Como Adolescentes e Jovens podem acessar o serviço de saúde para atendimento de saúde Sexual e Reprodutiva
Sendo sujeitos sociais, adolescentes possuem direitos para cuidarem de sua saúde sexual e reprodutiva através de consultas médicas e métodos contraceptivos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde.
Por Thaís Domingos
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A sexualidade faz parte da experiência humana, como uma forma de ser e estar no mundo. Independente do gênero e da orientação sexual, todas as pessoas a vivenciam. Sendo a adolescência uma das importantes fases de descobertas e de experimentações para muitos indivíduos, é necessário ter cuidado, principalmente no que diz respeito à saúde sexual.
É importante que a educação em sexualidade aconteça efetivamente nas escolas e nos círculos sociais, para que haja a disseminação da informação, assim como a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e gravidez não intencional. Desta forma, adolescentes e jovens podem tomar decisões conscientes para relações sexuais seguras e protegidas. Segue apenas um dos muitos exemplos que comprovam a urgência do tema: de acordo com dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis 2020, houve um aumento relevante dos casos da doença na faixa de 20 a 39 anos, que passaram de 3.925, em 2010, para 152.915 em 2019.
Sendo sujeitos sociais, adolescentes possuem direitos para cuidarem de sua saúde sexual e reprodutiva através de consultas médicas e métodos contraceptivos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2016, o Ministério da Saúde disponibilizou uma cartilha onde exibe ações implementadas para a atenção e cuidado específico da saúde sexual e reprodutiva de pessoas entre 10 e 19 anos.
Mas afinal, o que são direitos sexuais e reprodutivos?
Os direitos sexuais e reprodutivos baseiam-se no direito dos sujeitos de decidirem de forma responsável e sem violência, se desejam ter filhos ou não, em qual momento desejam ter, se sim, quantos filhos ter e também o acesso à informação e métodos contraceptivos. Bem como o direito à livre experiência da sexualidade e ao sexo seguro e prazeroso.
Nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), adolescentes e jovens podem receber – de acordo com as Diretrizes Nacionais para Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde – acolhimento, orientações, a distribuição gratuita de preservativos, de pílulas anticoncepcionais e inserção de dispositivo intra uterino (DIU). A abordagem deve considerar também o respeito à autonomia e à privacidade deste público Além disso, é possível fazer testes rápidos de ISTs e obter acompanhamento em casos de diagnósticos positivos.
É necessário frisar que o uso de pílulas anticoncepcionais ou DIU não protege para IST, por isso, para se proteger é imprescindível fazer o uso de preservativo e combiná-lo com outras tecnologias de prevenção, como a Profilaxia Pré Exposição – PrEP e a Profilaxia Pós Exposição, especificamente para prevenção de infecção pelo HIV.
Falar sobre sexualidade ainda é um tabu na sociedade brasileira. Muitos jovens sentem receio de ir a consultas periódicas por medo de que seus pais ou demais pessoas descubram sobre suas vidas sexuais. Principalmente quando tratam-se de jovens mulheres, que têm seus direitos sexuais ainda mais cerceados por conta do machismo. Em conversa com a ginecologista Dra. Márcia Panthel, ela destaca a importância das consultas regulares antes e após o início da vida sexual:
“é preciso se cuidar, fazer consultas regularmente, ver um método se for o seu desejo não engravidar e diante de qualquer alteração física, também procurar ajuda profissional.”
Dra.Márcia Panthel
Agora que você já sabe mais sobre direitos sexuais e reprodutivos, confira uma lista de itens indispensáveis para manter sua vida sexual segura e saudável:
- Leve sempre um documento de identificação com foto e cartão do SUS para marcar consulta;
- Não é necessário acompanhamento dos pais, então fique tranquilo(a). Caso sinta-se à vontade, chame uma pessoa de confiança para lhe acompanhar.
- As consultas devem garantir sua privacidade e autonomia; então sinta-se à vontade para tirar dúvidas.
- Caso tenha relações sexuais sem proteção (o que não é recomendável, mas pode ocorrer por diversos motivos) ou se o preservativo utilizado romper, procure imediatamente uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realização de teste rápido para ISTs e para receber a PEP (profilaxia pós-exposição), uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras IST’s, que consiste no uso de medicamentos. Além da testagem, é importante pedir a pílula do dia seguinte, uma tecnologia que interrompe a concepção, caso haja possibilidade de gravidez.
- Faça consultas regulares ao médico e use preservativos em todas as relações sexuais, independente de estar em relações monogâmicas ou não.
Quer saber mais? Confira essas referências
Boletim da Sífilis, 2020. Acesso em 14 de maio de 2022. Disponível em:Boletim Sífilis 2020 | Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (aids.gov.br)
Cartilha Cuidando de Adolescentes: Orientações básicas para a saúde sexual e reprodutiva. Ministério da Saúde. Acesso em 14 de maio de 2022. Disponível em: cuidando_adolescentes_saude_sexual_reprodutiva_2ed.pdf
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