A transversalidade cultural e social na programação do SESC Avenida Paulista
Por Carla Andrade e Paulo Tankian, da Agência Jovem de Notícias de São Paulo
Nos dias 29 e 30 de abril e 01 de maio, a Avenida Paulista ganhou mais um espaço cultural. Após 8 anos de reforma, a nova unidade do SESC foi inaugurada, trazendo uma programação diversa e mobilizando diferentes públicos. Além das principais temáticas da unidade – arte, corpo e tecnologia, a transversalidade cultural marcou a programação dos três dias de inauguração.
Segundo Emília Carminete, Assistente de Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC, independente das ações artísticas a programação foi pensada a partir dos valores que a nova unidade pretende apresentar ao público. Assim, Emília conta que desde o início pensou-se a ideia da pluralidade dos corpos, tecnologias e artes. “Quais são esses corpos, como é importante a gente trazer pra dentro do espaço do SESC esses corpos, não só como figuras artísticas ou como protagonistas dessas ações, mas também a partir deles a gente traz o público”.
Além da transversalidade da resistência a partir do eixo corpo, arte e tecnologia, Emília conta que a localidade também teve influência na programação. “O que significa a Avenica Paulista? Quais os valores que também reverberam nesse lugar? Num lugar onde a questão econômica está muito presente, é o lugar da economia de São Paulo, é o lugar do negócio, então quem participa desse processo e quem não participa desse processo?”
Diante de todas as contradições que representa a Avenida Paulista, a sensibilização do público para as diferenças guiou a programação, que de forma fluida e consistente pautou questões referentes à raça, gênero, sexualidade e imigração.
Incentivando a expansão da cultura indígena através da escrita, a atividade Caxiri na Cuia – Sarau Literomusical Indígena compartilhou com o público a literatura e música indígena, desconstruindo esteriótipos já estabelecidos. Para um dos realizadores da atividade, o Mestre em Antropologia, escritor e professor Daniel Munduruku, da etnia indígena mundurucu, as pessoas indígenas também são contemporâneas e interagem com a sociedade brasileira de acordo com os avanços sociais e tecnológicos. “Aprendemos a resistir, incorporando esses instrumentos na nossa arte, assim não sendo vistos como empeçilho na sociedade”.
Romper com estereótipos e propor espaços de discussão e experimentação ao público é justamente um dos objetivos da área de Diversidade Cultural do SESC. “A nossa batalha em termos programáticos é como a gente aproxima quem não está aproximado”, conta Emília.
O grupo Sambas Sociais, presente nos três dias de programação, trouxe como narrativa a música e a poesia como ferramentas para relatar e denunciar dores que são constantes e permanentes na história da população negra no Brasil. Para Naruna Costa, uma das realizadoras, ocupar espaços como o SESC é essencial. “Acho que hoje existe um movimento de disputa de território que é muito importante pra esse diálogo de resistência, não só acessar os espaços que não são nossos como pessoas negras, mas também pra essa população que não conhece essa outra população que é marginalizada”, conta.
Este texto é resultado da cobertura educomunicativa da inauguração do SESC Avenida Paulista, realizada por adolescentes e jovens do projeto Agência Jovem de Notícias e da Viração Educomunicação, em parceria com o Sesc São Paulo. A ação conta com a participação de doze adolescentes de toda a cidade, com o apoio de profissionais da Viração.