Livro sobre a dinâmica de funcionamendo das unidades da Fundação Casa é lançado em SP
Da Redação | Imagem: Divulgação | Ilustração de destaque: Anais Quiroga
Muralhas com arame farpado, portões de aço, menções ao Primeiro Comando da Capital (PCC) cravadas pelas paredes, grades por todos os lados e postos de vigilância. Poderia ser uma prisão, mas esse é o cenário das Unidades de Internação da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA) , antiga Febem. Embora planejada para promover medidas socioeducativas às crianças e aos adolescentes que cometeram atos infracionais no Estado de São Paulo, uma série de medidas governamentais aplicadas se assemelham ao tratamento dispensado à população carcerária adulta.
Em seu livro, Fábio Mallart aborda a dinâmica de funcionamento das unidades de internação da Fundação CASA. Entre 2004 e 2009, Fábio ministrou oficinas de fotografia aos adolescentes que cumpriam medida socioeducativa de internação nos grandes complexos da instituição: Brás, Franco da Rocha, Raposo Tavares, Tatuapé e Vila Maria. Tendo como base tal experiência, o autor aborda o deslocamento institucional ao longo do tempo, mostrando como a dinâmica de funcionamento do sistema socioeducativo, progressivamente, se alinha à lógica de funcionamento do sistema prisional adulto. Tal simetria é simbolizada, entre outros traços, pela existência de determinadas unidades de internação conhecidas atualmente como cadeias dominadas, espaços institucionais nos quais os adolescentes orientam as suas ações de acordo com as políticas e princípios do Primeiro Comando da Capital (PCC). Para além disso, Mallart se debruça sobre as transversalidades existentes entre as unidades de internação, as periferias urbanas e as unidades do sistema prisional adulto, territórios que, atualmente, encontram-se na mesma sintonia.
Debate e lançamento do livro Cadeias Dominadas, de Fábio Mallart, no dia 27 de maio às 19h na Ação Educativa em São Paulo (Rua General Jardim, 660, Vila Buarque)
Participantes do debate: Vera da Silva Telles, professora do departamento de sociologia da USP; Flávio Américo Frasseto, Defensor Publico da infância e da adolescência; Bruno Paes Manso (mediador), jornalista e pós-doutorando (NEV/USP).