A natural força da vida
Esse dia não é algo em si, finito. Ele é um símbolo de uma história muito maior. De uma luta repleta de lágrimas, suor e sangue pela necessidade de ser quem se é.
Por Erik Martins
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Dia 17 de Maio. Um misto de sentimentos.
Para uns é sinônimo de alegria, festividades, e todas as cores que se possa ter. Para outros, reflexão, introspecção, e momento de rememorar tempos antigos que nos trouxeram até aqui.
Acredito que seja tudo isso e mais um pouco.
Este é o dia da luta contra a LGBTfobia, e isso se dá pois em 1990 a homossexualidade foi retirada da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), além da abolição do termo “homossexualismo”, que remete a uma patologia.
Isso, sem dúvidas, não foi totalmente inclusivo dada à diversidade de gêneros, sexualidades e expressões sociais, mas foi um grande começo. Data em que a natureza se reafirmou e fez com que as instituições criadas pelos Homens – e aqui faço questão de colocar no masculino e maiúsculo de forma jocosa – admitissem a pluralidade da humanidade.
Foi um início de uma normalização do que já deveria ser normalizado.
Mas esse dia não é algo em si, finito. Ele é um símbolo de uma história muito maior. De uma luta repleta de lágrimas, suor e sangue pela necessidade de ser quem se é.
Onde foi que nós erramos para que a norma virasse algo absolutamente arbitrário? Ou onde foram os erros, no plural?
E por mais importante que seja fazer essa reflexão, é interessante observarmos o poder da própria essência. Independente de todas as regras instauradas, todas as proibições à diversidade, toda repressão psicológica em torno da vida humana e seus desejos, florescemos. Não nos conformamos e tão natural quanto uma semente, nos firmamos, crescemos, germinamos e desabrochamos em belas e diversas formas da natureza.
É bonito, mas não foi fácil. Por isso é sim um dia para nos lembrar de nossas antecessoras e nossos antecessores, aquelas pessoas que tomaram a coragem lá atrás para levantarem suas vozes contra um sistema repressor e assassino e falaram: eu sou quem eu sou, e eu tenho direito ao amor sim!
Bravos ancestrais que lutaram para ter a vida que mereciam ter. Tantos pagaram preços altíssimos, mas sem desistir da vida que insistia em aquecer seus corações e se expandir para todos os lados.

E a essas pessoas somos gratos. Por nos trazerem até aqui, até essa data que é representação dessa força de viver na mais pura verdade a si. É graças a essas pessoas que hoje estamos aqui e temos o direito a nossa identidade e a ocupar os espaços que merecemos.
E por isso mesmo também é dia de celebrar. Por tanto tempo, tantas batalhas, hoje estamos aqui e podemos amar. Então festejamos a vida que corre em nossas veias e aquece os corações, se expandindo e iluminando todos os cantos.
Mas não nos encantemos com miragens. Qualquer luta gera marcas. E por mais que cicatrizadas, elas estão lá, presentes e contando as histórias que as originaram.
A luta entre o ser e o conter gerou traumas que não podemos mensurar, até mesmo em nossa própria comunidade.
E a vida se torna menos simples. Com irmãos e irmãs reprimidos, que não aceitam para além deles mesmos, com outras pessoas que não sabemos se são aliadas ou não. E quando pautas de grupos minorizados se encontram então…Vemos a mistura de racismo com machismo, bifobia no próprio meio LGBTQIA+, transfobia como se fosse a fala mais coerente e sensata… Os preconceitos são diversos.

E é por isso mesmo que devemos rever a nós mesmos constantemente. Não somos centro de um mundo, somos parte dele. Com todas as nossas características que nos assemelham e nos diferenciam dos outros membros de nossa comunidade.
E é tão necessário quanto em outros tempos que nos apoiemos. Devemos ser suporte a nossa comunidade e não nos atacar, pois de violência já estamos fartos. Zero era o limite, mas extrapolou a níveis incalculáveis.
E a quem não é LGBTQIA+, um pedido: empatia. Pois todos sofremos e podemos ser subjugados, independente de quem sejamos. Ao invés de atacar, ouvir e acolher. E somar, ser aliado e não opositor. Podemos construir um mundo tão melhor, se ao menos fizermos isso, muito se resolverá em sequência.
Porque, como costumo dizer, não retrocederemos. É sobre isso também essa data. O gosto da liberdade.
Quem se percebe e aos próprios desejos de ser e de amar não retrocede, pois descobre um poder libertador. Descobre a vida!
Então sim, essa data é sobre refletir, mas também é sobre comemorar. E sobre muito mais e tudo que há, pois é sobre a vida e o direito de se viver a própria vida.
E quem compreende e sente a si, não retrocede. Mas ao contrário, expande amor!
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1 Comment
Passados esses 31 anos, percebo que ainda houve pouco progresso na temática, apenas com Urologistas buscando voltar-se a Andrologia (Saúde do Homem: examinando pênis, testículos e próstata)! Mesmo assim, com protocolos urologicos ultrapassados, sendo ainda poucos médicos que aderiram a massagem prostática (necessária) para limpar os dutos em que vai se acumulando resíduos de semem, a cada relação sexual, prevenindo a inflamação da glândula! Até o Andrologista que me atendeu disse que há diferença de orgasmo e ejaculação fisiológico em relação ao conjugal, diferença que possibilitou maridos a perceberem que sem a psique (apenas com o toque nos exames) os órgãos deles são sadios (“funcionam”). Assim como a ereção ser despertada quando encontramos pessoas que nos despertam atração, gerando o popular “pingo na cueca” (gozo espontâneo)! Quando percebi a ereção do médico, ainda pensei será que o alegado tabu atribuído aos pacientes, por breve toque para mensurar volume da próstata, na prática não seja tabu, para maioria dos médicos, que teimam em não descer do armário? Afinal, geralmente são os bissexuais e homossexuais, observadores se outro homem está ou não com ereção!