Como a história judaica pode te ajudar no encontro da sua identidade
Uma reflexão (um pouco motivacional) sobre como não se perder, evoluir e manter a identidade, guiando-se pela história e práticas judaicas.
Por Duda Matias
–
Como não perder a sua identidade, aquilo que te caracteriza e individualiza?
Como se manter acreditando nos seus ideais, na sua cultura, nos seus valores e não se perder no meio do caminho ao ponto de não saber mais quem é, ou não conseguir descrever a si próprio, mesmo que a vida te derrube e te maltrate inúmeras vezes?
E o que a história judaica pode te ensinar sobre isso, vale a pena desistir do conhecimento? Principalmente o autoconhecimento?
Vale destacar que os judeus tiveram uma enorme contribuição cultural, científica e espiritual para o mundo. E só para termos de consciência: Einsten era judeu, Freud era judeu, Spinoza era judeu, assim como Salvador Dali, Steven Spielberg, Bob Dylan, Hannah Arendt, Anne Frank, e várias outras personalidades marcantes ao longo da história.
Um pouco da história Judaica
Os judeus, como muitos já sabem, possuem uma longa história de perseguição absurda, iniciada pela Igreja Católica, em um conflito de interpretações religiosas: os judeus não acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus, por ele não cumprir com suas expectativas, baseadas em suas crenças com a influência de Moisés. Assim, foram acusados de propagar uma “religião do demônio’’ lá pela Idade Média. A partir daí, as relações entre cristãos e judeus só piorou.
Logo depois, lá na Europa Medieval, os Judeus haviam conquistado cargos altos na sociedade devido aos seus conhecimentos específicos e profundos em determinadas áreas: acabavam virando contadores, tradutores e outras profissões da época. Seu trabalho era tão bom que os reis decidiram dar-lhes a liberdade para virarem comerciantes, e assim foram enriquecendo, visto que seus estudos sempre contribuíram para seu desenvolvimento e o da comunidade ao redor. Consequentemente, suas riquezas originaram inveja e um sentimento antissemita que logo se transformou em ataques. O sentimento antissemita é a aversão, o ódio contra os judeus, ou qualquer outra comunidade semita, como os árabes.
E no séc. XX, a humanidade presenciou um dos maiores absurdos ocorridos no mundo, o Holocausto, pelo qual 6 milhões de judeus foram abusados, torturados e mortos, apenas por serem judeus, apenas pelo ódio propagado pelo regime nazista.
Curiosidade: Não foi só a Igreja Católica que culpou os judeus. Você sabia que, na Reforma Protestante, Martinho Lutero foi uma das principais figuras antissemitas, disseminando o ódio contra os judeus através de livros, um exemplo é o “Os judeus e suas mentiras”? Obras como essa teriam, futuramente, influenciado o ação da Alemanha no Holocausto.
Mas, tá: judeus foram muito maltratados, vítimas de diversas crueldades ao longo da história, mas como isso pode nos ensinar sobre identidade?
Primeiro, vamos explicar o que é identidade:
Identidade é tudo aquilo que te individualiza, te torna único, te caracteriza, seus valores, suas crenças, seus costumes, sua cultura, tudo o que faz parte de ti. E, em meio a um mundo globalizado, onde tudo se torna influência, onde tem-se uma acessibilidade absurda em infinitos tipos de informações e onde temos um sobrecarga de intervenções em quem somos e em quem queremos e podemos ser.
Dessa forma, torna-se um pouco difícil definirmos a nossa identidade com confiança, e, como se não bastasse, muitas situações aparecem para desafiá-la e fazer com que a descrença em nós mesmos se torne mais presente do que gostaríamos.
É inegável que essas situações se tornam um mecanismo de crescimento e desenvolvimento pessoal, mas o grande objetivo aqui é fazer com que você não se perca no meio do caminho, ou pelo menos encontrar um motivo para sempre voltar à si e realmente acreditar em você, no seu futuro, nas suas crenças, nos seus valores e na sua identidade.
O que também não quer dizer que você deve se manter rígido e com uma mente fechada, apenas acreditando em si, mas entender que a vida é um processo onde precisamos sempre buscar pela evolução.
Mas então vamos ao que interessa, o que os Judeus têm a ver com isso?
Como você leu no começo desse texto, os judeus passaram por maus bocados mas, ainda assim, eles nunca abandonaram suas tradições, sua cultura, suas crenças e ensinamentos sobre Deus, o ser humano, a natureza, o universo. Eles acreditavam na sua própria capacidade de luta e resistência em tempos sombrios (e, coloca sombrio nisso!). Nos campos e nos guetos, muitos respondiam à opressão e ao preconceito utilizando suas próprias mentes, suas próprias vontades, crenças, esforços.
Eles lutaram com suas tradições, fazendo com que elas se propagassem até hoje. E o principal de tudo: eles se recusaram a abandonar a sua própria identidade, seja a individual ou a coletiva, aquilo que os faz ser reconhecidos como um povo.
A forma como eles sempre investiram no conhecimento como um guia para o saber coletivo é um exemplo e foi um fator importante para a manutenção da sua identidade. Então, se você se sente meio perdido, sem esperanças no mundo, não acreditando em si mesmo, não sabendo como definir a sua identidade, independente de quais sejam as suas crenças e a sua religião, tenho uma mensagem para você.
Lembre-se da história dos judeus, considere investir no conhecimento; na busca por exercitar o pensamento crítico sobre o que te cerca; acredite nas suas crenças, nos seus valores e na sua cultura, independente dos desafios, das opressões, do preconceito, do peso da vida, e não deixe que essas adversidades ditem a sua maneira de ver a vida, te impeçam de ascender e de voar.
Explore o mundo e deixe sua marca no coração das pessoas, espalhe as suas vivências e experiências, se reencontre e diga para todos, quem é você, assim como esse povo.
