Brasil registra maior aumento de Emissões de Carbono em 19 anos

Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de GEE (SEEG) do Observatório do Clima, as emissões do país em 2021 aumentaram 12,2% em relação ao ano anterior.

A expansão do desmatamento na Amazônia é um dos principais responsáveis pelo crescimento da emissão de gases do efeito estufa (GEE) no Brasil. Entretanto, quase todos setores da economia demonstraram aumento de suas emissões, fazendo o país registrar a maior alta em quase duas décadas.

Por Fernanda Filiú

A derrubada de florestas na Amazônia, algo constante no governo Bolsonaro, representou um papel importante no aumento de emissões de gases do efeito estufa. Responsável por 77% das emissões por mudança de uso de terra e floresta, que emitiu mais de 1,18 bilhão de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) na atmosfera, o desmatamento amazônico se fez motor da alta das emissões brasileiras em 2021.

De 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente emitidas pelo Brasil, o desmatamento foi responsável por
1,18 bilhão de toneladas/Reprodução

Para além do cenário desolador na Amazônia Legal, todos os setores da economia acompanhados pelo SEEG também apresentaram um aumento de suas emissões no último ano. 

Analisando as liberações difusas de compostos orgânicos voláteis (VOCs), conhecidas como emissões fugitivas, e as emissões pela queima de combustível fóssil, o setor de energia, o maior emissor de gases de efeito estufa no mundo, registrou alta de 12,2% em emissões de GEE no Brasil. Em 2021, o país emitiu 435 milhões de toneladas de CO2, 45 milhões a mais que em 2020, representando o maior crescimento de emissões em quase 50 anos.

 A agropecuária foi apontada como um dos principais contribuintes das emissões de GEE no contexto brasileiro. Conforme o relatório do Observatório do Clima, o setor teve aumento de 3,8% comparado ao resultado anterior. A pecuária, principal fonte do ramo, apresentou altos níveis de liberação de gás metano, representando 79,4% das emissões.

Emitindo mais de 600 milhões de toneladas de gases do efeito estufa em 2021, o segmento agropecuarista
teve a maior emissão de sua história/Reprodução

O setor de Processos Industriais e Uso de Produtos também registrou aumento de emissões. Contabilizando as categorias de emissões de HFC’s (Hidrofluorcarbonos), da Indústria Química, de Produtos Minerais, da Produção de Metais, do Uso de SF6 (Hexafluoreto de Enxofre) e o Uso não Energético de Combustíveis e Uso de Solventes, o relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de GEE (SEEG) apontou avanço de 8,2% na liberação de gases do efeito estufa pelo ramo.

Já o setor de resíduos se mostrou estável. Em 2020, as emissões por efluentes líquidos e resíduos sólidos totalizaram 91.235.396 toneladas. Porém, em 2021, o segmento presenciou um pequeno decréscimo de aproximadamente 0,12% nas emissões de GEE, resultando em  91.121.526 toneladas desses gases.

Esperança para Dias Melhores?

Apesar do triste cenário climático que o Brasil vive, a participação do recém-eleito presidente, Luís Inácio Lula da Silva, na conferência climática das Nações Unidas, a COP27, reacendeu uma chama de esperança. O retorno do Brasil às discussões sobre o futuro do meio ambiente e do planeta já representa uma visível mudança de comportamento frente às crises ambientais por parte do próximo governo. Em seu discurso na área da ONU na COP27, este ano sediada no Egito, Lula ressaltou a importância de  derrotar o desmatamento e reverter a escalada do aquecimento, causada pelo excesso de emissões de GEE na atmosfera.

“Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável. De um mundo mais justo, capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada […] O Brasil já mostrou ao mundo o caminho para derrotar o desmatamento e o aquecimento global. Entre 2004 e 2012, reduzimos a taxa de devastação da Amazônia em 83%, enquanto o PIB agropecuário cresceu 75%”, afirmou o futuro presidente.

Assim, com esperança para dias melhores e uma política alinhada às urgências climáticas locais, como a necessidade da diminuição das emissões de gases do efeito estufa pelos setores econômicos do país, o Brasil terá chances de frear as tragédias ambientais que o espera e ressurgir como grande referência e aliado na luta pelo meio ambiente.

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