Como o contexto social em que vivem os sujeitos influencia no exercício da liberdade de expressão?

Por Gabriela B. e Jennyfer N., do projeto Jovens Comunicadores
Imagem: Juliane Cruz

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”, de acordo com o artigo 19° da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A liberdade de expressão pode ser entendida, logo, como o direito dos sujeitos de receber e de transmitir opiniões e outras formas de expressão, independente de quais sejam, em todos os espaços. Entretanto, a depender do espaço que os sujeitos ocupam na sociedade, o acesso ao exercício desse direito pode ser maior ou menor.

Como exemplo micro da estrutura da sociedade, podemos pensar no contexto escolar. Somos ensinados desde sempre que devemos ir à escola e acabamos por vê-la como uma “segunda casa”, entretanto muitas vezes não nos sentimos livres para dizer o que pensamos ou o que esperamos. Nesse caso, há como fator uma questão institucional, pois há uma relação hierárquica entre a comunidade escolar, onde os que estão mais afastados do topo (principalmente alunos e funcionários), possuem menor espaço para expressar o que pensam e o que desejam. Outro fator tão crucial quanto o institucional que influencia na forma em que ocupamos esse e demais espaços é o estrutural, que é composto por questões como: de onde viemos, quais as nossas perspectivas de vida e como nos vemos no mundo.

Os espaços que ocupamos na sociedade se interligam diretamente com o nosso direito à liberdade de expressão. Sujeitos que fazem parte da base, posto que vivemos relações sociais hierárquicas determinadas por questões diversas, não são ouvidos dentro de grandes espaços e, dependendo de como constroem suas subjetividades, podem acabar por entender que não podem, não são capazes ou não precisam falar; guardando suas opiniões e expressões para si, aprisionando ideias e talentos, recuando perante a sociedade.

As questões sociais vividas pelos sujeitos de acordo com o contexto em que estão inseridos são extremamente influentes, principalmente na expansão de capital cultural (conceito que se refere ao conhecimento absorvido por meio do acesso à cultura durante a vida), extremamente importante para o exercício da expressão.

Por exemplo, jovens mais ricos e que vivem nos centros das capitais possuem maior acesso às principais tecnologias de comunicação, proporcionado pelo capital econômico, além de maior acesso à cidade e seus espaços culturais, visto que há uma concentração de polos culturais nos grandes centros, onde há uma diversidade de espaços como teatros, museus, parques, cinemas e exposições, entre tantos outros meios culturais. Já os jovens pobres e periféricos são destinados, na maioria das vezes, a ter menos acesso a tecnologias de comunicação e informação, por conta do custo, e menor acesso à recursos de acesso à cidade, visto que o investimento em espaços de cultura e expressão são maiores nos grandes centros e muitas vezes esses jovens não conseguem sair de suas zonas por serem distantes ou, mesmo quando há a possibilidade de chegar, o preço do transporte público ser uma barreira.

Entretanto, a juventude pobre e periférica vem subvertendo esses espaços destinados, seja por meio do uso de plataformas midiáticas onde podem comunicar suas ideias e se expressar livremente, tais como as redes sociais; seja por se apropriarem de espaços culturais do centro e, principalmente, criando espaços de resistência onde podem se expressar, inclusive por meio da cultura, nos lugares onde vivem, tais como os saraus e Slams.

O contexto social em que sujeitos que fazem parte de grupos sociais marginalizados vivem afeta no exercício do direito à liberdade de expressão; ainda sofremos represálias e preconceitos diversos em diferentes espaços. Entretanto, nos espaços que ocupamos e que ocuparemos por subversão, resistimos!

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