5 autoras negras que você precisa conhecer
Geovana Nogueira, Júlia Cavalcante e Thamires Jabbur
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O mercado editorial brasileiro segue majoritariamente masculino e branco. Autoras pretas brasileiras ainda são pouco publicadas por grandes editoras, seja nas obras literárias de ficção ou de não-ficção. A falta de espaço em grandes editoras e o racismo institucional que desvaloriza a produção intelectual da população preta são alguns dos motivos para a menor presença da literatura preta em estantes e livrarias.
Pensando nisso, indicamos 5 autoras negras que são grandes representantes da nossa história para você conhecer:
1. Conceição Evaristo

Maria da Conceição Evaristo de Brito, nasceu em Belo Horizonte/MG em 1946 e reside no Rio de Janeiro desde 1973. Formou-se em Letras (Português-Literaturas) pela UFRJ. É mestre em Literatura Brasileira pela PUC/RJ e doutoranda em Literatura Brasileira Comparada.
Esteve como palestrante, em 1996, nas cidades de Viena e de Salzburgo/Áustria, falando sobre literatura afro-brasileira. Teve diversas participações em Cadernos Negros. Seu livro Olhos d’Água foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti de 2015 na categoria “Contos e Crônicas”.
2. Miriam Alves

Miriam Aparecida Alves, nasceu em São Paulo e começou a escrever aos onze anos, depois que comprou sua primeira máquina de escrever aos dezoito. Formou-se em Serviço Social e trabalhou como assistente social na cidade de São Paulo. Seus escritos cobriram principalmente questões de raça e gênero, incluindo o padrão de beleza europeu no Brasil e o papel das mulheres na construção social.
Foi inaugurada na Escola Municipal Professora Miriam Alves de Macedo Guimarães em março de 2016. É bacharel em serviço social pelas Faculdades Metropolitanas Unidas. Escritora visitante na universidade do novo México e na Escola de Português de Middlebury College, EUA, ministrou os cursos de Literatura e Cultura Afro-brasileira. Suas poemas e contos fazem parte da série Cadernos Negros do volume cinco ( 1982) até o volume 34 ( 2011) e depois no 40 (2017).
3. Esmeralda Ribeiro

Esmeralda Ribeiro é jornalista, escritora, e pesquisadora da literatura afro-brasileira. É integrante, desde 1982, do Quilombhoje Literatura. Tem trabalhos publicados em 35 antologias no Brasil e no exterior. Sua atuação, no sentido de incentivar a participação da mulher negra na literatura, tem sido constante.
Apesar de não ser uma das fundadoras da série Cadernos Negros ou do grupo Quilombahoje, há vinte anos tem, junto com Marcio Barbosa, organizado e editado a série coordenado o grupo; dois projetos que tem tido resultados gratificantes. Idealizou, junto com Vera Lúcia Barbosa, o ‘’Sarau Afro Mix” e também concebeu o “Xirê da Palavra & Poesia Afro”. É autora do livro Mulangos &Milongas ( conto) e coautora do livro Gostando Mais de Nós Mesmos, sobre autoestima e questão racial, dentre outros.
4. Djamila Ribeiro

Djamila Taís Ribeiro dos Santos, nasceu em 01 de agosto de 1980, em Santos, no litoral paulista. A caçula de quatro irmãos, filha de um estivador e de uma dona de casa comunistas cresceu em berço político, iniciou o contato com a militância ainda na infância, frequentando protestos.
Filósofa, escritora, ativista dos diretos humanos e feminista brasileira, Djamila se tornou uma das principais vozes no combate ao racismo, com coragem e conhecimento, ela mostra por que a luta contra a discriminação deveria ser prioridade para todas nós. Segundo ela, o empoderamento dos movimentos negro e feminista é resultado de um “trabalho histórico, que vai ganhando mais resultado à medida que as pessoas vão adquirindo mais consciência”. Djamila fala do feminismo e das nossas dores, da dor da mulher negra, e ela é uma pessoa que representa muito.
A partir da educação recebida em casa, sua carreira seguiu em direção aos estudos de gênero e raça. Aos 18 anos, Djamila entrou em contato com a Casa da Cultura da Mulher Negra, organização não governamental feminista e antirracista de Santos, onde conheceu a obra de autoras importantes, como Carolina Maria de Jesus, Toni Morrison, Sueli Carneiro, Jurema Werneck, entre outras.
A filósofa santista participa constantemente de eventos, documentários e debates que envolvem os temas de gênero e raça. Além disso, é uma presença marcante nas redes sociais, com dezenas de milhares de seguidores em suas redes. Enxerga na internet uma ferramenta importante para construir espaços a serem ocupados por mulheres negras, comumente inviabilizadas pela mídia tradicional.
5. Sueli Carneiro

Aparecida Sueli Carneiro nasceu na Zona Norte de São Paulo em 1950, uma das três filhas de uma mãe costureira e um pai ferroviário. Já muito cedo, na pré escola, tem contato com o racismo perverso incrustado na sociedade. Em 1971 ingressa no curso de Filosofia da Universidade de São Paulo, onde se aproxima da militância antirracismo.
No decorrer de sua trajetória acadêmica, Sueli publicará obras de importância inominável para a sociedade civil: Mulher negra (1995), Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (2011) e Escritos de uma vida (2018). Além disso, militou em diversos coletivos, começando com o Centro de Cultura e Arte Negra e culminando com o de sua própria criação, o Géledes: Instituto da Mulher Negra – primeira organização negra e feminista independente de São Paulo.
A autora é responsável também pela criação do um plano específico para a juventude negra, o Projeto Rappers, para jovens vítimas de repressão policial.
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Geovana Nogueira, Júlia Cavalcante e Thamires Jabbur são virajovens de São Paulo. Participam do projeto Geração que Move e participaram da construção da edição nº 117 da Revista Viração – Manifesto Antirracista.