentos e “indiretas” grosseiras, inundam a internet de ódio e preconceito. O cyberbullying avança, fotos íntimas vazam e cada vez mais pessoas são afetadas na vida real, longe das telas.

A proposta da Comunicação Não-Violenta é ponderar até que ponto o que dizemos é benéfico para o próximo. Se o efeito será apenas causar tristeza e desconforto, talvez seja melhor que, ao invés de despejar nossos sentimentos no outro, paremos para pensar por que eles estão em nós.

Sucumbir às pressões sociais, que exigem sempre estarmos certos e sermos bem-sucedidos, pode trazer prejuízos não apenas aos interlocutores agredidos, mas a nós mesmos! É importante refletir sobre a origem das nossas ideias e assumirmos a responsabilidade pelos nossos sentimentos.

Usar as ferramentas da Comunicação Não-Violenta para tornar não só o meio digital, mas todos os espaços de convivência lugares mais seguros e saudáveis é uma atitude, mais do que cidadã, humana.

Vamos praticar?

Praticar a comunicação não violenta pode ser bem simples. A AJN traz 5 dicas para você aplicar a CNV no dia a dia:

  • Ressignifique a palavra “criticar”: Apontar defeitos e erros parece ser uma prática comum, coloque em sua cabeça que pessoas erram e não há nada de errado nisso. Substitua suas críticas por sugestões e saiba aplicá-las de forma sutil e afetuosa.
  • Saiba escutar: Saber escutar é primordial, para tomar decisões e posições em um diálogo, ao escutar, você enquanto receptor recebe elementos que o ajudam a refletir a partir de novos olhares.
  • Desenvolva empatia: Se colocar no lugar do outro é fundamental para estabelecer o convívio justo e pacífico, compreender questões que estão muito além de sua percepção individual e centralizada é uma característica essencial para viver em grupo.
  • Não use linguagem discriminatória: Exclua do seu vocabulário frases, palavras ou expressões que apresentem teor discriminatório. Alguns ditados populares podem alimentar o racismo, machismo, homofobia, xenofobia entre outros crimes de ódio, que mesmo que não intencionalmente, podem atacar e ferir alguém.
  • Se livre dos estereótipos: A associação a estereótipos invisibiliza e dificulta o relacionamento entre pessoas. Saiba usar as nossas diferenças a seu favor e permita-se conhecer as pessoas, não as características atribuídas a elas.

Estas e outras dicas podem ser encontradas na obra Comunicação Não – Violenta-Técnicas Para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais do autor Rosenberg, Marshall B.

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