A tragédia anunciada na Sardenha: não deixemos de responsabilizar os culpados
Giorgia Foddis, da Agência Jovem de Notícias
Uma estranha coincidência esta que estou vivendo, uma sarda na Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas em Varsóvia. O evento é importante, existe urgência absoluta na ação, é preciso sensibilizar a população, fazer pressão sobre negociadores para que o aquecimento global possa ser freado, assim como os danos causados pela já comprovada mudança climática. Tudo isso enquanto um ciclone e fortíssimas chuvas atingem pela enésima vez a minha terra, causando mortos, feridos, desabrigados, destruição.
E ainda…
Acontece, então, que a triste história que está vivendo a Sardenha está recebendo a máxima atenção da mídia. Falou sobre ela a BBC, e enquanto eu almoçava na Food Court do National Stadium, também a CNN transmitia um noticiário de dois minutos com imagens que me fizeram perder o apetite. Na verdade, pensei, eu deveria estar contente com essa divulgação, pois ao menos a tragédia não passará despercebida.
E ainda…
Tantos escrevem e tentam explicar as causas dessa devastação. E então usam-se palavras como mudança climática e triste fatalidade, às vezes ao lado de pedidos vagos e genéricos sobre a necessidade de prevenção. A impressão que se tem é de impotência, de que não tenha sido possível fazer nada para evitar o desastre.
Não há espaço para a palavra “responsabilidade” nesses discursos, com exceção de raríssimos casos em nível regional.
É verdade, as chuvas foram muito intensas (cerca de 500mml, o correspondente à quantidade média de chuvas de um semestre). É verdade, os assim chamados eventos extremos já são frequentes e deverão ser ainda mais, como destacado pelo V Rapporto dell’IPCC. É verdade, é importante sensibilizar a população sobre o tema das mudanças climáticas. E ainda assim, tantos usam este argumento somente para se livrar da responsabilidade, para chamar de “emergência” aquilo que à essa altura já se tornou rotina.
Falemos do fato que, desde 1999, a Sardenha sofre grandes devastações, claramente definidas como “extraordinárias”. Refiro-me às tragédias de Capoterra em 1999, de Villagrande e da Baronia em 2004, e novamente de Capoterra e outras regiões vizinhas a Cagliari em 2008. Seria oportuno destacar que um desses locais, Poggio dei Pini, foi inteiramente construído dentro do leito de um rio, e que, apesar das inundações e devastações, o Plano Urbanístico Municipal (PUC) não foi modificado; que as cidades mais atingidas foram as primeiras a lutar contra as disposições do Plano de Assentamento Hidrogeológico (PAI); que as zonas mais atingidas são aquelas em que a super-urbanizaão do território é disfarçada de desenvolvimento do território (Arzachena, Olbia).
A verdade é que na Sardenha existem claros responsáveis por esse desastre e que toda a Itália é corresponsável por esses mortos. Porque as medidas de segurança do território, obra realmente de primeira necessidade, não está presente na agenda política nacional? Porque a cada segundo que passa se desmatam 8mq de solo, o que em 5 meses equivale a uma superfície igual à da cidade de Florença, de acordo com dados do Anuário Ambiental 2012 do Ispra? Por que 301 entre 377 cidades da ilha insistem em continuar sobre zonas de risco hidrogeológico? E por que, desde o orçamento de 2006/2007, elas não recebem um euro para fazer prevenção? Por que os fundos regionais disponibilizados para a defesa do solo e contra a instabilidade hidrogeológica, equivalentes a 1,5 milhões de euros, foram totalmente revogados pela Região poucos meses atrás? Por que a Sardenha ainda não é dotada de um Plano de Proteção Civil, embora seja obrigada a fazê-lo desde 1989?
Estas são as perguntas que contam, e que são importantes de serem enfrentadas nesse momento. A questão da mudança climática é urgente, mas temos que começar de baixo, agir com os meios que temos já à disposição, combater a inércia, a desonestidade, a especulação imobiliária, a gentrificação costeira, a perda de solo agrícola.
Vamos nos empenhar em amar a nossa terra, em compreender o que acontece em nível local. Vamos nos indignar e depois agir, abandonando a retórica e fugir da instrumentalização.
Não façamos o jogo dos culpados se realmente queremos que não haja mais cruzes sobre as quais chorar.
Versione in italiano
La annunciata tragedia in Sardegna: non deresponsabilizziamo i colpevoli
Giorgia Foddis dall’Agenzia di Stampa Giovanile
Una strana coincidenza quella che sto vivendo, una sarda alla Conferenza delle Nazioni Unite sui cambiamenti climatici a Varsavia. L’evento è solenne, vi è assoluta urgenza di agire, occorre sensibilizzare la popolazione, fare pressione sui negoziatori per far si che il riscaldamento globale sia limitato, che i maggiori danni dall’accertato cambiamento climatico siano limitati. Tutto ciò accade mentre un ciclone e intensissime piogge colpiscono per l’ennesima volta la mia terra, causando morti, feriti, sfollati, distruzione.
Eppure…
Accade quindi che la triste vicenda che sta colpendo la Sardegna riceva la massima attenzione mediatica. Ne ha parlato la BBC, e, mentre pranzavo nella Food Court del National Stadium, pure la CNN mandava in onda un servizio di due minuti con immagini che mi hanno fatto passare l’appetito. In fondo, penso, dovrei essere contenta della pubblicità che sta avendo, almeno la tragedia non passa inosservata.
Eppure…
In tanti scrivono, in tanti provano a spiegare le cause di questa devastazione. E allora ricorrono parole come cambiamento climatico e triste fatalità, a volte accostate a generici e deboli richiami alla necessità di fare prevenzione. L’impressione che si ha è che si sia impotenti, che non sia stato possibile fare nulla per evitare il disastro.
Non c’è ancora spazio per la parola “responsabilità” in questi discorsi, eccetto rarissimi casi a livello regionale.
È vero, le precipitazioni sono state intensissime (circa 500mml, corrispondente alla quantità media di precipitazioni di un semestre). È vero, i cosiddetti eventi estremi sono già più frequenti e sono destinati ad esserlo ancora di più, come sottolineato dal V Rapporto dell’IPCC. È vero, è importante sensibilizzare la popolazione sul tema del cambiamento climatico. Eppure, in tanti usano questo argomento solo per deresponsabilizzarsi, regolarmente si chiama “emergenza” ciò che ormai è divenuto ordinarietà.
E allora, parliamo del fatto che è dal 1999 che la Sardegna subisce grandi devastazioni, chiaramente definite tutte “straordinarie”. Faccio riferimento alle tragedie di Capoterra nel 1999, di quelle di Villagrande e della Baronia nel 2004, di quella di Capoterra e altre zone del cagliaritano del 2008. Sarebbe opportuno sottolineare che uno di questi paesi, Poggio dei Pini, è interamente costruito al centro dell’argine di un fiume, e che, nonostante passate alluvioni e devastazioni, il Piano Urbanistico Comunale (PUC) non viene modificato; che i comuni maggiormente colpiti sono i primi ad aver lottato contro i vincoli del Piano di Assetto Idrogeologico (PAI); che le zone più colpite sono quelle in cui la cementificazione del territorio viene scambiata per promozione del territorio (Arzachena, Olbia).
La verità è che in Sardegna ci sono dei precisi responsabili per questo disastro e che l’Italia intera è corresponsabile di queste morti. Perché la messa in sicurezza del territorio, prima vera opera necessaria, non è presente nell’agenda politica nazionale? Perché ogni secondo che passa si consumano 8mq di suolo, ovvero in 5 mesi una superficie pari a quella di Firenze, stando ai dati dell’Annuario Ambientale 2012 dell’ Ispra? Perché 301 su 377 comuni dell’isola insistono su zone a rischio idrogeologico? E perché dalla finanziaria del 2006/2007 questi non ricevono più un euro per fare prevenzione? Perché i fondi regionali stanziati per la difesa del suolo e contro il dissesto idrogeologico, pari a 1, 5 milioni di euro, sono stati interamente revocati dalla Regione pochi mesi fa? Perché la Sardegna non si è ancora dotata di un Piano di protezione civile nonostante sia obbligata a farlo dal 1989?
Queste sono le domande che contano e che è importante affrontare in questo momento. La questione del cambiamento climatico è epocale, occorre però iniziare dal basso, agire con i mezzi che abbiamo già a disposizione, combattere l’inerzia, il malaffare, l’abusivismo edilizio, la cementificazione costiera, la perdita di suolo agricolo.
Impegnamoci ad amare la nostra terra, a comprendere ciò che accade a livello locale, indigniamoci per poi agire, abbandoniamo la retorica, fuggiamo dalle strumentalizzazioni.
Non facciamo il gioco dei colpevoli se veramente vogliamo non vi siano più croci sulle quali piangere.