Ano novo, governo novo. Vida nova?

Ainda no ritmo de Brasil de quem? Que Brasil nos aguarda para os próximos quatro anos?

Por Victoria Souza

Depois de quatro anos, o ministério do meio ambiente voltou. Depois de quatro anos, temos Silvio de Almeida e Anielle Franco assumindo ministérios estratégicos para minorias como eu, e provavelmente como você que está lendo. Depois de quatro anos, chegamos ao ano de 2023 e podemos dizer que sobrevivemos, e estamos tentando nos recuperar de um governo genocida, negacionista e que mostrou para o Brasil que o Brasil não conhece o Brasil.

Sim, continuaremos falando de política enquanto as pessoas não entenderem que é a política que nos norteia; sendo assim, não basta apenas falar e criticar, mas de fato, estudar e agir. 

Ainda esperançosa com a posse do governo eleito no dia 1º de janeiro de 2023, escrevo essa pergunta para refletirmos:

Será que o governo novo, traz de fato, resoluções novas, projetos novos, a tal da “reconstrução”, ou seja, vida nova para os brasileiros sedentos como nós por novidades (positivas)?

É claro que depois de quatro anos, as notícias anunciadas referentes à diversidade nos ministérios e projetos futuros soam como um respiro de alívio para quem estava com falta de ar durante muito tempo. Mas, eu sou uma pessoa mais contida nas comemorações e celebro com muito cuidado, porque sei o quanto podem ser frustrantes as decepções a que uma cidadã brasileira está sujeita. Desta forma, precisava compartilhar com vocês o quanto continuo ansiosa, com alguns receios do que será necessário fazer para atingirmos um ponto de equilíbrio e do quanto a situação do país pode exigir mais resiliência do que imaginávamos.

Os ataques à democracia continuam mais vivos do que nunca e, com certeza, foi ingenuidade da nossa parte acreditar que o resultado das eleições seria o suficiente para apagar todo um passado de retrocesso que vivemos: as pessoas ainda estão nas ruas “pedindo intervenção alienígena” e exigindo o tal do “código fonte” das urnas eletrônicas.

A ignorância tomou conta da mente dos brasileiros. E acreditar que voltar à ditadura é o melhor caminho me parece um roteiro de ficção de muito mau gosto, mas que infelizmente é real e tem o apoio de, incrivelmente, muitas pessoas.

Mas, calma leitor!

Continuo animada e esperançosa, mas sei que não será em apenas quatro anos que as mudanças surgirão. O dia 08 de janeiro de 2023 (talvez um dos mais vergonhosos de toda a nossa história), é o mais puro exemplo disso. Quatro anos parecem muito tempo, mas na verdade é pouco, se pensarmos pensando nas necessidades sociais represadas durante 4 anos anteriores, nas consequências da negligência de diversas políticas públicas e dos discursos de ódio amplamente divulgados impunemente.

Sabemos que nenhuma transição é fácil. A transição entre dois governos com ideologias diferentes, então, será bem difícil, uma vez que a população continua bem dividida e as questões sociais e econômicas requerem muita atenção após um período pandêmico, também.

Por enquanto, as notícias e perspectivas estão boas, estou lendo e ouvindo muita gente animada com as possibilidades de avanços em diversas áreas. A representatividade vista até aqui já é um começo e estamos sedentos por mudanças.

Mas, precisamos lembrar que o caminho ainda será cheio de desafios e que podemos vencer… se estivermos juntos! Sem direita ou esquerda, o Brasil precisa caminhar. Não podemos estacionar e esperar por milagres, o trabalho sempre foi mais coletivo do que individual. E independente de quem estiver nas cadeiras de deputados, governadores, senadores, presidente e ministros, o futuro do nosso país sempre foi nossa responsabilidade e interesse nosso.

E isso ficou bem nítido durante um dos momentos mais temidos por todos nós: a passagem da faixa presidencial. Quem imaginou que o momento que gerou mais curiosidade em todo mundo, seria um momento tão emocionante e com simbolismos do futuro possível que a gente sonha construir ainda no presente?

E já que escrevo para a Agência Jovem de Notícias, é muito importante ressaltar que pela primeira vez na história, a juventude negra e periférica estava na rampa do Palácio do Planalto, reafirmando para o país dividido que, como eu disse no início do texto, não conhece o Brasil, que essa juventude existe e precisa ser incluída de uma vez por todas nas políticas públicas. Na figura do garoto Francisco, todos nós jovens negros de Itaquera, São Miguel Paulista, Grajaú, Capão Redondo, Complexo do Alemão, Vidigal, Morro dos Prazeres entre outros lugares esquecidos pelos governantes, estávamos representados e neste momento torcemos para que dê tudo certo, independente da bandeira, do partido ou da figura política, e para que nosso país seja mais justo e equalitário.

 esse deveria ser o objetivo número 1 de qualquer governo: olhar e priorizar as pessoas. Enquanto isso não se tornar regra no nosso país e no mundo podemos sonhar, mas, ao mesmo tempo, fazer a nossa parte e trabalhar para que esse mundo saia da televisão – e do papel – e se torne realidade. Eu sempre acredito que investir na juventude é um dos caminhos possíveis para chegarmos lá. E você?

Ah, e para não nos esquecermos nunca:

Viva a Democracia!

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