AJN na Conferência da ONU sobre o clima
Jovens de oito países são mobilizados para a cobertura educomunicativa.
Por Francesco Loss – Agenzia di Stampa Giovanile.
Cerca de 30 pessoas, vindas de 8 países diferentes – Brasil, Colômbia, Argentina, Costa Rica, Itália, Espanha, Portugal e Armênia – estão na 25ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP 25) e na Cumbre de los Pueblos, que se realizam de 2 a 13 de dezembro em Madrid (Espanha), compondo o time da Youth Press Agency, nossa versão internacional. Esta é uma experiência especial que atingiu este ano a sua oitava edição.
A mobilização de jovens vindos de diferentes países do mundo para a cobertura educomunicativa das COPs é uma das atividades principais do projeto Youth Press Agency, promovido pela Viração Educomunicação no Brasil, Climalab na Colômbia e Viração&Jangada na Itália. Neste ano, essa ação se tornou possível por meio do patrocínio da Ashoka Espanha.

A COP25 e a Cumbre de los Pueblos vão contar com cerca de 25 mil participantes. Entre os quais, negociadores e diplomatas dos 195 países membros do Acordo de Paris, delegados de multinacionais e observadores de ONGs e movimentos sociais.
A conferência da ONU estava prevista para acontecer em Santiago (Chile), mas foi alterada para Madrid após o presidente chileno Sebastián Piñera cancelar o evento em razão da instabilidade no país – que está vivendo uma onda de protestos por parte de uma sociedade civil cada vez mais afetada pela crise social e econômica.
Juventude à frente da pauta das mudanças climáticas
Em Madrid, os jovens repórteres também participaram da Conferência da Juventude (COY15), um espaço onde a juventude troca experiências e conhecimento acerca das mudanças climáticas, cria novas redes e movimentos, desenvolve ideias criativas e prepara-se para desempenhar um papel ativo nas COPs. Esta aconteceu entre 29 de novembro e 1 de dezembro.
Foi pelo olhar da juventude sobre as mudanças climáticas que a ideia para criar o movimento global “Fridays for Future” nasceu no ano passado. A jovem sueca Greta Thunberg, de 16 anos, deu início a este movimento popular quando, ao longo de três semanas, protestou contra a inércia dos tomadores de decisão em relação às mudanças climáticas e compartilhou suas ações no Instagram e no Twitter. Iniciou-se ali um movimento de mobilização que culminou na greve pelo clima que reuniu quase 1,5 milhão de estudantes de mais de 100 países em 15 de março de 2019. As hashtags #FridaysForFuture e #Climatestrike se espalharam pelo mundo e muitos estudantes e se uniram ao movimento.
Em ambos os eventos, o principal objetivo da delegação jovem é descrevê-los do ponto de vista da juventude, através da produção de artigos, fotos, vídeos e performances teatrais.
As produções feitas pelos jovens estão sendo publicadas no site, Facebook e Instagram da Youth Press Agency. Além disso, podem ser encontradas em italiano no Facebook, Instagram e site da Agenzia di Stampa Giovanile, em português neste site, no Instagram e Facebook da Agência Jovem de Notícias e em espanhol no site, Instagram e Facebook da Agencia Joven de Noticias. Também estão nos meios mais tradicionais, como jornais locais e nacionais, rádios e revistas.
A importância da conferência em Madrid
O estudo mais recente emitido pela Organização Mundial de Meteorologia sobre gases de estufa mostra que, em 2018, a concentração média global de CO2 atingiu o valor recorde de 407,8 partes por milhão. No ano anterior, a concentração ficou por volta das 405,5 partes por milhão. O aparente interminável crescimento das emissões de CO2 traduz-se “num impacto das alterações climáticas cada vez mais sério, com aumento das temperaturas e do nível da água do mar, eventos extremos, perturbação da água e dos ecossistemas terrestres e marinhos”, dizem os peritos.
A COP 25 tem uma grande importância. É esperado que as delegações de todos os países elaborem as regras e condições que devem reger o Acordo de Paris quando o mesmo for aplicado, em 2020. Os negociadores têm de definir objetivos mais ambiciosos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, de modo que sejam cumpridos os acordos e, ainda mais importante, conter o crescimento da temperatura global dentro do limite de +2°C, em relação à temperatura média da era pré-industrial.
Isso aparenta ser um desafio cada vez mais urgente – que ainda não se desenvolveu o suficiente na transição necessária para uma economia e sociedade livre de carbono, não obstante o fato de que o aquecimento global está se agravando e os seus efeitos no planeta e na população se intensificando.