Brasil e Suas Cores: a arte como ferramenta de transformação social

É muito comum escutar dos próprios artistas como a arte tem o poder de transformar, mudar ou revolucionar não apenas a sua forma de ver o mundo, como também a sua própria vida. Mais do que escutar, pude ver esse lindo fenômeno se manifestando diante dos meus olhos, durante o Concerto da Orquestra da Grota na Sala Nelson Pereira dos Santos, no Reserva Cultural da cidade de Niterói, Rio de Janeiro.

Sara Pimentel

Sobre a Orquestra

     A Orquestra da Grota é composta por artistas formados, em sua maioria, pelo Espaço Cultural da Grota (ECG), projeto de inclusão social pela música com sede na comunidade da Grota do Surucucu, em Niterói. 

   Além de realizar concertos locais, o grupo já se apresentou nos Estados Unidos, Europa e América Central, sempre com programas ecléticos, que vão do popular ao erudito, refletindo a diversidade cultural do projeto.

 Orquestra da Grota se apresentando. 

“Brasil e Suas Cores”, o concerto

     Na apresentação, que ocorreu no dia 24 de agosto,  o grupo musical apresentou o terceiro concerto da série, intitulado Brasil e suas cores, que conta com nomes de compositores brasileiros como Chiquinha Gonzaga, Djavan e Guerra-Peixe. A apresentação iniciou com o vigor e a alegria da famosa marchinha de carnaval, “Ó Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga passando pelo choro com a consagrada “Tico tico no fubá”, de Zequinha de Abreu, pelo samba com “Corra e olhe o céu”, de Cartola e Dalmo Castelo, passando por clássicos nordestinos e fechando o show com “Preta”, de Beto Barbosa.

Diversidade na música e na inclusão 

Muito conhecida na cidade pela sua participação e contribuição com a inclusão social, a Orquestra da Grota se mostrou brilhante, não apenas na execução das músicas, como também no carisma em que recebeu o público. Pouco antes das apresentações começarem, eles comunicaram ao público que o arranjo de algumas músicas que seriam tocadas ali tinha sido feito por Kely Pinheiro, uma musicista que agora continuava seus estudos em um conservatório dos Estados Unidos. 

Mais do que em qualquer pessoa do público, era nítida a alegria no rosto de cada integrante, dos mais jovens aos mais experientes.

Nesse contexto, cabe destacar a relevância da produção artística, utilizando a Orquestra da Grota como um grande exemplo desse fenômeno social. É mais do que perceptível a importância da arte no contexto social brasileiro, já que ao juntar a expressão artística com a mobilização social, a população que se encontra às margens da sociedade é alcançada e ganha voz, vez e espaço para exercer seus direitos como cidadãos.

     É indiscutível a importância da presença da cultura, uma vez que essa traz inúmeras transformações para essas comunidades, como a visibilidade — em um cenário que a arte é limitada às camadas de maior poder aquisitivo — representatividade e a contribuição para diminuir preconceitos e estigmas ligados a essas populações.

    Sobretudo, ver a presença de jovens de comunidades — em sua maioria, negros — ganhando e conquistando espaço num grande centro cultural da cidade para levar cultura, entretenimento e acima de tudo, valores sociais é um verdadeiro feito que só a arte é capaz de proporcionar.

Orquestra da Grota agradece ao público o carinho e os aplausos. 

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