As conferências sobre mudanças climáticas: ainda dá tempo de virar o jogo?

Por Ana Carolina Nunes, Juliana Barreto e Laura Jungman, colaboradoras da Agência Jovem de Notícias

ARTIGO – Você já ouviu falar do Protocolo de Kyoto?  Ele é provavelmente o mais conhecido acordo ambiental. Mas você sabe qual a real importância dele? O que são as conferências de clima? O que você tem a ver com isso?

A preocupação da Organização das Nações Unidas (ONU) com essa temática não é de hoje. Desde 1972, ocorrem periodicamente conferências para tratar do impacto da ação humana no planeta. Provavelmente você já ouviu falar de algumas dessas, a Conferência de Estocolmo, a Conferência de Montreal, a Eco 92, Kyoto e a Rio +20 estão entre as mais famosas.

O produto final dessas negociações costuma vir na forma de protocolos, que oficializa o interesse das partes envolvidas em um objetivo comum. O Protocolo de Montreal (1987) é considerado uma iniciativa bem sucedida nesse sentido. Com o intuito de conter o avanço do buraco na camada de ozônio, conseguiu-se mobilizar os países a cessar as emissões do gás responsável por todo esse estrago (CFC para os íntimos, ou o gás que era usado em refrigeradores e aerosóis). Esse resultado foi possível principalmente por contar com a colaboração dos países mais industrializados e os principais responsáveis pela emissão do gás.

Entretanto, foi Protocolo de Kyoto que se tornou o grande paradigma nessa questão. Seu destaque está justamente no seu fracasso, a controvertida não-adesão dos Estados Unidos, o maior poluidor do planeta. Em Kyoto, o objetivo também era de reduzir a emissão de um gás (gás carbônico ou CO2, como preferir).  Se todo mundo havia cooperado em Montreal, por que não fazer o mesmo em Kyoto? Afinal, todos os países estavam preocupados com o bem comum e a qualidade de vida para todos… Estavam mesmo?

O problema é que o CO2 é um gás bem mais importante pro crescimento econômico e, quando se mexe no bolso, ninguém é mais tão bonzinho assim. Cortar emissões de CO2 significa alterar drasticamente o modelo energético atual, baseado em combustíveis fósseis, e ampliar a gama de energias renováveis limpas. Isso envolve custos e, principalmente, prejuízos para alguns das empresas mais importantes do mundo – petrolíferas e automobilísticas, por exemplo. O impasse nessas proporções pautou grande parte das negociações futuras e evidenciou o papel determinante dos interesses econômicos para as negociações ambientais.

A possibilidade de mudança

Há, no entanto, pesquisas que apontam que os efeitos das mudanças climáticas ainda podem ser evitados, ou no mínimo, mitigados. O desenvolvimento de formas de energia limpa, como solar e eólica, a preços mais acessíveis é uma das alternativas que se tem encontrado para lidar com esse impasse. Se essas formas de tecnologia continuarem a baratear, a relutância de governos e empresas diminuirá, e políticas mais favoráveis ao meio ambiente poderão ser adotadas.

A Rio+20 trouxe um retrato claro da situação atual das discussões sobre políticas ambientais: todos os agentes reconhecem a importância e urgência da tomada de ação, principalmente no que diz respeito à diminuição da emissão de gases estufa. Mas poucos governo comprometem-se a implementar mudanças concretas, ainda mais se elas confrontarem a condição econômica e política dos países. Um exemplo claro é o reconhecimento, dentro do documento final da conferência, de que a economia verde pode desempenhar papel importante na redução da pobreza. Apesar desse consenso, nenhum país saiu da discussão com a definição de como incentivar a economia verde e desestimular a economia “cinza”, predadora e poluidora. Para conhecer melhor o balanço da conferência, vale apena conferir o documento final “O Futuro que Queremos”.

O próximo encontro entre países para discutir mudanças climáticas será em novembro, na Polônia, quando acontece a COP 19. O comprometimento dos governos é peça-chave para que a questão das mudanças climáticas seja levada a sério e inclusa na estrutura política e econômica dos países. Para ajudar a formação desse compromisso, cabe à sociedade civil conhecer o que precisa ser feito e cobrar de seus governos que a sustentabilidade entre definitivamente na suas agendas.

Saiba mais:

Filme:

“A Era da Estupidez” (The Age of Stupid) – 2009, de Franny Armstrong

A história se passa em 2055, e o personagem, o ‘arquivista’ (Pete Postlethwaite), vive sozinho em um mundo devastado e utiliza seu tempo arquivando imagens do passado. Selecionando alguns desses vídeos, ele questiona por que a humanidade não tomou providências enquanto podia.

YouTube

Mudanças Climáticas: O que são? O que fazer?

Produzido pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, tem como objetivo aproximar as mudanças climáticas com os desafios que enfrentamos cotidianamente, apresentando depoimentos de especialistas que propõem soluções para os problemas apresentados. Clique aqui para assistir.

Texto:

A Mudança Climática em 2011: Governança Global Estagnada e o Novo Perfil do Brasil – Eduardo Viola e Matías Franchini. Clique aqui para ler.

Liderada por jovens, Engajamundo é uma organização que acredita no poder da juventude para superar os desafios contemporâneos. Por isso busca informar, capacitar e engajar os jovens brasileiros, tornando sua participação em negociações internacionais mais efetiva e inclusiva. A proposta é trabalhar com alguns dos temas mais importantes para a juventude, meio ambiente, gênero e desenvolvimento social, aproximando do cotidiano as decisões tomadas nas conferências internacionais. O Engajamundo está aberto a todos os jovens interessados em agir por um mundo mais participativo, inclusivo e sustentável. Entre em contato pelo e-mail engajamundo@gmail.com e curta nossa página www.facebook.com/engajamundo

 

 

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